Dados do Trabalho
Título
Endocardite infecciosa com acometimento de valva aórtica em paciente com estenose aórtica grave, valva aórtica bicúspide, pé diabético, manchas de Janeway e sopro cardíaco importante.
Introdução
A endocardite infecciosa (EI) é definida como uma infecção, geralmente bacteriana, do endocárdio, envolvendo principalmente as válvulas Mitral (43%) e Aórtica (40%) [1]. Por se tratar de uma condição de difícil formulação de suspeita clínica, o uso de regras como os Critérios de Duke aumenta o sucesso diagnóstico, que também depende de hemocultura (padrão-ouro), laboratoriais e ecocardiografia. O tratamento da EI é complexo e envolve uma abordagem antimicrobiana e, possivelmente, cirúrgica.
Método
Trata-se de um relato de caso retrospectivo observacional com dados coletados em um hospital público do município de Itajaí - SC.
Descrição do Caso
Paciente masculino, 61 anos, portador de DM2, HAS, Hipotireoidismo, Estenose aórtica grave (EAG) e valva aórtica bicúspide (VAB). Buscou atendimento com a cirurgia vascular por quadro de pé diabético complicado, foi internado e tratado. No entanto, nessa mesma internação iniciou com febre (38,9 ºC) e observou-se o aparecimento de lesões de Janeway e de sopro cardíaco 5+/6+ panfocal com irradiação cervical. O paciente sempre se manteve em bom estado geral e hidratado. Na investigação do foco da febre, foi realizada hemocultura (negativa) e ecocardiograma transtorácico, que evidenciou moderada hipertrofia ventricular esquerda concêntrica e simétrica, hipertensão pulmonar e alterações fibrocálcicas da valva aórtica e dupla disfunção com estenose de grau severa e insuficiência de grau leve. Buscando-se maior detalhamento, foi realizado Ecodopplercardiograma transesofágico (ETE): aumento importante do átrio esquerdo (52 mL/m²) e imagem ecogênica filamentar móvel na face ventricular (0,52 mm) e na face aórtica (0,66 cm) da valva aórtica, compatíveis com vegetação. Dessa maneira, o paciente apresenta 01 critério maior e 03 critérios menores de Duke, confirmando o diagnóstico de EI. Ademais, a VAB é um fator predisponente para a formação de vegetação [3].
Conclusão
Este caso destaca a importância da anamnese e do exame físico, como a identificação das manchas de Janeway, além do ETE que confirmou os critérios de Duke, visto a raridade da EI. O paciente aguarda tratamento da infecção para futura troca valvar por EAG.
Bibliografia
[1] MESQUITA, Claudio Tinoco et al. Endocardite infecciosa: uma revisão narrativa. Medicina, Ciência e Arte, v. 2, n. 1, p. 73-84, 2023.
[2] Khaled Mansoor. e, et al. Infective endocarditis by HACEK: a review. Journal of Cardiothoracic Surgery. v. 17, n. 185, p 1 - 8, ago. 2022. doi: 10.1186/s13019-022-01932-5.
[3] CARVALHO, L. A. G. e, et al. . Complicações da Endocardite Infecciosa em Pacientes com Cardiopatia Congênita Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 3, n. 4, p. 11023–11032, 2020. DOI: 10.34119/bjhrv3n4-356.
Área
Clínica Médica
Instituições
UNIVALI - Santa Catarina - Brasil
Autores
PEDRO HENRIQUE GUASQUE CAVINA, PEDRO PIAZZA SCHMIDT, MATEUS RUFATO VICHETTI