Dados do Trabalho


Título

O olhar clínico frente à urgência: um relato de caso de estenose aórtica e os desafios do SUS.

Introdução

A estenose aórtica é um distúrbio valvular que leva à obstrução do fluxo de saída do ventrículo esquerdo com início de sintomas como dispneia aos esforços e fadiga, evoluindo para dor torácica, insuficiência cardíaca e síncope. Embora a sobrevivência seja excelente durante a fase assintomática, a mortalidade ultrapassa 90% após o início dos sintomas, devido à rápida progressão da doença (PUJARI et al, 2024). Desse modo, intervenções devem ser realizadas de forma rápida, entretanto, a necessidade da espera de exames e consultas podem resultar em tratamento tardio do quadro clínico.

Método

Compreende um relato de caso de prevalência na UBS Rio Pequeno em Camboriú/SC no período de 07/12/2022. São descritos os dados essenciais da anamnese e exame físico, seguidos pela investigação clínica, condutas adotadas e análise do caso.

Descrição do Caso

Homem CIS, 43 anos, inicia atendimento em UBS Rio Pequeno por mal-estar geral, com bulhas hipofonéticas, ritmo regular em 2 tempos e sopro sistólico 4+/6+ audível em todos os focos cardíacos. Foi solicitado um ecocardiograma transtorácico, que evidenciou: aumento da aorta ascendente (45mm), remodelamento concêntrico do VE, disfunção diastólica de grau I, dupla lesão aórtica com predomínio de estenose importante, refluxo tricúspide com valva anatomicamente normal e sinal de hipertensão pulmonar. Diante disso, foi prescritos Furosemida 40 mg e Succinato de Metoprolol 25 mg, com encaminhamento ao cardiologista com urgência (NYHA II). Após 2 meses, retornou à UBS com progressão da fadiga, episódios de tontura e perda de consciência recorrente, com limitações de atividades diárias, relatando ter realizado cateterismo e aguardando angiotomografia de tórax e da aorta torácica para programação cirúrgica via SISREG. Diante disso, foi prescrito adicionalmente Enalapril, orientando a urgência da realização do exame aguardado. Entretanto, o paciente refere não ter condições econômicas para realizar de forma particular, restando a espera. O paciente não retornou à UBS.

Conclusão

Infere-se, portanto, que esse caso ressalta a importância do profissional de saúde ter um conhecimento técnico em exames cardiológicos, sendo capaz de reconhecer sinais clínicos que podem agilizar o diagnóstico e diminuir as complicações do quadro. Por fim, a necessidade de intervenção cirúrgica imediata, evidencia um desafio adicional: a demora no acesso a exames de imagem pelo SUS, o que pode atrasar o tratamento e agravar o quadro clínico.

Bibliografia

ABBAS, Amr E. Aortic stenosis: case-based diagnosis. Londres: Springer, 2015. Disponível em: DOI: 10.1007/978-1-4471-5242-2_1. Acesso em: 27 ago. 2024.
GRIMARD, B. H.; SAFFORD, R. E.; BURNS, E. L. Aortic stenosis: diagnosis and treatment. Am Fam Physician, v. 93, n. 5, p. 371-8, 1 março, 2016. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26926974. Acesso em: 27 ago. 2024.
PUJARI, S. H.; AGASTHI, P. Aortic stenosis. Em: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2024. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32491560. Acesso em: 27 ago. 2024.

Área

Clínica Médica

Categoria

Prevalência

Instituições

UNIVALI - Santa Catarina - Brasil

Autores

ANDREZZA VERRI LUCCA, RAFAEL DA SILVA