Dados do Trabalho


Título

PINCELAMENTO DE FERTILIZANTES FOLIARES SOBRE CANCROS DE NEONECTRIA DITISSIMA EM PLANTAS DE MACIEIRA NO CICLO 2019/2020

Introdução

Atualmente o cancro europeu da macieira, causado por Neonectria ditissima é considerado a principal preocupação dos fruticultores de maçã no sul do Brasil. A principal estratégia de manejo da doença é a erradicação de ramos e plantas sintomáticas, bem como a proteção dos ferimentos e aberturais naturais com a aplicação de fungicidas (Araujo et al., 2016). No entanto, muitos fruticultores são reticentes a ideia de eliminar um ramo, ou uma planta e para evitar esta estratégia utilizam produtos alternativos nos cancros, a exemplo de fertilizantes foliares.

Resumo

O objetivo do presente estudo foi verificar a eficiência de alguns tratamentos alternativos utilizados pelos fruticultores em pomares comerciais para controle do cancro europeu sobre lesões em ramos de macieira. Cancros foram pincelados com diferentes tratamentos e 12 meses após avaliou-se o número de cancros/planta, tamanho da lesão e número de esporos nas lesões. O pincelamento de lesões de cancro europeu com fertilizantes foliares, ou mesmo fungicida padrão (controle positivo) não reduziram os componentes epidemiológicos da doença, comparado a testemunha não tratada. Assim a recomendação da pesquisa é a eliminação ou erradicação de qualquer tecido sintomático da macieira, independentemente do nível da área afetada.

Objetivos

O presente estudo tem como objetivo verificar a eficiência destes produtos alternativos no controle do cancro europeu sobre lesões em ramos de macieira.

Material e Método

Foram selecionadas plantas sintomáticas com dois ou três cancros no tronco principal ou ramos grossos em um pomar de macieira ‘Gala’, enxertada sobre o porta-enxerto Marubakaido com alta incidência de cancro europeu. Nestas plantas com auxílio de um paquímetro foram registrados medidas de comprimento e diâmetro das lesões na implantação do experimento. Nos cancros/lesões foram pincelados os seguintes tratamentos: T1: Testemunha (não foi realizado nenhum tratamento); T2: Ácido peracético 5% (AP, Monix®) sem utilização de tinta acrílica (TA); T3: AP 5% + TA; T4: Fosfito de potássio 10% (FK, Fitofos-K Plus®) sem utilização de TA; T5: FK 10% + TA; T6: Óleo mineral (OM) de motor de carro reutilizado; T7: TA; T8:Tebuconazol 10% (Alterne®; controle positivo) + TA; e T9: Proteção das lesões com filme PVC. As aplicações dos produtos foram repetidas aos 30 e 60 dias após o primeiro tratamento. O delineamento experimental foi completamente casualizado com quatro repetições, e as médias submetidas ao teste de Duncan a 5% de probabilidade. O experimento foi implantado em 30/07/2020 e avaliações dos componentes epidemiológicos em 02/08/2021. Avaliou-se o número de cancros/planta, expansão do tamanho da lesão (cm/ano; Medida final – medida inicial) e número de esporos (conídios e ascósporos) nas lesões (todas lesões/repetição/tratamento foram destacadas e lavadas em 200 mL de água, e em seguida mensurado o número de esporos/mL com auxílio de um microscópio).

Resultados e discussão

Após 12 meses da implantação do experimento, o único tratamento que reduziu o número de cancros em relação a testemunha foi a proteção das lesões com filme PVC (T9) (Fig 1A). Nos tratamentos T3, T5 e T6 foi observado maior número de cancros em comparação a testemunha (Fig. 1A). A proteção das lesões com filme PVC (T9) apresentou os menores índices de diâmetro em comparação a testemunha (Fig. 1B). No tratamento com OM foi observado os maiores comprimentos de lesão em relação a testemunha (Fig. 1B). Nos demais tratamentos não foi observado diferenças significativas na expansão de tamanho de lesão, comparado a testemunha (Fig 1B). Lesões que receberam os tratamentos OM mostravam mais esporos do fungo comparado aos demais tratamentos (1C). Nos demais tratamentos não foi observado diferenças significativas no número de esporos comparado a testemunha (Fig 1C). De acordo com a IN20 (Brasil, 2013) em pomares com mais de 1% de incidência do cancro europeu é permitido o manejo da doença. Um dos artigos da IN 20 permite que quando o tronco esteja comprometido em até 50% (cinquenta por cento) do perímetro pela necrose do fungo é facultado a aplicação de pastas fungicidas na lesão. No entanto, os dados do presente estudo indicam que o pincelamento de alguns tratamentos alternativos nas lesões usados pelos fruticultores nos pomares comerciais não apresentam efeitos positivos no controle dos parâmetros epidemiológicos do cancro europeu (Brasil, 2013).

Conclusões/Considerações Finais

O pincelamento de lesões de cancro europeu com fertilizantes foliares, ou mesmo fungicida padrão (controle positivo) não reduziram o aumento do número de cancros, tamanho da lesão e número de esporos comparado a testemunha não tratada. Assim a recomendação da pesquisa é a eliminação ou erradicação de qualquer tecido sintomático da macieira, independentemente do nível da área afetada.

Referências Bibliográficas

ARAUJO, L.; MEDEIROS, H.A.; PASA, M.S.; Silva, F.N. Doenças da macieira e da pereira. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.37, n.291, p.61-74, 2016
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 20, de 20 de junho de 2013. Institui o Programa Nacional de Prevenção e Controle do Cancro Europeu das Pomáceas (Neonectria galligena) - PNCEP com a finalidade de estabelecer os critérios e procedimentos para a contenção da praga, e Grupo com o objetivo de propor, acompanhar e avaliar as ações para a implementação e o desenvolvimento do PNCEP no âmbito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento- MAPA. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 21 jun. 2013. Seção 1.

Palavras Chave

Cancro Europeu, Cylindrocarpon heteronema, Malus domestica, praga quarentenária

Arquivos

Área

Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)

Instituições

EPAGRI - Santa Catarina - Brasil

Autores

LEONARDO ARAUJO, FELIPE AUGUSTO MORETTI FERREIRA PINTO, JAMES MATHEUS OSSACZ LACONSKI, Paulo HENRIQUE DA SILVA NOGUEIRA, GUSTAVO DOS SANTOS PADILHA, PAULO EDUARDO ROCHA EBERHARDT