Dados do Trabalho


Título

SÍNDROME HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA A DENGUE: RELATO DE CASO

Introdução

A dengue representa um problema de saúde pública significativo em muitas regiões, e a sua epidemiologia está em constante evolução, podendo apresentar sintomas que variam de casos leves a graves. Hepatite aguda grave associada à dengue é rara, mas pode ocorrer em casos severos. Além disso, a dengue pode desencadear uma resposta imunológica exagerada em alguns pacientes, resultando na ativação dos fagócitos e levando à hemofagocitose, doença conhecida como Síndrome Hemofagocítica 1.

Método

Os dados foram coletados através de revisão de prontuários, anamnese, exame físico, resultados de exames e revisão literária.

Descrição do Caso

Paciente masculino, apresentou quadro de dor abdominal, tosse produtiva, mialgia, astenia e lesões cutâneas. Após 8 dias desenvolveu icterícia. Teste NS1 para dengue foi positivo. Negava uso de outras medicações, comorbidades e alergias. O exame físico revelou hipertermia, icterícia, desidratação, flapping, sonolência (Glasgow 14), sangramentos nasal e oral, abdome ascítico e distendido. Ultrassom mostrou hepatoesplenomegalia e ascite moderada.Os exames laboratoriais indicaram TGP 542 U/L, TGO 1254 U/L, TTPa 69,4s, INR de 1,54, Gama GT 79 U/L, Fosfatase alcalina 171 U/L, Bilirrubinas totais 23,14 mg/dL (Indireta 9,85 mg/dL, Direta 13,29 mg/dL). Hemoglobina 6,92 g/dL, Leucócitos 866, plaquetas 7410, creatinina 2,88 mg/dL. As sorologias para HIV, Hepatite A, B e C,
Epstein-Barr, Citomegalovírus, Toxoplasmose e Herpes simples foram negativas. FAN e anti- músculo liso dentro da normalidade. Foram descartadas etiologias virais, autoimunes e tóxicas, e investigadas possíveis causas medulares e síndrome hemofagocítica. Triglicerídeos estavam a 740 mg/dl e ferritina acima de 1650 μg/L. A biópsia de medula óssea mostrou hipercelularidade com hiperplasia megacariocítica, mas foi inconclusiva. O paciente atendi 5 dos 8 critérios necessários (pancitopenia, hipertrigliceridemia, ferritina elevada, febre e esplenomegalia) para o diagnosticar síndrome hemofagocítica e foi iniciado tratamento empírico com 40 mg de dexametasona endovenosa. Após 21 dias, houve melhora clínica e laboratorial completa, com recuperação da função renal e hepática, e normalização dos níveis de plaquetas e leucócitos.

Conclusão

Este caso ilustra a hepatite aguda grave associada à dengue e à Síndrome Hemofagocítica, destacando a necessidade de monitoramento das funções hepáticas em pacientes com dengue para diagnóstico precoce de complicações hepáticas.

Bibliografia

CHUNG, S. M. et al. Dengue-associated hemophagocyticlymphohistiocytosis in an adult. Medicine, v. 96, n. 8, p. e6159, fev. 2017. WAN JAMALUDIN, W. F. et al. Dengue infection associated hemophagocytic syndrome: Therapeutic interventions and outcome. Journal of Clinical Virology, v. 69, p. 91–95, ago. 2015.
GIRI, S. et al. Dengue-related acute liver failure — A scoping review. Indian journal of gastroenterology, Apr 30, 2024

Área

Clínica Médica

Instituições

FURB- Fundação Universidade Regional de Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Autores

GUILHERME ANDREY UBER, ANA CAROLINA MOREIRA MORAIS LIMA, RAFAEL AMORIM da COSTA