Dados do Trabalho
Título
QUERATODERMIA AQUAGÊNICA: RELATO DE CASO
Introdução
A queratodermia aquagênica é uma condição rara da pele que afeta principalmente mulheres jovens adultas. Foi descrita com o termo "enrugamento aquagênico" devido à mudança que ocorre na pele após o contato com a água, na qual se identificam placas irregulares que tornam-se esbranquiçadas e maceradas, desaparecendo em 30-60 minutos.
Método
Trata-se de um relato de caso de caráter descritivo e retrospectivo.
Descrição do Caso
M.E.F.D, sexo feminino, 18 anos, com histórico de enxaqueca, iniciou há um ano com prurido em regiões palmar e plantar, associado com placas de aspecto macerado, úmido e com hiperceratose, que aparecem em contato com a água, retornando ao aspecto habitual em cerca de 30 minutos após a exposição. Nega outros sintomas sistêmicos. O quadro se intensificou há 30 dias, o que associa à maior frequência do uso de medicação para crises de enxaqueca. A paciente faz uso de anticoncepcional, sertralina, paracetamol, e nas crises enxaquecosas utiliza naratriptano e cetoprofeno. Exames laboratoriais evidenciaram lipase de 156U/L. Hemograma, amilase, glicose, creatinina, uréia, TGO, TGP, parcial de urina, bilirrubina, ferro, TSH, T4 livre e ferritina nos níveis da normalidade. Anticorpos para rubéola IgG e IgM não reagentes. Tomografia de tórax e de crânio sem alterações. Dada a hipótese diagnóstica clínica de acroqueratodermia aquagênica, iniciou-se o tratamento com cloreto de alumínio 10% em gel à noite e creme hidratante com ureia 10% pela manhã. Após duas semanas, apresentou melhora completa da doença em mãos. Permaneceu com leve descamação nos pés, sugestiva de tinea pedis. Foi realizado o tratamento com miconazol em creme por 20 noites e com gel de cloreto de alumínio a 20%. Retorna com melhora completa de palmas e plantas, sem manifestação em contato com a água. Foi sugerido o tratamento profilático da enxaqueca, uma vez que, segundo relatos de literatura, a piora do quadro pode ser associada ao uso de inibidores da ciclooxigenase-2 (COX-2).
Conclusão
A queratodermia aquagênica trata-se de uma doença com poucos casos descritos, possivelmente subdiagnosticada. A fisiopatologia é pouco conhecida, associada ao aumento da capacidade de retenção de água no estrato córneo e alterações do ducto sudoríparo. O caso descrito corrobora com outros relatos associados ao uso de inibidores da COX-2, visto que a paciente utilizava tais medicamentos com frequência. O tratamento com cloreto de alumínio mostrou-se eficaz, proporcionando remissão da doença.
Bibliografia
CONDE-SALAZAR, L. et al. Acroqueratodermia siríngea acuagénica. Presentación de dos casos. Actas dermo-sifiliograficas, v. 97, n. 4, p. 275–277, 2006.
MARÍN-HERNÁNDEZ, E. et al. Queratodermia acuagénica. Boletin medico del Hospital Infantil de Mexico, v. 79, n. 3, 2022.
PARK, B. G. et al. A case of idiopathic aquagenic wrinkling of the palms successfully treated with 20% aluminum chloride hexahydrate. Annals of dermatology, v. 35, n. Suppl 2, p. S371, 2023.
Área
Clínica Médica
Categoria
Transversal
Instituições
Universidade do Oeste de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil
Autores
BEATRIZ FERRANDIN, BERNARDO DALLA ROSA, TAIRINE PREZZI