Dados do Trabalho


Título

Insuficiência hepática aguda secundária à dengue

Introdução

A dengue é uma infecção viral muito comum, sendo endêmica em diversas regiões tropicais e subtropicais. Seus sintomas incluem febre, erupções cutâneas, dores retroorbital, cefaléia, mialgias e artralgias. Além disso, a dengue pode causar alterações hepáticas, que costumam ser menos conhecidas, mas que são de grande relevância ¹. Nesse sentido, os danos ao fígado podem variar de pequenas elevações nas enzimas hepáticas até quadros graves de insuficiência hepática aguda². A apresentação de hepatite aguda sem choque circulatório é menos comum, mas pode estar presente, sendo a insuficiência hepática aguda a forma mais grave, com alto índice de mortalidade³.

Método

A análise foi realizada por meio da revisão de prontuário, anamnese, exame físico e resultados laboratoriais do paciente, além de uma revisão da literatura.

Descrição do Caso

Paciente do sexo feminino, com astenia, cefaleia e dor abdominal e evoluindo com icterícia e elevação das enzimas hepáticas após 3 dias do início dos sintomas. O teste NS1 para dengue foi positivo. A paciente estava estável em termos de oxigenação e pressão arterial, mas apresentava confusão e icterícia (+3/+4). Negou uso de medicações hepatotóxicas, drogas, comorbidades e alergias.
Exames mostraram TGP 1318 U/L, TGO 5812 U/L, TTPa de 40,9 s, e INR de 3,55. Bilirrubinas totais foram 14,70 mg/dL (Indireta-8,85 mg/dL, Direta-5,85 mg/dL). A hemoglobina era 11,90 g/dL, plaquetas dentro da normalidade e creatinina 0,34 mg/dL. As sorologias para HIV, Hepatites A, B e C, Epstein-Barr e Citomegalovírus foram negativas. Foi diagnosticada hepatite aguda por dengue com insuficiência hepática aguda, coagulopatia e encefalopatia grau 1. A paciente foi admitida na UTI. Após 7 dias, evoluiu para encefalopatia grau 3, necessitando de intubação orotraqueal. Exames mostraram TGP de 1241 U/L, TGO de 1574 U/L, TTPa de 52,7s e INR de 3,61. Bilirrubinas totais foram 18,43 mg/dL. Devido à piora clínica e laboratorial, foi indicado transplante hepático de urgência. A paciente foi submetida ao transplante após 5 dias, mas faleceu no pós-operatório devido a complicações hemorrágicas associadas à coagulopatia.

Conclusão

Este caso ilustra uma forma grave e rara de dengue com hepatite aguda e insuficiência hepática, destacando a necessidade de monitoramento intensivo das funções hepáticas e detecção precoce de complicações como encefalopatia e coagulopatia, para possibilitar intervenções adequadas como o transplante hepático.

Bibliografia

1. GIRI, S. et al. Dengue-related acute liver failure — A scoping review. Indian journal of gastroenterology, Apr 30, 2024. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s12664-024-01570-w . Acesso em: 26 de agosto de 2024.

2. CHIA, P. Y. et al. Severe dengue and liver involvement: an overview and review of the literature. Expert Review of Anti-Infective Therapy, v. 18, n. 3, p. 181–189, 1 mar. 2020. Disponível em: Dengue grave e envolvimento hepático: uma visão geral e revisão da literatura: Revisão especializada em terapia anti-infecciosa: Vol 18 , No 3 - Obter acesso (tandfonline.com). Acesso em: 26 de agosto de 2024.

3. WASIT WONGTRAKUL et al. Incidence of acute liver failure and its associated mortality in patients with dengue infection: A systematic review and meta-analysis. Journal of Infection and Public Health, v. 17, n. 8, p. 102497–102497, 1 ago. 2024. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1876034124002314?via%3Dihub . Acesso em: 26 de agosto de 2024.

Área

Clínica Médica

Instituições

FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Autores

ANA CAROLINA MOREIRA DE MORAES LIMA, GUILHERME ANDREY UBER, RAFAEL AMORIM DA COSTA