Dados do Trabalho
Título
Diagnóstico, evolução e manejo terapêutico de aneurisma de artéria coronária descendente anterior: um relato de caso
Introdução
O aneurisma de artéria coronária (AAC) é caracterizado por uma dilatação que excede 1,5 vezes o diâmetro normal do vaso, sendo considerado gigante quando ultrapassa quatro vezes o diâmetro normal. Ainda não há consenso sobre o melhor manejo do AAC, o que motivou a discussão deste caso.
Método
Relato de caso do tipo caso controle.
Descrição do Caso
Paciente masculino de 66 anos, com histórico de cardiopatia isquêmica e tabagismo, foi hospitalizado em 2015 após um infarto do miocárdio inferior. O cateterismo (CAT) revelou oclusão da artéria coronária direita (ACD), aneurisma na artéria descendente anterior (ADA) e dilatação aneurismática da artéria circunflexa (ACx). O tratamento foi conservador, com dupla antiagregação plaquetária. Angiotomografias de 2015 e 2017 mostraram poucas mudanças, mas em 2020 foi identificado um aneurisma sacular parcialmente trombosado na ADA, placas e dilatação aneurismática na ACx, oclusão da ACD, além de dilatação do ventrículo esquerdo e da raiz da aorta. Em 2022, o paciente apresentou leve dispneia, e uma nova angiotomografia revelou um aneurisma gigante na ADA medindo 25,8 mm de diâmetro total e 16,5 mm, sinais de oclusão na ACD, e irregularidades parietais na ACx (figura 1).
A expansão do aneurisma impôs a mudança na conduta terapêutica, sendo indicada cirurgia e, no pré-operatório, foi realizado estudo angiográfico das coronárias que evidenciou ADA com aneurisma gigante em ⅓ proximal, ACD com oclusão em ⅓ proximal e ACx com dilatação aneurismática (figura 2).
Durante o procedimento de revascularização e ressecção do aneurisma, houve dissecção da aorta ascendente, corrigida com um tubo de DACRON.
Conclusão
A incidência de AAC é cerca de 2,8%, afetando principalmente homens e segmentos proximais das artérias coronárias. A maioria dos pacientes é assintomática e o diagnóstico é frequentemente incidental. As causas incluem aterosclerose (responsável por cerca de 50% dos casos em adultos) e inflamação (a doença de Kawasaki é a segunda maior causa em adultos e lidera a incidência na pediatria). Os métodos diagnósticos são CAT, angio TC, ecocardiograma e ressonância magnética cardíaca. O tratamento é controverso e pode envolver terapias antitrombóticas, cirurgia ou intervenção coronária percutânea, com decisões individualizadas baseadas em fatores clínicos, localização, tamanho e na experiência médica. Apesar dos avanços tecnológicos, ainda há uma lacuna de informações no tratamento do AAC, destacando a importância da experiência do médico na tomada de decisões.
Bibliografia
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Área
Clínica Médica
Categoria
Caso Controle
Instituições
Unidavi - Santa Catarina - Brasil
Autores
ANA PAULA SCHONARTH