Datos del trabajo


Título

O USO DOS PSICOTROPICOS E DAS ABORDAGENS NAO FARMACOLOGICAS PARA SUPERAÇAO DOS PROBLEMAS COTIDIANOS

Introdução

Na nossa sociedade temos observado um aumento significativo da utilização dos psicotrópicos para lidar com todas as formas de mal estar e sofrimento humano.

Objetivos

O objetivo do estudo foi compreender o uso dos psicotrópicos e das abordagens não farmacológicas para a superação dos problemas cotidianos.

Método

As pesquisadoras desenvolveram um estudo qualitativo fenomenológico hermenêutico com pessoas que utilizavam psicotrópicos ou abordagens não farmacológicas para superar as dificuldades da vida. A coleta de dados foi realizada com entrevistas em profundidade. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética (COEP/UFMG) (CAAE: 30244714.9.0000.5149).

Resultados

Entrevistamos dezenove pessoas, quatorze mulheres e cinco homens, com idade mínima de dezoito anos e máxima de oitenta e um anos.
A partir da análise e interpretação das entrevistas realizadas foi construída uma narrativa que revelou os termos e significados expressos pelos participantes sobre suas experiências com os psicotrópicos e outras abordagens para superar as dificuldades da vida.
“A experiência vivida com o uso dos psicotrópicos tem início a partir de problemas enfrentados no cotidiano, que desencadeiam sentimentos de raiva, ansiedade, estresse, tristeza e angústia. O sofrimento é forte. A percepção, quando se está vivendo essas emoções, é que a vida está fora de controle. O medo é de não ser uma pessoa normal. A vontade é de não sofrer! A ajuda é solicitada ao médico, o psicotrópico é prescrito e utilizado como solução para lidar, superar ou suportar o problema. O efeito calmante do psicotrópico promove um distanciamento em relação às dificuldades, o problema continua, tudo está como antes. Mas agora, os sentimentos estão controlados, recobra-se o sono, a ansiedade cedeu, paira a tranquilidade, o humor está estável. As reações à situação estão bloqueadas, o emocional não é mais afetado. O ansiolítico gera tranquilidade em um momento que a vida está mais difícil, às vezes muito mais difícil do que de costume, quase insuportável, quando não se pode nem mesmo entender os sentimentos, as reações aos fatos que estão acontecendo na vida. O efeito do psicotrópico é considerado muito bom, principalmente no início. É como apagar uma fogueira com um balde de água. O psicotrópico controla os sentimentos de angústia, tristeza e raiva, situações emergenciais ou picos de sentimentos, que são reações emocionais, altos e baixos, reações mais fora da linha. Alivia o sofrimento. Mantém o equilíbrio diário. É como se o remédio bloqueasse a dor. Aplaca tudo, bloqueia o sentimento, não tem reações indesejadas. Não sente nada, relaxa, desacelera. Ajuda a suportar a pressão. Com o remédio a pessoa fica tranqüila, vendo o mundo, assim, mais cor de rosa. O medicamento, porém, não é só bom, tem efeitos adversos como ressaca, sede, fome, dor de cabeça, baixa de libido, diminui muito a libido, não tem desejo sexual, impotência. O corpo fica mole, dá tontura, vontade de vomitar, dá muito sono, sonolência. Parece que tomou uma tequila. Parece que bebeu muito. E a ressaca é lascada, a garganta fica seca. A pressão cai. Sente apatia e inércia. Prejudica a rotina. Dá muita sudorese. O raciocínio fica mais lento, a memória não é mais a mesma, não tem fixação, memorização. Deixa zonza. Com o tempo nem sempre se está bem. Com o tempo, perde o efeito e causa dependência, vicia. Com o tempo não faz mais efeito para dormir. E não pode retirar de uma vez, porque aparecem alguns sintomas, muita tristeza, angústia, vontade de chorar à toa, ansiedade, irritação, nervosismo, agressividade, pequenas convulsões atrás da cabeça, forte dor de cabeça. Vontade de parar? Tem. Mas os sintomas da retirada não são bons. Aí continua tomando. Muitas vezes, a vontade de parar é maior e o medicamento não é mais usado. O biológico não tem que ser rejeitado, mas o ser é bio-psico-espírito-cultural, então tem que considerar tudo. O medicamento é um paliativo, provisório, porque não consegue sustentar sozinha. Ele participa, mas não é a chave. Esses remédios, não curam. É só pra dar conta daquele momento. Apesar de entender que tem hora que precisa, que realmente ajuda. Não sara! O medicamento é necessário, mas não é tudo.
Posteriormente, quando o medicamento já está incorporado na rotina das pessoas, o psicotrópico pode ser percebido ou não como insuficiente, algumas vezes, as pessoas buscam alternativas não medicamentosas para lidar com a dificuldade enfrentada.
Na psicoterapia, fica um bom tempo com um psicólogo. Às vezes não dá certo, precisa mesmo do medicamento. Ah, ajuda muito. Às vezes, você fala as coisas para as pessoas e elas ficam julgando, sabe? E aí, lá, você se sente bem, é bom fazer. A terapia dá estrutura para falar do problema. Na psicoterapia acontecem descobertas, por exemplo, que todas as reações são normais, que não dá para ficar bloqueando as coisas, e que o ser humano é assim, agente sofre! Na crise de ansiedade, às vezes, não se entende muito bem de onde que vem isso. Daí vai entendendo mais, aprendendo coisas sobre si mesmo, para lidar melhor com a ansiedade, com uns medos. E aí, falando, falando lá, em um dado momento acontece uma descoberta, a verdade, que um monte de coisa na vida profissional, na relação com minha família, e tudo, estava perturbando. Um certo dia, conversando, um monte de coisa é entendida, e você muda algumas coisas na sua vida, e pronto. Na terapia de grupo, um fala uma coisa, e aquilo que alguém tocou no assunto se liga em um episódio seu. A conversa ajuda a pensar melhor e a lidar com as crises. Ajuda a entender as reações e aprender a conviver com a dor. Hoje, quando acontece alguma coisa, tem uma reação, é normal, tem que saber lidar com ela. A terapia ajuda a entender o porquê das reações e a trabalhar essas questões. O esporte ajuda, fica satisfeito, acalma. Proporciona muito bem estar! A acupuntura também é muito bom.”

Considerações Finais

O medicamento foi percebido como necessário para retornar ao ponto de equilíbrio que foi “afetado” pelos problemas vividos. As abordagens não farmacológicas ajudaram a compreender melhor as circunstâncias vividas e recuperar o bem estar.

Palavras Chave

Area

Saúde Mental

Autores

AGNES FONSECA RIBEIRO FILARDI, Djenane Ramalho de Oliveira