Dados do Trabalho


Título

Esofagite eosinofílica: desafios no diagnóstico diferencial e impactos do diagnóstico tardio, um relato de caso

Introdução

A esofagite eosinofílica (EoE) é uma doença rara, com prevalência de 12,8 casos a cada 100 mil habitantes. Caracteriza-se por uma inflamação esofágica, autoimune, que danifica a mucosa do esôfago e afeta suas funções sensitivas e motoras de maneira crônica. O diagnóstico clínico da EoE é frequentemente desafiador devido à semelhança de seus sintomas, como disfagia, pirose e dor retroesternal, com outras condições, como a doença do refluxo gastroesofágico e o infarto agudo do miocárdio. A realização da endoscopia digestiva alta (EDA) com biópsia, para um diagnóstico diferencial é necessária. O diagnóstico tardio pode agravar o estado físico do paciente, levando à disfagia progressiva e perda funcional, com complicações como a estenose esofágica.

Método

Revisão de caso baseado em prontuários e discussão com o paciente.

Descrição do Caso

Paciente, R.S.S, feminina, 53 anos, sem comorbidades. Em 2016, a paciente começou a apresentar pirose, náuseas, eructação, gastralgia e disfagia, associados a uma infecção por Helicobacter pylori. Realizou o tratamento preconizado, com melhora significativa dos sintomas. Janeiro de 2024, retornaram os sintomas, incluindo dor retroesternal com intensidade 8 na escala de dor, motivando uma consulta com um cardiologista. Após a exclusão de causas cardíacas e a realização de uma EDA, foi diagnosticada com esofagite eosinofílica. Foram realizados os exames de avaliação de IgE, tendo hipersensibilidade nos exames IgE específicos para ovo (resultado: 2,85kU/L), para alfa lactoalbumina (resultado: 4,30 kU/L) e para caseína (resultado: 1,35 kU/L). Foi preconizado orientação nutricional de acordo com o resultado dos exames específicos. Associado à terapia plena de refluxo gastro esofágico, medidas comportamentais e corticóide inalatório esofágico, havendo significativa melhora dos sintomas.

Conclusão

Este caso destaca a raridade da esofagite eosinofílica e a complexidade envolvida em seu diagnóstico diferencial. Devido à semelhança dos sintomas da EoE com outras condições mais prevalentes como a doença do refluxo gastroesofágico e problemas cardíacos, o diagnóstico na maior parte das vezes é tardio. Exames específicos são necessários, como a endoscopia digestiva alta com biópsia. Este relato sublinha a importância de considerar esofagite eosinofílica como parte do diagnóstico diferencial em pacientes com sintomas gastrointestinais atípicos e persistentes, a fim de evitar complicações e melhorar o manejo clínico.

Bibliografia

1. Ferreira, Cristina Targa, et al. “Esofagite Eosinofílica - Qual é a Nossa Posição Atual?” Jornal de Pediatria, vol. 95, no. 3, 1 July 2019, pp.275–281, https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.06 .012. Acessado 20 Maio 2022.

2. Furuta, Glenn T., et al. “Eosinophilic Esophagitis in Children and Adults: A Systematic Review and Consensus Recommendations for Diagnosis and Treatment.” Gastroenterology, vol. 133, no. 4, Oct. 2007, pp. 1342–1363, https://doi.org/10.1053/j.gastro.2007. 08.017.

3. Lucendo, Alfredo J, et al. “Guidelines on Eosinophilic Esophagitis: Evidence-Based Statements and Recommendations for Diagnosis and Management in Children and Adults.” United European Gastroenterology Journal, vol. 5, no. 3, 23 Jan. 2017, pp. 335–358, doi.org/10.1177%2F20506406166895 25, https://doi.org/10.1177/20506406166 89525.

Área

Clínica Médica

Categoria

Caso Controle

Instituições

FEEVALE - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

ENZO BATISTELLO PILGER, TOMÁS BARBIERI, SIMONE MARTINI