Dados do Trabalho

Título

ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DOS MEDICAMENTOS CLONAZEPAM E ZOLPIDEM EM UM MUNICÍPIO NO SUL DE SANTA CATARINA

Introdução

O uso de medicamentos é parte integral da vida dos indivíduos, desde vacinas na infância até remédios controlados na velhice. O uso inadequado pode levar a sequelas, dependência e até morte, o que reforça a necessidade de administração correta e prescrição médica (Rang; Dale, 2012). Para um gerenciamento seguro, é crucial que os profissionais de saúde sejam qualificados, especialmente no caso de medicamentos vendidos sem receita, com farmacêuticos bem preparados para orientar corretamente (Baldoni, 2020).

No caso de medicamentos controlados, a Portaria nº 344/98 estabelece a obrigatoriedade de um receituário adequado. O farmacêutico deve preencher todas as informações corretamente antes de dispensar o medicamento (Baldoni, 2020). O gerenciamento desses medicamentos segue regulamentos para garantir controle e distribuição adequados (Rang; Dale, 2012).

Medicamentos como Clonazepam e Zolpidem são usados para tratar insônia e epilepsia, mas exigem cuidado devido aos efeitos colaterais e risco de vício (Andrade et al., 2005). O aumento no consumo desses medicamentos controlados é uma preocupação de saúde pública (Araújo, 2015).

Método

Este trabalho foi uma pesquisa exploratória com abordagem quantitativa. A pesquisa exploratória visa fornecer mais informações sobre o tema, ajudar na definição dos objetivos e hipóteses, e encontrar uma forma original de desenvolver o estudo (Ciribelli, 2003). A abordagem quantitativa utiliza números para comprovar os objetivos e entender a complexidade do estudo (Ciribelli, 2003). O método utilizado foi o de levantamento, que coleta informações de um grupo significativo de pessoas para análise quantitativa (Gil, 2008). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do Unibave e envolveu quatro farmácias no sul de Santa Catarina, com dados coletados entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019. Foram seguidos critérios éticos para preservar a identidade dos participantes e locais de estudo.

Resultados

Os resultados da pesquisa sobre as vendas de medicamentos controlados em quatro farmácias de Braço do Norte/SC foram tabulados e apresentados graficamente para facilitar a compreensão. De 2018 a 2019, a Farmácia 1 teve vendas significativas de Clonazepam (109 caixas em 2018, reduzindo para 8 em 2019) e Rivotril (174 para 84), enquanto o Zolpidem foi vendido apenas em 2019 (50 caixas). A Farmácia 2 seguiu tendência semelhante, com Clonazepam caindo de 57 para 44 caixas e Rivotril subindo de 75 para 119. Na Farmácia 3, as vendas de Clonazepam foram estáveis (52 a 50 caixas), mas Rivotril caiu de 134 para 97. Na Farmácia 4, Clonazepam caiu de 71 para 41, enquanto o Zolpidem teve aumento significativo em 2019 (140 caixas). A prevalência das vendas foi maior em 2018, especialmente para Rivotril e Clonazepam, mas o Zolpidem apresentou aumento expressivo em 2019. Essa mudança pode ser atribuída à resistência ao Clonazepam após uso prolongado, levando os pacientes a trocarem por Zolpidem. Além disso, o aumento das vendas de Zolpidem e a queda de Clonazepam refletem um padrão crescente de dependência a esses medicamentos na população brasileira, como observado por especialistas. Os dados indicam que, apesar das receitas serem frequentemente dadas por médicos sem especialidade registrada, os psiquiatras ainda representam uma parte significativa na prescrição desses medicamentos.

Conclusão

A pesquisa alcançou o objetivo de analisar Clonazepam e Zolpidem em Braço do Norte/SC, revelando um aumento nas vendas de Zolpidem em 2019, superando o Stilnox. Os medicamentos foram prescritos por médicos sem especialidade, e os objetivos específicos também foram cumpridos.

Bibliografia

AFONSO, Pedro. Dual orexin receptor antagonists: a new therapeutic class for the treatment of insomnia. Ver. Portuguesa de psiquiatria. Volume 2, 1st semestre 2017, 28-30.

ALEXANDRE, Franklin. Quem pode e quem DEVERIA receitar antidepressivos? Mundo interpessoal. 2020. Disponível em: https://mundointerpessoal.com/2017/08/quem-pode-receitar-antidepressivos.html. Acesso: 05 out. 2020.

