Dados do Trabalho


Título

Cetoacidose diabética grave abrindo diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 2

Introdução

Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica não transmissível que impacta a vida de milhões de pessoas. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, em 2023 7,6% da população possuía DM, destes, 50% não sabiam do diagnóstico, sendo os homens entre 45 e 70 anos os mais afetados. A cetoacidose diabética, apesar de se tratar de uma complicação mais comum da DM tipo 1, pode representar até um terço de todos os casos em pacientes com DM tipo 2, sendo os pacientes com alta hemoglobina glicada, grande tempo de doença, adolescentes e mulheres, os grupos de maior risco.

Método

Relato de caso.

Descrição do Caso

Paciente P.S.W., 49 anos, masculino, hipertenso, dislipidêmico e obeso procura o serviço de endocrinologia após medida aleatória de glicemia capilar de 337mg/dl. Na consulta relata que estava há 3 dias com inapetência, dor abdominal intensa e vômitos. Além de perda ponderal de aproximadamente 10kg nos últimos 3 meses. Há 1 mês iniciou com polidipsia e poliúria com piora progressiva. Apresentou exames laboratoriais: hemoglobina: 21; hematócrito: 45%; leucócitos: 14.400; exame parcial de urina com cetonúria e proteinúria. Hgt na consulta 336mg/dl. Nega história prévia de DM. Em uso contínuo de sinvastatina 20mg, atenolol 50mg, hidroclorotiazida 25mg. Ao atendimento na clínica, apresentava mal estado geral, sinais de desidratação grave, taquipneia, taquicardia e letargia. Após a avaliação foi encaminhado ao serviço de emergência e iniciado protocolo de reposição volêmica, solicitada gasometria arterial confirmando a cetoacidose grave com pH 7,09; pO2 86,3; pCO2 8,1 e bicarbonato de HCO3 2,5. Encaminhado para a unidade de terapia intensiva com insulina rápida endovenosa em bomba de infusão contínua. Após 2 dias de internação, paciente obteve melhora progressiva do quadro geral, sendo introduzida insulina basal e recebendo alta com tal esquema terapêutico. No acompanhamento ambulatorial foram identificados anti-GAD negativo e hemoglobina glicada de 13%. Evoluiu com bom controle glicêmico sendo suspensa a insulinoterapia após 4 meses da alta, e segue após 1 ano mantendo controle apenas com anti-diabéticos orais.

Conclusão

Este relato destaca a possibilidade de ocorrência da cetoacidose diabética na DM tipo 2, inclusive como primeira apresentação da doença, representa uma complicação grave com possível risco de vida se não identificada e manejada rapidamente.

Bibliografia

1. FAYFMAN M, PASQUEL FJ, UMPIERREZ GE. Management of Hyperglycemic Crises: Diabetic Ketoacidosis and Hyperglycemic Hyperosmolar State. Med Clin North Am. 2017 May;101(3):587-606. doi: 10.1016/j.mcna.2016.12.011.
2. DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA, BIANCA DE ALMEIDA PITITO, LUCIANA BAHIA, KARLA MELO SBD 2023: Dados epidemiológicos do diabetes mellitus no Brasil. Sociedade Brasileira de Diabetes, Epidemiologia do Diabetes no Brasil.
3. ANA TERESA SANTOMAURO, AUGUSTO CEZAR SANTOMAURO JR, ALINE BODART PESSANHA, ROBERTO ABRÃO RADUAN, EMERSON CESTARI MARINO, RODRIGO NUNES LAMOUNIER. Diagnóstico e tratamento da Cetoacidose Diabética. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2023). DOI: 10.29327/5238993.2023-6

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Santa Catarina de Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Autores

LUCAS KARSTEN SOARES, Marta Amaro da Silveira Duval