Datos del trabajo


Título

PERCEPÇAO DE EQUIPES DE SAUDE DA FAMILIA SOBRE SAUDE, AMBIENTE E TERRITORIO

Introdução

A saúde ambiental é um importante campo de conhecimento da saúde pública que vem se destacando nas últimas décadas devido às diversas questões complexas que permeiam as relações entre as condições e os fatores ambientais, o território, a saúde e a qualidade de vida humana. Na atual conjuntura mundial, torna-se imprescindível a adoção de práticas transdisciplinares em saúde ambiental que integrem o serviço, a comunidade e a universidade durante a formação dos profissionais de saúde. Tais medidas devem abrir espaços para que as equipes de saúde tenham entendimento crítico das condições de vida, ambientais e de trabalho e da forma que estas influenciam no processo saúde- doença no território e adotem ações de educação ambiental e popular em saúde nos espaços comunitários.

Objetivos

Conhecer a percepção de equipes de saúde da família de um município da baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro sobre questões de saúde e ambiente relacionadas aos territórios locais.

Método

A investigação-ação foi realizada por meio da aplicação das técnicas fotovoz e grupos focais com profissionais de duas Unidades de Saúde da Família do município de Casimiro de Abreu, Rio de janeiro e graduandos bolsistas de enfermagem da Universidade Federal Fluminense, campus Rio das Ostras, totalizando 28 participantes (16 profissionais e 12 alunos) durante o período de fevereiro a maio do ano de 2017. Nos grupos focais os participantes puderam expor suas justificativas sobre cada foto exposta e, em seguida, assinalaram em um painel suas opiniões e impressões. Após análise das fotos, o grupo escolheu apenas um problema ambiental prioritário. Uma análise estrutural dos problemas priorizados pelas comunidades esquematizou a relação causa-efeito-intervenção com base no Protocolo para Avaliação Comunitária de Excelência em Saúde Ambiental. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo na modalidade temática. Esse estudo está vinculado ao projeto de pesquisa intitulado Educação Ambiental e Enfermagem: Caminho para a ética, a sustentabilidade e a promoção da saúde pelo Programa de Educação Tutorial do Ministério da Educação, que foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Pesquisa da Universidade Federal Fluminense sob o parecer número 1.934.809 em Fevereiro de 2017.

Resultados

Os resultados sobre os problemas locais de saúde e ambiente percebidos como prioritários pelos participantes foram categorizados em: Fatores condicionantes de políticas públicas; fatores condicionantes individuais e coletivos; estado de saúde ambiental e possíveis intervenções. Os profissionais notaram que se tratando de gestão pública, há falta de investimentos na ampliação da oferta de serviços públicos relacionados ao saneamento (coleta regular de lixo, esgoto sanitário e tratamento de água). Os participantes de ambas as comunidades também informaram sobre o baixo nível de escolaridade e o baixo nível socioeconômico da maior parte das populações locais como fatores individuais/ coletivos que influenciam na percepção e nas atitudes populares para a busca da minimização dos riscos ambientais locais que impactam na saúde humana. Em Barra, o estado de saúde ambiental analisado foi: Risco elevado de doenças virais causadas por artrópodes (Dengue, Zika e Chikungunya); Exposição a verminoses por contato direto com o solo contaminado; Risco de criptococose; Risco de acidentes, quedas, por problemas de infraestrutura e ausência de pavimentação nas ruas. Em Rio Dourado, houve percepção analítica sobre risco elevado de doenças infectoparasitárias, Risco elevado de doenças crônicas como neoplasias, doenças respiratórias, e risco de poluição do Rio Dourado e dos mananciais da serra de Casimiro com consequente redução da disponibilidade hídrica local. As possíveis intervenções sugeridas foram: necessidade de fiscalização pelos órgãos municipais, estaduais e federais para monitoramento do aspecto bacteriológico, parasitário, físico-químico e toxicológico da água de nascentes, rios e poços para consumo; ampliação do investimento público na melhoria da condição ecológica dos rios, a partir da canalização das águas pluviais e drenagem das águas que deságuam nos rios com limpeza e medidas de controle de lançamentos de dejetos humanos para proteção das águas subterrâneas; Necessidade de organização e liderança comunitária; Necessidade de organização e participação social nos espaços de tomada de decisão (conselhos e conferências de saúde e meio ambiente) sobre as questões de água e esgoto; Necessidade de ações de educação popular socioambiental para aumentar o nível de conhecimento das comunidades e capacitá-los para a vigilância em saúde local e notificação aos órgãos públicos responsáveis nas diversas instâncias federativas.

Considerações Finais

Conclui-se que a preocupação da maioria dos profissionais das equipes de saúde da família estava relacionada ao problema do saneamento ambiental inadequado e seus riscos à saúde das comunidades locais. Ademais, as práticas profissionais não estavam direcionadas para a realização de ações de promoção da saúde e medidas mitigatórias que contemplassem a minimização deste problema ambiental e há lacunas de conhecimento dos profissionais sobre a complexidade dos problemas locais. Este fato revela a necessidade da realização de atividades de educação permanente que contribuam para o empoderamento de profissionais da Estratégia Saúde da Família sobre questões contemporâneas de saúde, ambiente e sustentabilidade que perpassam as vulnerabilidades ambientais e as demandas de saúde nos territórios locais.

Palavras Chave

Area

Ambiente e Saúde

Autores

Marcela de Abreu Moniz, Layla Corrêa Linhares, Ingrid da Silva Souza, Joana de Andrade Nobre Ferraz, Karim do Val Alonso, Mayara Pacheco da Conceição Bastos, Raila Neumann Pacheco, Beatriz Cabral Ledo