ANDRADE, R.C.G., et al., Prescrição de psicotrópicos: avaliação das informações contidas em receitas e notificações. Rev. Bras. Cienc. Farm. Braz. J. Pharm. Sci. v. 40, nº4, p. 471 – 479, 2005.

ANVISA. Zolpidem hemitartarato eficaz no tratamento da insônia. Infinity Pharma. 2015. Disponível em: https://infinitypharma.com.br/uploads/insumos/pdf/z/zolpidemhemitartarato.pdf. Acesso: 30 de abr. 2020.

ARAÚJO, Thiago de. Aumenta em 161% o consumo de medicamentos controlados no Brasil. Huffpost. 2015. Disponível em: https://www.huffpostbrasil.com/2015/05/21/aumenta-em-161-o-consumo-demedicamentos-controlados-no-brasil_n_7350304.html. Acesso: 26 de abr. 2020.

BALDONI, André Oliveira. Elaboração e validação do protocolo de desprescrição do clonazepam em idosos. Rev Bras Med Fam Comunidade. Rio de Janeiro, 2020 Jan-Dez; 15(42):2105.

BRAINFARMA. Hemitartarato de zolpidem: para que serve e como tomar? Minha Vida. 2016. Disponível em: https://www.minhavida.com.br/saude/bulas/879-hemitartarato-de-zolpidem#:~:text=O%20Hemitartarato%20de%20zolpidem%20%C3%A9,f%C3%B3rmula%20a%20subst%C3%A2ncia%20chamada%20zolpidem. Acesso: 21 ago. 2020.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Projeto educação e promoção da saúde no contexto escolar: o contributo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para o uso racional de medicamentos. Caderno do Professor. Brasília: ANVISA, 2007.

BRASIL. Ministério da saúde. Normas para prescrições e vendas de psicofarmácos. Portaria da secretaria da vigilância sanitária do ministério da saúde. N.º 344. Belo horizonte: Ministério da saúde, 1998.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 3.916, 30 de outubro de 1998. Aprova a Política Nacional de Medicamentos. Diário Oficial da União: Brasília, 1998.

BRASIL. Informações sobre Receituários, Talonários e Medicamentos Controlados. Vigilância Sanitária. 2015. Disponível em: http://www.saude.campinas.sp.gov.br/saude/dicas/receituarios_talonarios_medicamentos/informacoes_sobre_receituarios_talonarios_medicamentos.htm#:~:text=%2D%20lista%20%22C1%22%20(outras,57)%3B. Acesso: 26 set. 2020.

CARDOSO, N. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

CARDOSO, N. Automedicação e uso indiscriminado de medicamentos. In: NERJ – Núcleo Estadual no Rio de Janeiro. 2013. Disponível em: http://www.nerj.rj.saude.gov.br/internet/?p=2663. Acesso: 21 ago. 2020.

CLAUDINO, L. S. et al. Novos sedativos hipnóticos. Revista Brasileira de Psiquiatria. vol 32. nº 3. set. 2010.

CIRIBELLI, Marilda Corrêa. Como elaborar uma dissertação de mestrado através da pesquisa científica. Rio de Janeiro: 7 letras, 2003.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GUIA FARMÁCIA. O aumento da prescrição de medicamentos Genéricos. Guia farmácia. 2018. Disponível em: https://guiadafarmacia.com.br/especial/o-aumento-da-prescricao-de-medicamentos-genericos/. Acesso: 05 out. 2020.

HIPOLABOR. Hipolabor explica: o que são medicamentos controlados? Pharma Hoje. 2017. Disponível em: https://www.hipolabor.com.br/blog/hipolabor-explica-o-que-sao-medicamentos-controlados/#:~:text=Os%20medicamentos%20controlados%20s%C3%A3o%20aqueles,grande%20utilidade%20para%20os%20humanos. Acesso: 28 ago. 2020.

INDIAN, P. Ministry of Health and Family Welfare, vol. 2, Indian Pharmacopoeial Commission, Ghaziabad, 2014, pp.1434, 2439.

LEONARDI, Egle. Médicos prescrevem mais genéricos, que medicamentos de referência, aponta pesquisa. ICTQ. 2019. Disponível em: https://www.ictq.com.br/varejo-farmaceutico/938-medicos-prescrevem-mais-genericos-que-medicamentos-de-referencia-aponta-pesquisa. Acesso: 05 out. 2020.

