Dados do Trabalho


Título

Prática Esportiva em Paciente com Origem Anômala de Artéria Coronária: Relato de Caso

Introdução

A origem anômala das artérias coronárias (OAAC) é uma causa significativa de morte súbita cardíaca (MSC) em atletas, especialmente em trajetos de alto risco, como interarterial ou intramural, que podem comprometer o fluxo sanguíneo. O manejo exige avaliações detalhadas da função cardíaca, anatomia coronariana e testes de estresse para determinar a frequência cardíaca (FC) segura. O tratamento pode ser conservador ou invasivo, dependendo da presença de isquemia e do risco do trajeto.

Método

As informações foram obtidas por meio de revisão do prontuário médico, entrevista com o paciente, registro dos métodos diagnósticos e análise da literatura.

Descrição do Caso

Homem, 34 anos, corredor amador, prática em média 10 quilômetros, de 3 a 5 vezes por semana. Procurou acompanhamento com o objetivo de melhora em seu desempenho, visando competições. Nega sintomas cardiovasculares, ou demais comorbidades. Durante exame de rotina, o ecocardiograma transtorácico (ETT) revelou a origem anômala da artéria coronária circunflexa, com um trajeto retroaórtico benigno, sem compressão sistólica evidente. A função ventricular estava preservada, sem comprometimento. Testes cardiopulmonares demonstraram boa capacidade funcional, com VO2 máximo de 49,0 ml/kg/min. O teste ergométrico (TE) não apresentou sinais de isquemia ou arritmias, e a angiotomografia de coronárias confirmou o trajeto benigno. Diante desses resultados, o paciente foi liberado a continuar sua prática esportiva, com recomendação de monitoramento cardiológico anual.

Conclusão

Pacientes com OAAC e trajeto benigno podem praticar esportes com segurança, desde que sejam acompanhados regularmente. O risco de complicações graves, como isquemia ou MSC, é baixo quando a função cardíaca está preservada e o paciente permanece assintomático. O manejo conservador, com ETT anual e, em alguns casos, angiotomografia para monitorar a anatomia coronariana, é indicado. Não há FC alvo universalmente estabelecido no exercício. No entanto, testes de estresse periódicos, como dobutamina ou TE, auxiliam a avaliar o funcionamento cardíaco sob estresse. Assim, a OAAC não deve ser uma limitação definitiva para a atividade física, mas o acompanhamento constante é essencial para evitar complicações potenciais.

Bibliografia

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Área

Clínica Médica

Instituições

Furb - Santa Catarina - Brasil, ICC (Instituto de Cardiologia de Campo Grande) - Mato Grosso do Sul - Brasil

Autores

LUCAS TESTONI, Mario José Batistella junior, Franciely Bueno Wiginesk