Dados do Trabalho


Título

Tendência temporal da incidência e de mortalidade por câncer colorretal em pacientes com 30 a 49 anos no Brasil, entre 2013 e 2022

Introdução

O câncer consiste na proliferação anormal das células, muito além do seu limite habitual, e se torna trágica no momento que não é possível frear a multiplicação das células doentes isentando as saudáveis1. Especificamente, o câncer colorretal (CCR) é o terceiro mais comum no Brasil e a segunda principal causa de morte por neoplasia no país2. A fim de prevenir a doença, no Brasil é preconizado o rastreamento através de colonoscopia de todos os indivíduos com idade maior ou igual a 50 anos ou que apresente alto risco, sendo história de CCR familiar ou pessoal, doenças inflamatórias intestinais ou síndromes genéticas, como síndrome de Lynch. 2 Entretanto, houve um aumento da incidência desse câncer na população abaixo a idade de rastreio, diante desse fato surge o que questionamento se há necessidade de medidas mais precoces para o controle deste agravo3.
Nos Estados Unidos, por exemplo, foi realizado um estudo de coorte o qual analisou a incidência de câncer colorretal no período 1974 a 2013 (n = 490 305) e concluiu que as taxas desse câncer aumentaram de 1,0% a 2,4% anualmente desde 1980 em adultos de 20 a 39 anos e de 0,5% a 1,3% em 1990 em adultos de 40 a 54 anos4. Um estudo europeu investigou a incidência e mortalidade do câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos entre 1990 e 2016. Os autores concluíram que houve um aumento na incidência do câncer colorretal entre jovens adultos e sugerem que as diretrizes de rastreamento precisam ser revisadas.5
No Brasil, estudo de coorte analisou a mortalidade em pacientes com CCR, de 35 a 80 anos, no período de 1980 a 2014, e concluiu que houve aumento evidente na faixa etária mais jovem e mais prevalente em homens.6 Na região sul do Brasil, estudos de tendência temporais enfatizam o significante aumento da mortalidade nos estados do Paraná e Santa Catarina, nos anos 1980 a 2013 e 1980 a 2006, respectivamente.3,7
Todavia, estudo brasileiro ressalta que os diagnósticos estão sendo considerados tardios,
pois quando diagnosticados já apresentam estadiamentos avançados (III e IV) reforçando que os pacientes com idade menor ou igual a 50 anos teriam se beneficiado se tivessem sido submetidos a exames de rastreamento para CCR aos 45 anos e eliminado lesões precursoras.8 Pouco se sabe sobre quais os fatores vêm influenciando o aumento de casos de CCR em adultos jovens, porém a mudança de hábitos alimentares, sedentarismo e padrão de vida da população mais jovem pode apresentar forte correlação.
Diante do exposto, considerando o aumento da incidência do CCR em pessoas jovens e que o atraso no diagnóstico e o estadiamento avançado da doença estão associados à evolução desfavorável do CCR em jovens, compreender o padrão temporal da incidência e de mortalidade poderá servir de subsídios para ações de prevenção, rastreio, detecção precoce e tratamento. Portanto, o objetivo do estudo foi analisar a tendência temporal das taxas de incidência e de mortalidade por câncer colorretal em pacientes com 30 a 49 anos no Brasil, entre 2013 e 2022.

Método

Estudo ecológico de séries temporais a partir dos dados do PAINEL oncologia e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). O método jointpoint foi utilizado no cálculo da variação percentual anual (APC).

Resultados

Foram analisados 41.943 casos de CCR e 18.308 óbitos no Brasil. A incidência teve padrão de crescimento 10,30% ao ano. A mortalidade permaneceu estável.

Conclusão

Houve crescimento anual significativo na incidência e a mortalidade permaneceu estacionária no período analisado.

Bibliografia

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Área

Clínica Médica

Categoria

Transversal

Instituições

Unisul - Santa Catarina - Brasil

Autores

LUIZA FRANZ MACHADO, JÚLIA BACKES TORRES, FRANCIELE CASCAES DA SILVA