Dados do Trabalho
Título
Disfagia como apresentação inicial de adenocarcinoma de próstata metastático
Introdução
A disfagia é um sintoma importante que aumenta em prevalência com a idade. Tanto os processos orofaríngeos quanto os esofágicos podem contribuir para a disfagia, e estes podem ser diferenciados com um histórico cuidadoso. Os processos estruturais dominam na disfagia esofágica, onde a endoscopia digestiva alta (EDA) pode oferecer oportunidade diagnóstica.
Método
Relato de caso.
Descrição do Caso
Homem de 69 anos refere disfagia progressiva para ingerir sólidos e líquidos há um mês. Evoluiu com dor retroesternal, regurgitação, perda ponderal de 6kg e apetite preservado. Negava tabagismo ou comorbidades. O exame físico era normal. A EDA revelou achados sugestivos de monilíase esofágica e lesão elevada de contornos irregulares, ocupando 40% da circunferência distal do esôfago além de dificuldade na passagem do aparelho. A biópsia da lesão esofágica confirmou monilíase esofágica mas mostrou achados inespecíficos para a lesão elevada. A tomografia demonstrou múltiplas linfonodomegalias retroperitoneais e pélvicas de até 7,6cm e próstata heterogênea de 101cm³. Laboratoriais: PSA total 814ng/ml, PSA livre 198ng/ml, hemoglobina 11,9g/dL. Foi realizada biópsia de linfonodo retroperitoneal com imuno-histoquímica que confirmaram a hipótese de adenocarcinoma de próstata. Cintilografia óssea mostrou lesões osteoblásticas em 6° gradil costal, corpo vertebral T9, úmero e acetábulo esquerdos. Paciente melhorou da disfagia após um curso de 14 dias com fluconazol e encontra-se, atualmente, em tratamento oncológico.
Discussão
Candidíase esofágica é o tipo mais comum de esofagite infecciosa. Pacientes imunocomprometidos correm maior risco, incluindo pacientes com SIDA, leucemia, outras neoplasias malignas, diabéticos e aqueles que estão recebendo corticosteroides e quimioterapia. A EDA é a melhor abordagem para diagnosticar esta doença observando diretamente as lesões semelhantes a placas mucosas brancas e exsudatos aderentes à mucosa, que não desaparecem com água. Esta doença é confirmada por meio de biópsia e o tratamento é feito por medicamentos antifúngicos sistêmicos administrados oralmente em um curso definido.
Conclusão
Devido a um quadro de disfagia, o achado de monilíase esofágica foi seguido de investigação de imunossupressão, que se iniciou com exames de imagem e levou ao diagnóstico de um câncer de próstata avançado. É importante que o clínico tenha em mente a necessidade de, não somente tratar a monilíase esofágica, mas investigar uma causa subjacente.
Bibliografia
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Área
Clínica Médica
Instituições
Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil
Autores
Vanessa Oliveira Fucilini, Eduardo Afonso Tavares, BEATRIZ FRIEDRICHSEN MARQUES