Dados do Trabalho
Título
Desafios diagnósticos na infecção aguda por HIV: um caso atípico em paciente jovem
Introdução
A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um desafio global de saúde pública. De acordo com o Ministério da Saúde (2023), entre 2007 e Junho de 2023, foram notificados 489.594 casos de HIV, com o subdiagnóstico ainda sendo um desafio. A história natural da infecção pelo HIV envolve três fases: aguda, latência clínica e sintomática, que culmina na síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) (SILVA; SANTOS,2023). A infecção aguda pode ocorrer entre 2 a 6 semanas após o contágio, com sintomas inespecíficos, dificultando a suspeita do HIV (TOFOLI et al,2024). Este estudo relata a dificuldade de suspeição de um paciente em fase aguda de infecção por HIV.
Palavras-chave: Subdiagnóstico. HIV. AIDS.
Método
Trata-se de um relato de caso do tipo descritivo e casuístico procedente de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do meio-oeste de Santa Catarina no ano de 2024.
Descrição do Caso
Paciente masculino, 23 anos, procurou atendimento na UBS com queixa de furunculose de repetição, quando recebeu tratamento para o quadro sem maiores investigações. Após dois meses, procurou atendimento médico hospitalar por quadro de febre alta, dor abdominal, sudorese noturna, mialgia e, astenia, tosse produtiva e perda ponderal de 4 kg em três semanas. Negava comorbidades prévias. Inicialmente, suspeitou-se de dengue, malária, tuberculose pulmonar e tuberculose abdominal, mas os exames descartaram tais condições. Os exames laboratoriais revelaram anti-HIV positivo e, após foi verificada carga viral de 1.717.700 cópias/ml e CD4 69 células/uL, além de anemia ferropriva significativa. Instituiu-se terapia antirretroviral com o esquema padrão de Tenofovir 300mg, Lamivudina 300mg e Dolutegravir 50mg.
Conclusão
A inespecificidade dos sintomas, o quadro epidemiológico mais favorável a outras hipóteses diagnósticas, o estigma e a dificuldade da suspeição da fase aguda de infecção pelo HIV dificultaram a condução do caso clínico. A carga viral elevada e a baixa contagem de linfócitos T CD4+ favorecem infecções oportunistas que podem causar o óbito do paciente, quadro que pode ser evitado com diagnóstico precoce e instituição de tratamento dentro da janela de oportunidade. Esse caso demonstra a necessidade de estar atento à possibilidade de infecção aguda pelo HIV diante de sintomas clínicos inespecíficos, observando possível exposição a fatores de risco e janela imunológica para que, diante de uma suspeita clínica, seja então oferecido o teste rápido, amplamente disponível na rede básica de saúde.
Bibliografia
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim Epidemiológico HIV/AIDS 2023. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2023/boletim-epidemiologico-hivaids-2023. Acesso em: 10/08/2024.
SILVA, L. M.; SANTOS, A. M. A história natural da infecção pelo HIV: uma revisão. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 33, n. 1, p. 1-15, 2023. DOI: 10.1590/S0103-73312023000100001.
TOFOLI DE MIRANDA SILVA, L. et al. Análise do perfil epidemiológico de internações por AIDS no Brasil entre 2019 a 2023. Brazilian Journal of Integrated Health Sciences, v. 5, n. 1, e2004, 2024. DOI: 10.1590/2004.
Área
Clínica Médica
Instituições
Universidade do Oeste de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil
Autores
BEATRIZ GODOI GOUVEIA GRANJA, Moana Tonial Viêra , Aline Parisotto