LORENA, Izadora. Et al. Renovação de Prescrição Médica na atenção primária: uma análise crítica. Artigo de revisão. 2017. Disponível em: http://rmmg.org/artigo/detalhes/2360#:~:text=A%20renova%C3%A7%C3%A3o%20de%20receita%20sem,frequente%20nas%20unidades%20de%20sa%C3%BAde.&text=A%20exist%C3%AAncia%20de%20rotinas%20pr%C3%B3prias,moldes%20atuais%2C%20traz%20%C3%A0%20popula%C3%A7%C3%A3o. Acesso: 05 out. 2020.
MADRUGA, Célia Maria Dias. SOUZA, Eurípedes Sebastião Mendonça de. Manual de orientações Básicas para prescrição médica. João Pessoa: Ideia, 2009.

MARGONATO, F.B. et. al. Determinantes nas intoxicações medicamentosas agudas na zona urbana de um município do Sul do Brasil. Cadernos de saúde pública. Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 333-341, fev, 2008.

MELLIS, Fernando. Brasil consome 56,6 milhões de caixas de calmantes e soníferos. R7. 2019. Disponível em: https://noticias.r7.com/saude/brasil-consome-566-milhoes-de-caixas-de-calmantes-e-soniferos-03072019. Acesso: 26 set. 2020.

MELLIS, Fernando. Uso de remédio para dormir cresce 560% em oito anos. R7. 2019. Disponível em: https://noticias.r7.com/saude/uso-de-remedio-para-dormir-cresce-560-em-oito-anos-03072019. Acesso: 26 set. 2020.

MORAES, Ana Luísa. Consumo de antidepressivos cresce 74% em seis anos no Brasil. Veja Saúde. 2020. Disponível em: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/consumo-de-antidepressivos-cresce-74-em-seis-anos-no-brasil/. Acesso: 26 set. 2020.

NETO, J. A. C. et. al. Automedicação entre estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora. HU Revista. Juiz de Fora (MG), v. 32, n. 3, p. 59-64, jul./set. 2006.

NOMURA, Leandro. Pela 1ª vez, genéricos são mais receitados do que remédios de referência. Veja. 2018. Disponível em: https://veja.abril.com.br/saude/pela-1a-vez-genericos-sao-mais-receitados-do-que-remedios-de-referencia/. Acesso em: 05 out. 2020.

PEREIRA, A. C.; SILVEIRA, I. A. Avaliação e conscientização de universitários sobre os riscos da automedicação. Revista Associação Médica Brasileira. v. 47, n. 4, São Paulo, out./dez. 2018.

RANG, H. P; DALE, M. M. Rang & Dale farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

RAPKIEWICZ, Jackson Carlos. GROBE, Rafaela. ZAROS, Karin Juliana Bitencourt. Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná Centro de Informação sobre Medicamentos. Manual para a dispensação de medicamentos sujeitos a controle especial. 5ª ed. Curitiba: CIM, 2017.

SILVA, Patrícia Maria de Faria e. Qualquer profissional pode prescrever medicamentos? Portal da Vigilância em Saúde. 2018. Disponível em: http://vigilancia.saude.mg.gov.br/index.php/2018/06/08/qualquer-profissional-pode-prescrever-medicamentos/. Acesso: 26 set. 2020.

SILVA. P. S. Quem mais prescreve calmantes e antidepressivos não é o psiquiatra. O povo. 2015. Diponível em: https://www20.opovo.com.br/app/opovo/cienciaesaude/2015/08/15/noticiasjornalcienciaesaude,3486454/quem-mais-prescreve-calmantes-e-antidepressivos-nao-e-o-psiquiatra.shtml. Acesso: 05 out. 2020.

TEÓFILO, Sarah. 'Remédios têm sido tratados como bens de consumo', diz doutor em toxicologia da USP. Focas. 2015. Disponível em: https://infograficos.estadao.com.br/focas/tanto-remedio-para-que/checkup-5.php. Acesso: 16 ago. 2020.

TOURINHO, Francis Solange Vieira. Automedicação em crianças e adolescentes: Inquérito Populacional nos Municípios de Limeira e Piracicaba, Estado de São Paulo: Campinas, 2008.