Datos del trabajo


Título

BANCO DE LEITE HUMANO: POSIÇAO DE PROFISSIONAIS E GESTORES DE UM HOSPITAL UNIVERSITARIO

Introdução

Apesar das evidências científicas que indicam a superioridade do leite humano (LH) comparado a outras formas de alimentação do recém-nascido (RN), resultados de pesquisas apontam que a maioria das crianças brasileiras não são amamentadas pelo tempo recomendado. Devido aos avanços tecnológicos da saúde, os RN de muito baixo peso sobrevivem, porém a nutrição deles continua sendo um desafio. As evidências sustentam que o LH da própria mãe seja o alimento ideal, tanto pela maior concentração de proteínas e calorias, quanto pelos fatores imunológicos. Entretanto, garantir a oferta de LH para o RN prematuro configura um desafio para a equipe de saúde, visto que a internação nem sempre favorece o aleitamento materno (AM) por promover o afastamento entre mãe e filho, comprometendo a produção de leite. No âmbito hospitalar, diversas estratégias foram implementadas com o objetivo de valorizar o AM, inclusive de prematuros nas unidades neonatais, dentre elas a implantação e funcionamento de Bancos de Leite Humano (BLH). Há evidências de que a abertura de um BLH garante a oferta de LH de doadoras como a primeira alimentação aos RN prematuros em uma unidade neonatal, na impossibilidade de oferecer leite da própria mãe. Entretanto, constatou-se que no RS, entre 2009 e 2013, mais da metade dos nascimentos prematuros aconteceu em municípios do que não possuem BLH, influenciando sobremaneira no recebimento de LH de suas próprias mães; o que aumenta a possibilidade de alimentação com leite artificial. Além disso, a manutenção da lactação pode estar prejudicada, visto que não existe um serviço especializado em estimular o AM, coletar e armazenar o LH. Há no Brasil 220 BLH, sendo apenas 10 no RS.

Objetivos

1) conhecer a posição dos profissionais de saúde e gestores da área materno-infantil quanto a implantação de um BLH em um Hospital Universitário e, 2) discutir estratégias para sua implantação.

Método

Estudo misto, do tipo Pesquisa Participante. Foi aplicado um questionário direcionado aos profissionais de saúde, o que permitiu conhecer a posição desses quanto à implantação de um BLH em um HU. A população totalizava 140 profissionais de saúde, dos quais quatro não atenderam aos critérios de inclusão (2,9%). Da população elegível, 136 profissionais, houve 17 recusas (12,5%). A população pesquisada foi de 119 profissionais de saúde da área materno-infantil do Hospital Universitário, lotados nas unidades de UTIN e/ou Alojamento Conjunto, os quais também atuam no centro-obstétrico. O instrumento utilizado foi produzido para esta pesquisa a partir das normativas da REDE BLH-BR. A escala psicométrica do tipo Escala de Likert com cinco graus. Os dados foram armazenados no Epi-Info®, versão 7.0, com dupla digitação independente para garantir a exatidão dos dados. Após a verificação de erros e inconsistências, os dados foram analisados. A escala foi transformada em valores de 0 a 100%, sendo o discordo plenamente igual a 0% e o concordo plenamente igual a 100%. As respostas inferiores a 75% foram classificadas como “posição não favorável da necessidade de implantação de um BLH”, e as iguais e superiores a 75% como “posição favorável”. O tratamento dos dados foi realizado por meio da estatística descritiva. Os resultados desencadearam as discussões na segunda fase, desenvolvida nos meses de agosto a novembro de 2016, com Grupo Focal, composto por 12 representantes de profissionais e gestores. Além da coordenação, composta por uma moderadora (orientadora da pesquisa) e duas observadoras (autora da pesquisa e estudante de pós-graduação do grupo de pesquisa), preparadas por meio de grupo de estudo temático e metodológico e orientações coletivas. O grupo se reuniu em quatro sessões e cumpriu com o objetivo de discutir as facilidades e as dificuldades para a implantação do BLH, as estratégias e os encaminhamentos. A escolha pelo ambiente para a realização dos encontros foi acordada com os participantes do GF durante o recrutamento, que indicaram o interesse em se reunir no próprio HU, principalmente devido à facilidade no acesso. A condução da discussão grupal seguiu um método semiestruturado, com guia de temas previamente delineado. As transcrições foram submetidas à análise de conteúdo. Pesquisa aprovada pelo CEP/UFSM sob parecer: 1.387.356.

Resultados

94,96% (n=113) dos respondentes percebem como necessária a implantação de um BLH, apontando menos concordância quanto as condições de infraestrutura e recursos humanos. Estes resultados foram disparadores para as discussões no grupo focal. Os dados produzidos nas sessões culminaram em duas categorias: a) Benefícios da implantação; b) Potencialidades e fragilidades para implantação. Os benefícios contemplam tanto a população (mãe-filho e outros recém-nascidos que serão beneficiados) quanto a instituição (reconhecimento como referência em gestação de alto risco e promover a humanização da assistência a puérpera e ao recém-nascido), contribuindo na assistência e no ensino, ampliando os recursos financeiros cedidos pelo Estado e pela União. Portanto, O BLH exerce não apenas a função de coleta e distribuição de LH, mas também a de fortalecimento do AM, gerando um efeito protetor na expectativa de vida dos RN. O que indica seu benefício para sociedade, rompe os muros institucionais para a comunidade. Dentre as potencialidades para implantação do BLH: abrangência do hospital, organização institucional; e quadro de pessoal. Dentre as fragilidades para sua implantação, os participantes apontaram: recursos de infraestrutura; apoio dos gestores; recursos humanos e financeiros. Portanto, as potencialidades relacionadas à instituição apontam a viabilidade de fortalecer aquilo que se reconhece como fragilidade para sua implantação. Assim, será fundamental que gestores e profissionais de saúde compreendam a importância do BLH visto que o apoio institucional é a alavanca para modificar arestas que tangem a melhoria do atendimento.

Considerações Finais

Implantar um BLH em uma Universidade Federal amplia as possibilidades para formação de profissionais mais qualificados, capacitando-os acerca do manejo do AM. A estratégia articulada entre ensino e serviço, contemplando a gestão e a assistência, revela empenho político, inclusive de humanização. Este comprometimento social deve estar pautado nos direitos sociais e nas políticas públicas que asseguram a saúde materno-infantil, garantindo benefícios tanto aos usuários quanto aos profissionais e comunidade acadêmica.

Palavras Chave

Banco de Leite Humano. Aleitamento Materno. Saúde Materno-Infantil.

Area

Alimentação e Nutrição

Instituciones

UFSM - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Flávia Pinhão Nunes Souza Rechia, Daiani Oliveira Cherubim, Polyana Lima Ribeiro, Stela Maris Mello Padoin, Cristiane Cardoso Paula'