Dados do Trabalho


Título

CHOQUE CARDIOGÊNICO DECORRENTE DE INFECÇÃO PELO VÍRUS DA DENGUE: UM RELATO DE CASO

Introdução

O choque cardiogênico é uma condição clínica de
inadequada perfusão tecidual sistêmica devido à
disfunção cardíaca. A etiologia mais comum é o
infarto agudo do miocárdio com elevação do
segmento ST, levando à insuficiência ventricular
esquerda, mas também pode ser causado como
complicação de outras doenças não cardiológicas
como a dengue, uma arbovirose. As manifestações
dessa doença viral vão desde sintomas leves como
febre a desfechos fatais. Os pacientes infectados
pelo vírus podem apresentar acometimento
cardíaco, sendo o mais comum a miocardite.

Método

Relato de caso.

Descrição do Caso

Paciente masculino, 55 anos, portador de esclerose sistêmica com acometimento pulmonar, diagnosticado com dengue e internado no 4o dia de sintomas por lipotimia e intolerância à ingesta hídrica e alimentar. Teve o diagnóstico de miocardite no segundo dia de internação devido à elevação da troponina ultrassensível (US) em 4.716 e supradesnível de ST difuso no eletrocardiograma. No 4o dia de internação evoluiu com choque cardiogênico apresentando instabilidades hemodinâmica e ventilatória graves. Os exames complementares evidenciaram acidose metabólica grave, gasometria arterial com pH 6.96 e bicarbonato 10.5, troponina US 27.533, Peptídeo Natriurético Cerebral (BNP) de 2.563 e ecocardiograma transtorácico com disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (VE) e fração de ejeção do VE de 35%. Recebeu tratamento clínico com vasopressor (noradrenalina) e inotrópico (dobutamina) em doses elevadas e monitorização minimamente invasiva. Foi optado pelo uso de levosimendan nas primeiras 48 horas do início do choque. Durante a infusão desta medicação, o paciente evoluiu satisfatoriamente e deixou de precisar de vasopressor e inotróprico. Após o tratamento de diversas intercorrências, como pneumonia associada à ventilação mecânica e injúria renal aguda com necessidade de terapia renal substitutiva, o paciente recebeu alta hospitalar após 42 dias de internação, em processo de reabilitação motora com todos os exames complementares, incluindo função renal e ecocardiograma, normalizados.

Conclusão

Este relato destaca a importância do reconhecimento de complicações cardiovasculares relacionadas à dengue pois representam maior letalidade, além de que pacientes com comorbidades prévias têm maior risco de acometimento cardíaco, que mesmo incomuns, podem levar à desfechos negativos.

Bibliografia

1. Feitosa Filho FH; et al. Evolução hospitalar de pacientes com choque cardiogênico por infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST. Rev Bras Cardiol Invasiva [Internet]. 2013;21(3):265–9.
2. LOUBET, MB; et al. Manifestações da miocardite em pacientes diagnosticados com dengue: uma revisão integrativa. Revista Brasileira de Revisão de Saúde , [S. l.] , v. 3, pág. e69458, 2024.
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Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

FERNANDA PEREIRA, Maria Beatriz Rossi Rodrigues, Ediane Cristina Cenci