Dados do Trabalho
Título
Acantose glicogênico em esôfago: um relato de caso
Introdução
A acantose glicogênica em esôfago está presente em cerca de 25% da população, sendo encontrada em cerca de 3,5-15% das endoscopias, e em até 30% dos estudos contrastados de imagem do trato gastrointestinal. São caracterizadas como lesões elevadas arredondadas, de 2 a 10mm de diâmetro, e são encontradas normalmente múltiplas lesões no terço distal do esôfago. Acomete pacientes entre a quarta e quinta década de vida, majoritariamente do sexo masculino, e costumam ser progressivas. Há grande associação com a doença de Cowden além de associação com doença celíaca, principalmente em crianças. Sua fisiopatologia é incerta, mas não possui relação ao metabolismo de glicose ou resistência à insulina. Os achados visuais endoscópicos são altamente preditivos, porém, o diagnóstico pode ser realizado por biópsia e pela aplicação de lugol no local, que cora tecidos ricos em glicogênio, fazendo o diagnóstico diferencial de leucoplasia e candidíase, que possuem aparência similar na endoscopia. A condição é considerada benigna e não necessita de tratamento específico.
Método
Este relato de caso foi desenvolvido a partir do prontuário e de exames laboratoriais do paciente atendido em consultório particular.
Descrição do Caso
Masculino, 27, natural de Porto Alegre. Se apresenta a consultório médico em abril de 2021 com história de disfagia há 1 ano. Nega uso de medicamentos e história familiar de neoplasia. Realizou endoscopia digestiva alta em 2020 sem alterações patológicas, pesquisa de helicobacter pylori negativa, ecografia abdominal total e de tireóide normais. No exame físico não foram encontradas particularidades. Iniciou trimebutina e foi solicitada nova endoscopia, com resultado de esofagite, pesquisa de helicobacter pylori negativa e sorologia para doença de Chagas negativa. Realizada manometria esofágica evidenciando hipotonia do esfíncter esofágico inferior, persistindo com disfagia. Iniciado nifedipino e indicada ablação por radiofrequência endoscópica com melhora dos sintomas. Em agosto de 2024 apresentou retorno da disfagia e dispepsia. Nova endoscopia evidenciou esôfago com peristaltismo reduzido e biópsia compatível com acantose glicogênica, sem outras alterações. Prescrito domperidona 10 mg ao dia.
Conclusão
A acantose glicogênica em esôfago é um achado relativamente comum. Entretanto, é necessário que seja considerado como um diagnóstico diferencial a esofagite, visto que é um dos fatores de risco para a condição.
Bibliografia
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Área
Clínica Médica
Instituições
Universidade Feevale - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
DANIELA MANTOVANI ANONI, MAISA KASPARY ZWIRTES, LUIS HENRIQUE DEL ARROYO TARRAGÔ CARVALHO