Datos del trabajo


Título

PERCEPÇAO DE RISCOS AMBIENTAIS E COMUNICAÇAO SOBRE VIGILANCIA E PREVENÇAO DA INFECÇAO PELO VIRUS ZIKA E DA DENGUE

Introdução

O cenário brasileiro carece de propostas científicas inovadoras que valorizem e estimulem o compromisso e o engajamento de diferentes atores sociais em ações de vigilância e controle social de determinantes ambientais da saúde e de situações de surtos e epidemias de doenças e agravos à saúde. O desconhecimento da existência e comportamento dos sorotipos virais circulantes no país, da resposta e magnitude das possíveis manifestações neurológicas e da microcefalia em decorrência da infecção pelo Zika e a magnitude da situação epidemiológica dos casos de Dengue demandam um estado de alerta por parte de toda a sociedade. O conhecimento adequado da população e dos profissionais da Estratégia Saúde da Família sobre infecção pelo Vírus Zika e da Dengue poderá contribuir para a adoção de ações de prevenção e vigilância de riscos ambientais locais relacionados à proliferação vetorial, de manifestações clínicas suspeitas e de morbidades correlacionadas que colaborem com a gestão dos setores de saúde e ambiente para controle destas doenças.

Objetivos

Caracterizar, de modo participativo, cenários de riscos ambientais e desenvolver ações de comunicação popular e educação permanente sobre prevenção e vigilância de casos de infecção pelo vírus Zika e da Dengue em um município da região de baixada litorânea do Estado do Rio de Janeiro.

Método

De abordagem participativa, a pesquisa-ação utilizou as técnicas de fotovoz e WorldCafé. Participaram 09 moradores e 19 profissionais de saúde das Unidades de Saúde da Família Santa Terezinha e Rio Dourado do município de Casimiro de Abreu, Rio de Janeiro, totalizando 28 participantes e 05 alunos. Os dados qualitativos receberam tratamento de análise temática de conteúdo. A avaliação sobre a adequação dos objetivos, da organização e da motivação da estratégia comunicativa foi realizada ao final de cada encontro por meio da aplicação de um questionário. Apenas 6 participantes não puderam responder tal instrumento. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal Fluminense em outubro de 2016 sob o parecer de número 1.908.992.

Resultados

O processo participativo incluiu a realização de reuniões e encontros para seleção e aceitação dos participantes, explicação sobre o projeto, orientação e execução das técnicas de fotovoz e worldcafé. Nesta etapa, houve orientação para que os participantes fotografassem 2 cenas do ambiente por participante que se caracterizassem em riscos ambientais para a infecção pelo Zika e Dengue. Em seguida, houve intervalo de 1 mês e retorno das fotos, que foram analisadas, escolhidas e reveladas pelos alunos bolsistas do projeto. Em um momento agendado, houve a realização do worldcafé com divisão do grupo em 3 subgrupos e escolha de um porta-voz em cada um; colagem e construção dos painéis com fotos; Leitura da questão “Na foto, qual é o fator ambiental determinante das doenças: Dengue e Zika?” para ser discutida e respondida por cada subgrupo; Troca de um porta-voz entre os grupos; Nova discussão dos painéis; Emissão de opinião de cada grupo e aglutinação de todos os painéis; Apresentação por escrito pelo moderador de novas perguntas: “Como é transmitida a infecção pelo vírus Zika?” “ Como é transmitida a Dengue?” “Como suspeitar um caso de Zika?” “Como suspeitar um caso de Dengue?” para reflexão e resposta por cada subgrupo; Nova discussão entre os subgrupos e síntese das respostas; Orientação do moderador sobre informações da literatura; finalização da discussão e agradecimento pela participação.
A percepção dos participantes em ambas as comunidades é que o lixo doméstico acumulado e a presença de focos de água parada em áreas públicas proporcionam um ambiente para proliferação de insetos, vetores e roedores causadores da infecção pelo vírus Zika e da Dengue. O fator pessoal como a falta de conscientização ambiental e o fator institucional de ausência da oferta do serviço público para coleta regular do lixo doméstico nos bairros do município também foram elencados como determinantes para o risco de desenvolvimento destas doenças. Notou-se ainda, conhecimento inadequado de todos os moradores e de alguns profissionais de saúde nas duas áreas de estudo sobre o agente transmissor da doença, formas de transmissão, possíveis manifestações neurológicas tardias e da microcefalia relacionadas à infecção pelo vírus Zika, complicações agudas referente à dengue, aspectos clínicos diferenciais entre casos suspeitos destas doenças e de outras arboviroses como a febre do chikungunya e a febre amarela e sinais de alarme. Em relação à organização da estratégia comunicativa, os participantes informaram que o processo foi adequadamente explicado, o título era atraente e o material e os recursos didáticos estavam adequados. Quanto à motivação, grande parte (20) dos participantes respondeu que o processo educativo foi capaz de causar impacto, motivação e interesse sobre os temas abordados.

Considerações Finais

Os resultados apontam que a abordagem participativa científica e comunicativa gerou interação e motivação para aprendizagem sobre os riscos ambientais que favorecem o desenvolvimento da infecção pelo vírus Zika e da Dengue, os efeitos e os impactos destas morbidades à saúde pública. Tal proposta proporcionou um processo inovador de educação popular e permanente em saúde ambiental relacionado à infecção pelo vírus Zika e da dengue que possibilitou trocas de vivências e de saberes populares, profissionais e acadêmicos sobre esta temática, além de inquietações e possíveis soluções para os riscos ambientais apontados no estudo.

Palavras Chave

Area

Ambiente e Saúde

Autores

MARCELA DE ABREU MONIZ, VICTORIA DE FREITAS PEREIRA, MIRIELLEN BUENO DA SILVA, LAÍS DE SOUZA, SANDRO HENRIQUE RIBEIRO, ROSENIR DE OLIVEIRA, ANGÉLICA PINTO DA SILVA, GLÓRIA MARIA DE OLIVEIRA MAGALHÃES