Dados do Trabalho


Título

CETOACIDOSE DIABÉTICA SECUNDÁRIA À DENGUE: UM RELATO DE CASO

Introdução

Pacientes com Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) são especialmente suscetíveis a descompensações glicêmicas durante infecções. No caso da dengue, os desafios são ainda maiores devido a sintomas como náuseas e vômitos, que além de dificultar a manutenção de hidratação e a ingestão alimentar, também podem precipitar quadros graves como cetoacidose diabética.

Método

Relato de caso.

Descrição do Caso

Paciente L.R.S., 23 anos, portador de DM1 em uso de insulina NPH 14-0-18 e insulina regular antes das refeições conforme os valores de hemoglicoteste (HGT). Chega à emergência com queixas de cefaleia, mialgia, poliartralgia e inapetência há 3 dias, com posterior episódios de náuseas e êmese, além de febre aferidas entre 38ºC e 39,5ºC. Devido à baixa ingesta alimentar a paciente manteve apenas o uso da insulina NPH, deixando de aplicar a insulina regular com receio da ocorrência de hipoglicemias. Durante a avaliação inicial apresentava-se hipocorada, desidratada, afebril, com rash cutâneo difuso e discreta petéquias em membros inferiores, além de HGT de 243. Devido histórico epidemiológico da cidade e história clínica pregressa, foram solicitados laboratoriais para investigação que evidenciaram teste rápido para dengue (NS1) positivo, hemograma com 66.000 plaquetas, gasometria arterial com acidose metabólica (pH 7.17, pCO2 18 e bic 6,6), potássio sérico de 4,3 e parcial de urina com glicosúria e cetonúria presentes. A paciente foi diagnosticada com cetoacidose diabética (CAD) desencadeada por dengue. Foi iniciado então protocolo para CAD com hidratação vigorosa e reposição de potássio intravenoso (IV), além de insulina em bomba de infusão contínua (BIC). Com o diagnóstico foi transferida para UTI para estabilização clínica. Paciente evoluiu com melhora clínica importante, mantinha queixa de cefaleias esporádicas, porém já aceitava melhor a dieta e líquidos. Apresentou no dia seguinte à internação melhora da gasometria, com acidose metabólica discreta (pH 7,41 e bicarbonato de 19,2), porém com piora dos níveis de plaquetas séricas, chegando a 38.000, com recuperação espontânea no 5º dia de internação, sem necessidade de transfusão, onde recebeu alta para seguimento ambulatorial.

Conclusão

Este relato destaca a importância do monitoramento rigoroso dos níveis glicêmicos e da vigilância para sinais de descompensação metabólica em com DM1 durante surtos de dengue, além de enfatizar a necessidade de intervenções precoces para prevenir complicações graves.

Bibliografia

HTUN, NSN et al. O diabetes é um fator de risco para uma apresentação clínica grave da dengue? - revisão e meta-análise. PLoS neglected tropical diseases , v. 9, n. 4, p. e0003741, 2015.

SUPRADISH, PO et al. Febre hemorrágica da dengue grau III com cetoacidose diabética: relato de caso. Chotmaihet thangphaet [Journal of the Medical Association of Thailand] , v. 94 Suppl 3, 2011

DALUGAMA, C.; GAWARAMMANA, IB Febre hemorrágica da dengue complicada com cetoacidose diabética transitória: relato de caso. Journal of medical case reports , v. 11, n. 1, 2017.

Área

Clínica Médica

Instituições

Fundação Universidade Regional de Blumenau - Santa Catarina - Brasil, Hospital Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

MARIA EDUARDA GUISONI ELIAS, Fernanda Pereira, Marta Amaro da Silveira Duval