Dados do Trabalho
Título
Acidose láctica induzida por metformina (MALA): Relato de caso
Introdução
A acidose láctica associada a metformina (MALA) é rara, porém extremamente grave, apresentando uma taxa de mortalidade de 25 a 49% (ASHRAF et al., 2022). Essa complicação está associada a níveis plasmáticos elevados de metformina, ocorrendo principalmente em pacientes com doença renal crônica (DRC). O tratamento é de suporte, necessitando de terapia de substituição renal em alguns casos (TRS) (ASHRAF et al., 2022).
Método
Nesse relato de caso, as informações foram coletadas através da avaliação do paciente, revisão do prontuário e exames laboratoriais, além de informações disponíveis na literatura.
Descrição do Caso
Paciente do sexo masculino, 53 anos, portador de diabetes e DRC, foi admitido no Pronto Socorro apresentando confusão mental, HGT HI e ferida com sinais flogisticos em membro inferior direito (MID). O paciente foi internado, demonstrando as seguintes alterações nos exames laboratoriais: pH: 6,8; lactato: 135 mg/dL; creatinina: 8,27 mg/dL; potássio: 7,3 mEq/L; glicose: 543 mg/dL e cultura positiva para Staphylococcus Aureus. As principais hipóteses diagnósticas foram DRC agudizada, sepse, cetoacidose diabética ou acidose láctica induzida por metformina, sendo iniciada a hemodiálise no dia seguinte a internação.
Conclusão
A atividade hipoglicemiante da metformina decorre da inibição da gliconeogênese e glicogenólise nos hepatócitos (ASHRAF et al., 2022). Ainda, aumenta a captação de glicose nos tecidos periféricos insulinodependentes, secundário ao bloqueio da cadeia transportadora de elétrons mitocondrial, inibindo o metabolismo aeróbio, consequentemente induzindo a glicólise anaeróbia, mecanismo responsável pelo aumento do ácido lático (DI MAURO et al., 2022).
A MALA é mais frequente em pacientes com níveis plasmáticos elevados de Metformina, ocorrendo principalmente na DRC. Ainda, também pode ocorrer em casos de redução na metabolização do lactato, como na disfunção hepática ou hiperprodução (ex: sepse). O diagnóstico é realizado perante queda do pH sérico e elevação do lactato, < 7,35 e > 5 mmol/L, respectivamente. Os principais sintomas descritos são dor abdominal, vômitos e sonolência (ASHRAF et al., 2022).
O tratamento inicial é de suporte, porém em casos graves ou resposta inadequada, se faz necessária a terapia de substituição renal (ASHRAF et al., 2022). Estudos disponíveis na literatura sugerem que o principal fator prognóstico é o declínio da função renal (DI MAURO et al., 2022).
Bibliografia
ASHRAF, S. et al. Metformin-Associated Lactic Acidosis: A Case Report and Review. Cureus, v. 14, n. 4, 17 abr. 2022.
DI MAURO, S. et al. Metformin: When Should We Fear Lactic Acidosis? International Journal of Molecular Sciences, v. 23, n. 15, p. 8320, 28 jul. 2022.
JACOBINA, L. P. et al. Acidose láctica induzida por metformina: relato de caso. Revista Brasília Médica, v. 59, n. Anual, p. 1–4, 2022.
KAY CHOONG SEE. Metformin-associated lactic acidosis: A mini review of pathophysiology, diagnosis and management in critically ill patients. World Journal of Diabetes, v. 15, n. 6, p. 1178–1186, 15 jun. 2024.
SILVA, S. H. et al. Metformina: uma nova perspectiva para o tratamento de desordens cancerígenas. Brazilian Journal of Development, v. 9, n. 8, p. 23480–23495, 7 ago. 2023.
Área
Clínica Médica
Instituições
UFSC - Santa Catarina - Brasil
Autores
ISADORA CAROLINE BITENCOURT, Isabel Dalla Vecchia Cecon, Christine Zomer Dal Molin