Dados do Trabalho
Título
Infarto Agudo do Miocárdio Relacionado ao Uso de Esteróides Anabolizantes: Relato de Caso
Introdução
Esteróides anabolizantes androgênicos (EAA) são utilizados inadvertidamente no ambiente esportivo e estético para promover hipertrofia, força e resistência. Seu uso está associado a diversas doenças cardiovasculares (DCV), como o infarto agudo do miocárdio (IAM). Assim, representam um grande risco cardíaco.
Método
As informações foram obtidas por meio de revisão do prontuário médico, entrevista com o paciente, registro dos métodos diagnósticos e análise da literatura.
Descrição do Caso
Homem, 36 anos, sem comorbidades, nega tabagismo e sem antecedentes familiares de DCV. Apresentou dor torácica súbita, intensa, opressiva, com irradiação para o membro superior esquerdo e mandíbula, associada a dispneia e sudorese. Relatou uso de EAA, como enantato de testosterona, trembolona e estanozolol, durante cinco anos, a fins estéticos. Na admissão, o eletrocardiograma revelou supradesnivelamento do segmento ST nas derivações anterosseptais (V1-V4). Iniciado protocolo de dor torácica com ácido acetilsalicílico (AAS) e clopidogrel, prontamente encaminhado ao cateterismo cardíaco, identificou-se oclusão de 80% no terço proximal da artéria descendente anterior, com presença de trombo intracoronário e lesão aterosclerótica significativa. Procedeu-se com a tromboaspiração seguida de angioplastia com implante de stent, resultando na reperfusão coronariana. O ecocardiograma subsequente mostrou fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 60%, sem disfunção segmentar. O paciente recebeu alta hospitalar com prescrição de AAS, clopidogrel, beta-bloqueador, inibidores da enzima conversora de angiotensina, estatina, anticoagulante e orientado a cessação imediata do uso de EAA.
Conclusão
A correlação entre o uso de EAA e a patogênese de DCV, já é estabelecida. Os EAA aceleram a aterogênese, promovem a agregação plaquetária e induzem um estado pró-trombótico, aumentando o risco de IAM. Outras alterações podem ser observadas, como a hipertrofia ventricular esquerda, que também é frequentemente associada em usuários de EAA. Desse modo, é fundamental a vigilância clínica e conscientização dos riscos cardiovasculares relacionados aos EAA, mesmo em jovens sem fatores de risco, sendo a suspensão imediata dessas substâncias essencial para prevenir complicações graves.
Bibliografia
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Área
Clínica Médica
Categoria
Transversal
Instituições
Furb - Santa Catarina - Brasil
Autores
MARIO JOSE BATTISTELLA JUNIOR, Lucas Testoni, Franciely Bueno Wiginesk