Dados do Trabalho


Título

TERAPIA MÉDICA EM MACROADENOMA HIPOFISÁRIO CAUSADOR DE ACROMEGALIA: UM RELATO DE CASO

Introdução

A acromegalia é uma condição rara usualmente causada por um adenoma hipofisário benigno, que leva ao aumento crônico da secreção de hormônio de crescimento (GH) e consequentemente do fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1). Com concentrações elevadas desses hormônios causadas pela patologia, surgem diversas complicações sistêmicas e múltiplas comorbidades. O tratamento visa normalizar os níveis de IGF-1 e GH, reduzir o tumor e aliviar sintomas associados.

Método

As informações deste caso foram obtidas por meio de anamneses, revisão de prontuários, coleta de marcadores endócrinos, registros fotográficos dos métodos diagnósticos e revisão de literatura.

Descrição do Caso

R. M. C., mulher, 40 anos, diagnosticada com acromegalia causado por um tumor hipofisário produtor de GH em 2018, após apresentar Diabetes Mellitus, hipertensão, e sintomas clínicos típicos, como aumento das extremidades e fácies típica. Submetida a ressonância magnética (RM), que revelou tumor hipofisário de 1,9 cm em contato com o quiasma óptico e o seio cavernoso. Em 2019, iniciou tratamento com Octreotida e medicações para diabetes, hipertensão e dislipidemia. O IGF-1 estava em 791 ng/mL em 2018 e aumentou para 1.191 ng/mL em 2019, levando à adição de Cabergolina. Em junho de 2021, uma nova ressonância magnética mostrou o tumor sem redução significativa. Devido à cefaleia intensa, a paciente foi submetida a uma cirurgia em julho de 2021, com ressecção parcial do tumor. Um mês após a cirurgia, o IGF-1 ainda estava alto (784 ng/mL), e o tratamento com Octreotida foi reiniciado. Em 2023, a paciente começou a usar Pegvisomanto em associação. A RM de novembro de 2023 mostrou uma lesão reduzida a 1 cm, com uma diminuição de 50%. Em abril de 2024, o IGF-1 caiu para 357 ng/mL (o normal é até 277 ng/mL). A paciente apresentou melhora clínica, principalmente na cefaléia e na qualidade de vida, e o tratamento foi mantido com Octreotida e Pegvisomanto. Associar a radioterapia seria uma opção, mas associa-se a riscos como hipopituitarismo, AVC e demência.

Conclusão

Embora a cirurgia transesfenoidal seja a primeira linha de tratamento para acromegalia, a terapia médica é bem justificada, especialmente para reduzir sintomas de excesso de GH e sintomas neurológicos causados por adenomas maiores que 1cm. Este caso ilustra o uso de terapia médica pré-operatória para potencializar o sucesso cirúrgico e tratar sintomas refratários pós-operatórios, mostrando melhora significativa na qualidade de vida da paciente.

Bibliografia

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Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

ISABEL DALLA VECCHIA CECON, Pedro Henrique Ribeiro de Paula, Osmario Edson de Andrade Gois