Dados do Trabalho
Título
Doença da Rota da Seda - um relato sobre vasculite de Behçet em Santa Catarina
Introdução
A doença de Behçet, ou Doença da Rota da
Seda, é uma vasculite rara, crônica e sistêmica
de etiologia pouco compreendida e está
associada à alta morbidade e mortalidade
precoce. Sua prevalência varia entre 80-
370/100.000 na Turquia, Japão e Irã, e
0,64/100.000 no Reino Unido. A doença afeta
igualmente homens e mulheres, iniciando entre
20 e 40 anos. Manifesta-se com úlceras orais
(mais frequente), genitais, artralgia, eritema
nodoso e inflamação ocular, podendo acometer
intestino, coração e cérebro. O diagnóstico é
clínico, diferencial com doença intestinal
inflamatória, reumatológicas e infecções
sexualmente transmissíveis. Não há marcador
genético comprovado ou teste confirmatório. A
tríplice úlcera oral, genital e uveíte é um forte
indicativo. O tratamento inclui
imunossupressores, anti-inflamatórios e
medicamentos sintomáticos, adaptados ao
caso.
Método
Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo,
do tipo relato de caso, com dados coletados
através da entrevista direta com paciente e
dados do prontuário. Este estudo respeita as
normas éticas e protege a identidade da
paciente através do anonimato, tendo esta
consentido com o uso das informações.
Descrição do Caso
Paciente feminina, 15 anos, apresentou úlceras
dolorosas na mucosa oral e genital, iniciadas 2
dias antes, com piora gradual e sem outros
sintomas. Histórico de aftas e tratamento
intermitente para gastrites desde os 9 anos. No
pronto atendimento foi feita coleta com swab
das úlceras, descartando infecção por Herpes
simples. Cultura, parcial de urina e exames
hematológicos não apontaram nenhuma
infecção. Sem diagnóstico, a paciente passa a
ser tratada com sintomáticos e prevenção de
infecção secundária e tem melhora do quadro.
Aos 19 anos a paciente retorna com os
mesmos sintomas e exames novamente
normais. No entremeio apresentou aftas e
úlceras gástricas, mas não úlceras genitais.
Através dos Critérios Internacionais da
Doença de Behçet o diagnóstico foi fechado.
O tratamento foi mantido até a melhora e
recomendado iniciar imunossupressores se
recorrente.
Conclusão
A ampla manifestação da doença de Behçet e
sua baixa incidência no mundo ocidental faz
com que seu reconhecimento seja mais difícil
por possuir baixa notoriedade. Profissionais de
saúde devem estar atentos aos sinais clínicos
para um diagnóstico precoce e eficaz. Embora a
doença seja rara, o manejo adequado é crucial
para prevenir sequelas e garantir uma boa
qualidade de vida para os pacientes.
Bibliografia
ZEIDAN, M. J. et al. Behçet’s disease physiopathology: a contemporary
review. Auto-Immunity Highlights, v. 7, n. 1, 12 fev. 2016.
NAIR, J. R.; MOOTS, R. J. Behcet’s disease. Clinical Medicine, v. 17, n. 1, p.
71–77, 1 fev. 2017.
REUMATOLOGIA, S. B. DE. Doença de Behçet. Disponível em:
Área
Clínica Médica
Instituições
Furb - Santa Catarina - Brasil
Autores
JOANA GIODA FABRIS