Dados do Trabalho

Título

CARCINOMA MAMÁRIO COM METÁSTASE ISOLADA EM OVÁRIO: RELATO DE CASO

Introdução

O câncer de mama é a principal neoplasia feminina no mundo e abrange um grupo diversificado de doenças, em termos de fenótipo e prognóstico. Os principais sítios de metástase são os ossos, pulmões, fígado e cérebro (DeVita et al., 2019). Metástase ovariana é incomum, e a diferenciação com um tumor primário de ovário pode ser difícil, mas sugerida por aspectos morfológicos e imunohistoquímica (Gagnon, Y; Tetu, B,1989). O receptor de estrogênio em tumores mamários tem valor prognóstico, associado a
maior sobrevida, pelo emprego da terapia endócrina com o uso de moduladores de seu receptor, como o tamoxifeno, associado ou não
à indução de menopausa. Descreve-se caso de metástase ovariana isolada, descoberta após ooforectomia bilateral.

Método

Relato de caso baseado em revisão de prontuário. Discute-se artigos que tratam do diagnóstico e prognóstico em casos similares,
de acordo com busca realizada no PUBMED, com os termos "ovarian metastases" [Title/abstract] AND "breast cancer" [Title/abstract]

Descrição do Caso

Paciente AGS, 36 anos, com diagnóstico de câncer de mama em 2021. Abordada cirurgicamente em abril de 2022 e estádio
pT2N1Mx. Em maio de 2022, foi re-estadiada tomografias e cintilografia, sem evidência de metástases. Submetida a quimioterapia com protocolo AC-T e radioterapia adjuvante, completada em janeiro de 2023. Por se tratar de doença de alto risco para recorrência, na pré-menopausa, foi indicada ooforectomia bilateral e terapia endócrina de longo prazo com tamoxifeno. Como achado do procedimento
cirúrgico, encontrou-se metástase ovariana bilateral. O seguimento oncológico não evidenciou nenhum outro sítio de metástase até
treze meses sob acompanhamento.

Conclusão

Relata-se caso de mulher jovem com carcinoma mamário, receptor hormonal positivo, e metástase isolada em ovários, descoberta
durante ooforectomia bilateral. Esse tipo de situação foi descrito previamente e, na maioria dos casos, o quadro clínico é assintomático e o diagnóstico realizado de modo incidental por achado de imagem ou devido ooforectomia profilática (Shakya et al., 2021; Peters et al., 2017). Embora a presença de metástase ovariana implique em prognóstico adverso (Dubois, 2009;
Gagnon, Y; Tetu, B, 1989), há casos de sobrevida prolongada, sobretudo em pacientes abaixo de 50 anos (Gagnon, Y; Tetu, B, 1989) ou submetidas a citorredução pélvica, com sobrevida mediana de 3 anos e relato de sobrevida superior a uma década (Zehetleitner
G; Thiel, I; Petru, E, 2002).

Bibliografia

DEVITA et al. DeVita, Hellman and
Rosenberg’s Cancer - Principles and Practice
of Oncology. Philadelphia: Wolters Kluwer,
2019.
GAGNON Y, TETU B. Ovarian metastases of
breast-carcinoma - a clinicopathologic study of
59 cases. Cancer, v.64, n.4, p.892-8, 1989.
PETERS, IT et al. Prevalence and Risk Factors
of Ovarian Metastases in Breast Cancer
Patients < 41 Years of Age in the Netherlands:
A Nationwide Retrospective Cohort Study.
PLoS One, v.12, n.1, 2017.
SHAKYA, P et al. Metastatic ovarian
carcinoma in breast cancer patients during
risk-reducing salpingo-oophorectomy: Report
of two cases. Ann Med Surg (Lond), v.73,
2021.
ZEHETLEITNER, G; THIEL, I; PETRU, E.
Long-term disease-free survival after breast
cancer metastatic to the ovary. Int J Gynecol
Cancer, v.12, n.3, p.317-8, 2002.