Dados do Trabalho
Título
TENDÊNCIA TEMPORAL DA MORTALIDADE POR DPOC NO BRASIL DEVIDO AO HÁBITO DE FUMAR.
Introdução
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada pela obstrução crônica das vias aéreas inferiores, englobando bronquite crônica e enfisema pulmonar. Os principais sintomas incluem sibilância, dispneia e tosse produtiva. A DPOC é a terceira principal causa de morte no mundo, sendo o tabagismo o principal fator de risco. Embora os sintomas não se manifestem de imediato, geralmente surgem após cerca de 20 anos de exposição contínua ao fumo. Apesar dos conhecimentos amplamente difundidos sobre os efeitos nocivos do cigarro, ele permanece amplamente utilizado em todo o mundo. São mais de 9.500 substâncias tóxicas no cigarro, incluindo a acroleína, um aldeído α,β-insaturado que está fortemente associado ao desenvolvimento da DPOC em fumantes. A acroleína promove a formação de radicais livres e fibrina, contribuindo para a perda da elasticidade pulmonar.
Método
Realizou- se um estudo epidemiológico descritivo, coletando dados sobre internações e óbitos relacionados à DPOC na plataforma DATASUS. A taxa de mortalidade hospitalar foi calculada pela razão entre o número de óbitos e internações. Além disso, foi analisado o número de fumantes nos anos de 1989, 2008, 2013 e 2019, conforme dados do IBGE.
Resultados
Entre 1996 e 2022, o número de óbitos por DPOC em domicílio aumentou significativamente, de 21.830 para 45.163 casos. Em 2020, observou-se uma queda notável, provavelmente devido à subnotificação durante a pandemia de COVID-19. Apesar do aumento preocupante no número de óbitos, houve uma redução expressiva no número de fumantes. Em 1989, cerca de 34% da população adulta fumava, enquanto, em 2019, esse número caiu para 13%, segundo dados do programa nacional em saúde. A evolução leva anos para se instalar e o desenvolvimento varia entre indivíduos, é plausível que os fumantes de 1989 sejam parte das vítimas registradas nos últimos anos. Contudo, espera-se uma redução gradual dos casos a longo prazo, devido à diminuição do número de fumantes ativos. Porém, é importante ressaltar que outros fatores, como a exposição a poluentes, poeiras e produtos químicos, também contribuem para o desenvolvimento da DPOC.
Conclusão
Os dados coletados indicam que a DPOC continua sendo um desafio significativo para a saúde pública, principalmente devido aos maus hábitos, como o tabagismo. Embora o número de fumantes tenha diminuído, a doença ainda representa uma preocupação relevante.
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Área
Clínica Médica
Categoria
Prevalência
Instituições
Universidade Alto Vale do Rio do Peixe - Santa Catarina - Brasil
Autores
ANA PAULA MENOSSO, MARIA JULIA MARTINS, VILMAIR ZANCANARO