Dados do Trabalho
Título
Apoplexia hipofisária com manifestação através de déficit focal: um relato de caso
Introdução
A apoplexia hipofisária (AH), definida como uma súbita hemorragia da glândula
hipófise, frequentemente secundária à presença de um adenoma hipofisário, consiste em
uma causa incomum de cefaleia excruciante de apresentação aguda [1]. Além dessa
manifestação (a mais comum, presente em quase todos os pacientes), a apresentação
clínica clássica da apoplexia hipofisária inclui vômitos, redução da acuidade ou campo
visuais e meningismo, e os pacientes podem evoluir posteriormente com perda da
função hipofisária [2,3]. A despeito de sua baixa incidência na população geral, a AH
deve constar no radar do clínico mediante evidência de massa pituitária em exame de
imagem do encéfalo de pacientes com sintomas compatíveis, pois a realização de um
diagnóstico rápido é essencial para determinar condutas capazes de diminuir a
morbidade da doença e evitar procedimentos desnecessários [3].
Método
Relato de caso transversal.
Descrição do Caso
Paciente masculino, 50 anos, previamente hígido, chega por meios próprios ao serviço
de emergência clínica encaminhado de UPA por rebaixamento do nível de consciência
(Escala de Coma de Glasgow 10) e história de crises de cefaleia frontal em aperto há 5
dias, prostração e sonolência há 3 dias e pico febril relatado há 1 dia. Procurou
atendimento em UPA 2 vezes durante esse período, sendo diagnosticado com
arbovirose. Admitido em leito de reanimação com sinais vitais estáveis e afebril, notou
se rigidez de nuca, o que levou à hipótese de meningoencefalite e consequente início de
antibioticoterapia empírica e solicitação de tomografia computadorizada de crânio que
apresentou lesão expansiva selar medindo cerca de 1,3x1,5x1,5cm, descrita como
provável macroadenoma. Em sequência, paciente evoluiu com midríase,
comprometimento de movimento ocular medial e ptose palpebral à direita, sugerindo
comprometimento de nervo oculomotor.
Conclusão
Paciente apresentou recuperação gradual do nível de consciência após os dois primeiros
dias de internação hospitalar (IH), mas manteve sinais de comprometimento de nervo
oculomotor à direita e relatou hemianopsia temporal ipsilateral ao acordar e, além disso,
evoluiu com pan-hipopituitarismo posteriormente. Apenas após a realização de
ressonância magnética de crânio no 13º dia de IH foi constatado quadro de apoplexia
hipofisária e solicitado parecer de serviço de neurocirurgia, que indicou abordagem
cirúrgica e transferência para hospital de referência na região.
Bibliografia
1. BRIET, C; et al. Pituitary Apoplexy. Endocrine Reviews, Oxford, v. 36, n. 6, p.
622-645, set. 2015.
2. BIOUSSE, V; NEWMAN, N; OYESIKU,N. Precipitating factors in pituitary
apoplexy. Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry, Londres, v. 41, n.
4, p. 542-545, out. 2001.
3. RANDEVA, H.-S; et al. Classical pituitary apoplexy: clinical features,
management and outcome. Clinical Endocrinology, Hoboken, v. 51, n. 2, p. 181
188, ago. 1999.
Área
Clínica Médica
Instituições
Hospital Regional de São José Dr Homero de Miranda Gomes - Santa Catarina - Brasil
Autores
JOSÉ VITOR TONDO, José Henrique Folli Sarmento, Judah Benhur Campos