Dados do Trabalho
Título
Lesão Hepática Aguda por Leptospirose em paciente com Hemoglobinopatia SC: Relato de Caso
Introdução
A Lesão Hepática Aguda (LHA) é uma forma de dano hepático caracterizada por elevação de transaminases, icterícia e coagulopatia (INR > 1,5). A Insuficiência Hepática Aguda ocorre na presença de LHA com aparecimento de encefalopatia hepática em paciente sem doença hepática prévia (AZIZ et al., 2020). Dentre as várias causas de LHA está a leptospirose, que pode manifestar-se pela Síndrome de Weil (icterícia, insuficiência renal aguda e hemorragia), uma forma grave e de alta mortalidade (LEBRETON et al., 2019). Outra causa pertinente é a doença falciforme, em que a mutação na Hemoglobina S causa distorção eritrocitária, hemólise e hiperbilirrubinemia, podendo evoluir com LHA (SHAH et al., 2017).
Método
A análise foi realizada por meio da revisão do prontuário, anamnese, exame físico e exames complementares, além de revisão da literatura.
Descrição do Caso
Masculino, 28 anos, com hemoglobinopatia SC, admitido na emergência com dor abdominal, febre, disúria e polaciúria há 5 dias. Diagnóstico inicial de pielonefrite, iniciado Ceftriaxona 2g/dia. Exame físico sem alterações relevantes. Exames iniciais com creatinina 5,21mg/dL; INR de 1,32; ureia 145mg/dL; PCR 196mg/L; Hb de 11,7g/dL; Ht 35%, e plaquetas 318000. Exame de urina com leucocitúria e hematúria, e tomografia evidenciou hepatomegalia. Hemocultura identificou E. coli.
No 3º dia, apresentou icterícia e gengivorragia. Novos exames indicaram sinais de LHA sem encefalopatia: creatinina 8,76mg/dL; TGP 2.747U/L; TGO 6.013U/L, e Bilirrubinas totais de 19,70mg/dL (indireta 8,19mg/dL e direta 11,51mg/dL) e plaquetas de 51000. A principal hipótese foi de crise vaso-oclusiva hepática associada à infecção.
Na investigação, as sorologias para HIV; Hepatite A, B, C e Sífilis e Epstein-Baar foram negativas. FAN não-reagente. A IgM para Leptospirose foi reagente, confirmando o diagnóstico. No 7º dia, TGO/TGP e INR declinaram, permanecia sem encefalopatia, mas houve elevação de Bilirrubinas totais (30,38 mg/dl) e indireta (14,33 mg/dl), LDH 1.248 U/L e haptoglobina abaixo de 0,6 mg/dl, sugerindo crise vaso-oclusiva e hemólise. O paciente foi tratado com oxigenoterapia, transfusão de hemácias e plaquetas. No 14° dia, houve melhora hepática e renal, além da resolução da hemólise.
Conclusão
Este caso ilustra uma forma grave da Leptospirose, a Síndrome de Weil com lesão hepática aguda. Destaca-se a importância da investigação diagnóstica, pois a LHA pode estar presente em diferentes doenças e seu tratamento pode variar de acordo com a etiologia.
Bibliografia
AZIZ, R. et al. Manejo da insuficiência hepática aguda em terapia intensiva. British Journal of Anesthesia, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.bjae.2020.11.006. Acesso em: 10 set. 2024.
LEBRETON, T. et al. Transplante de fígado para insuficiência hepática aguda atribuída a leptospirose: relato de dois casos. Case Reports in Critical Care, v. 2019, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1155/2019/5189542. Acesso em: 10 set. 2024.
SHAH, R. et al. Manifestações hepatobiliares agudas e crônicas da doença falciforme: uma revisão. World J Gastrointest Pathophysiol, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.4291/wjgp.v8.i3.108. Acesso em: 10 set. 2024.
Área
Clínica Médica
Instituições
Hospital Santo Antônio (HSA) - Santa Catarina - Brasil, Universidade Regional de Blumenau - FURB - Santa Catarina - Brasil
Autores
JÚLIA PAUL, Laryssa Aparecida Ruediger , Rafael Amorim