Dados do Trabalho
Título
Hemorragia pulmonar durante a evolução de infecção pelo vírus da dengue
Introdução
O aumento dos casos de dengue nas últimas décadas é um desafio de saúde pública. Em 2023, mais de cinco milhões de casos foram registrados mundialmente, ocasionando pelo menos cinco mil mortes. Destes registros, pelo menos 80% aconteceram na América, sendo o Brasil o segundo país mais afetado por tal epidemia. A grande maioria dos pacientes apresentam sinais e sintomas leves, mas alguns podem desenvolver a "dengue grave" que pode levar ao óbito. Este estágio crítico surge alguns dias após o início dos sintomas, apresentando sinais de alerta como dor abdominal intensa, êmese persistente, sangramento de mucosas, nas fezes ou na urina, acúmulo de líquido em cavidades corporais, letargia ou inquietação, hepatomegalia e, menos frequentemente, dispneia associada a complicações pulmonares com indicação de internação para adequado manejo clínico.
Método
Trata-se de um relato de caso sobre um paciente que, durante a progressão do quadro de dengue, evoluiu com hemoptise volumosa relacionada a hemorragia pulmonar, associada a síndrome de vazamento capilar e trombocitopenia. Devido ao quadro, necessitou de transferência para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) durante parte da internação.
Descrição do Caso
Paciente do sexo masculino, 77 anos, aposentado, procurou a Emergência com astenia, inapetência, dor epigástrica, petéquias e prurido difuso, levemente desidratado, com diagnóstico de dengue há 6 dias, plaquetopenia moderada e leucopenia. Evoluiu com piora do estado geral, êmese, hemoptise, hematúria macroscópica, febre persistente, crepitantes bilaterais pulmonares, com esforço respiratório e discreta dessaturação, hemograma com desvio à esquerda (9100 leucócitos com 10% de bastões), plaquetopenia (34 mil), hipocalemia e hiponatremia. Na Tomografia Computadorizada (TC) se observava hemorragia pulmonar. Foi iniciado Clavulin empírico. Permaneceu na UTI por 3 dias, sendo escalonado o tratamento para Piperacilina + Tazobactam. Recebeu alta hospitalar após 7 dias de internação. Na alta, resolução da plaquetopenia (110000) e leucopenia (5400 com 1% de bastões).
Conclusão
O período de recuperação da dengue pode não evoluir de maneira adequada, de modo que é imprescindível se atentar para sinais de agravamento do quadro, principalmente em hipóteses onde os achados não são facilmente visualizados no exame clínico. Agindo-se com rapidez, pode-se evitar desfechos mais graves e não desejados, a partir da adoção de medidas terapêuticas mais assertivas.
Bibliografia
BRASIL. Dengue. Ministério da Saúde. Brasília: 2024.
MARCHIORI, E.; HOCHHEGGER, B.; ZANETTI, G. Pulmonary manifestations of dengue. Jornal Brasileiro de Pneumologia. Brasília: v. 46, n. 1, 2020.
Organização Mundial da Saúde. Dengue – Global situation. Genebra: 2023.
Área
Clínica Médica
Instituições
Pontifícia Universidade Católica do Paraná - Paraná - Brasil, Rede de Saúde Divina Providência - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade do Vale do Taquari - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
BRUNO CARRIÇO DE OLIVEIRA, Amanda Martina Spezia, Edisom Paula Brum