Dados do Trabalho
Título
EFICIENCIA DE FOX® XPRO ASSOCIADO A MULTISSITIO EM DIFERENTES MOMENTOS DE APLICAÇAO NO CONTROLE DA FERRUGEM NA CULTURA DA SOJA
Introdução
As doenças estão entre os fatores que limitam a produtividade da cultura da soja, com perdas anuais estimadas de 15% a 20%, podendo algumas doenças causar perdas de até 100%, dependendo das condições climáticas da safra e da região de ocorrência (TECNOLOGIAS..., 2020). Entre estas doenças a ferrugem-asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é uma das mais severas, com danos variando de 10% a 90% nas diversas regiões geográficas onde foi relatada (HARTMAN et al., 2015).
Entre as estratégias de manejo que visam o controle da ferrugem podem ser citadas o vazio sanitário, a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada, a utilização de cultivares com genes de resistência, o monitoramento da lavoura desde o seu início de desenvolvimento e a utilização de fungicidas (GODOY et al., 2020). No entanto, o método mais utilizado pelos sojicultores para o controle da ferrugem ainda é o químico. Por já existir casos relatados de resistência do fungo a determinados fungicidas e, como as safras são diferentes em relação às condições climáticas, se tornam importante pesquisas que avaliem a eficiência de fungicidas aplicados isolados e/ou associados a multissítios e momento de aplicação, que são cada vez mais necessários para orientar sua correta utilização no campo.
Resumo
O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência do Fox® Xpro aplicado isolado ou associado a multissítios no controle da ferrugem da soja, na safra 2020/2021, sendo um dos ensaios do Programa Fitossanitário da Bahia. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 14 tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram de Fox Xpro (0,5L/ha) + Aureo (0,25% v/v) aplicado nos estádios R2, R3, R5.2 e R6, associados ou não a multissítios (Unizeb Gold= 1,5kg/ha ou Previnil 720 SC= 1,5L/ha) em diferentes posicionamentos, além de uma Testemunha, sem aplicação de fungicidas. As parcelas foram de seis linhas de sete metros e 0,50m de espaçamento entre linhas. Utilizou-se a cultivar M8349 IPRO semeada em 31/12. Foram avaliadas a severidade da ferrugem, eficiência de controle, AACPD, desfolha, massa de 1000 grãos e produtividade. A severidade da ferrugem foi menor nos tratamentos que receberam fungicidas. A desfolha variou de 20% a 93%, sendo menor nos tratamentos com fungicidas. A massa de 1000 de grãos variou de 99g a 125g e a produtividade de 2.558 kg/ha a 3.623kg/ha, sendo ambos maiores nos tratamentos com fungicidas. Quatro aplicações de Fox Xpro quando associado ao Unizeb Gold nas quatro, nas duas primeiras, nas duas do meio e nas três primeiras, assim como, associado ao Previnil 720 SC nas três primeiras e nas três últimas aplicações proporcionaram menor desfolha das plantas, maior massa de 1000 grãos e maior produtividade. Nos demais tratamentos com fungicidas a produtividade foi intermediária e na Testemunha, foi menor.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência do Fox® Xpro aplicado isolado ou associado a multissítios no controle da ferrugem da soja.
Material e Método
O ensaio foi conduzido durante a safra 2020/2021 na Estação Experimental da Círculo Verde Assessoria Agronômica e Pesquisa, localizada no município de Luís Eduardo Magalhães/BA, em condições de sequeiro. A cultivar utilizada foi a M8349 IPRO, semeada dia 31/12/2020. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 14 tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram de bixafem + protioconazol + trifloxistrobina (Fox® Xpro= 0,5L/ha) + Aureo (0,25% v/v) aplicado quatro vezes, nos estádios R2, R3, R5.2 e R6, associados ou não ao mancozebe (Unizeb Gold= 1,5kg/ha) ou ao clorotalonil (Previnil 720 SC= 1,5L/ha), em diferentes posicionamentos: T1) Testemunha, sem aplicação de fungicidas; T2) Fox® Xpro; T3) Fox® Xpro com mancozebe em todas as aplicações; T4) Fox® Xpro com mancozebe na 1ª e 2ª aplicação; T5) Fox® Xpro com mancozebe na 2ª e 3ª aplicação; T6) Fox® Xpro com mancozebe na 3ª e 4ª aplicação; T7) Fox® Xpro com mancozebe nas três primeiras aplicações; T8) Fox® Xpro com mancozebe nas três últimas aplicações; T9) Fox® Xpro com clorotalonil em todas as aplicações; T10) Fox® Xpro com clorotalonil na 1ª e 2ª aplicação; T11) Fox® Xpro com clorotalonil na 2ª e 3ª aplicação; T12) Fox® Xpro com clorotalonil na 3ª e 4ª aplicação; T13) Fox® Xpro com clorotalonil nas três primeiras aplicações e T14) Fox® Xpro com clorotalonil nas três últimas aplicações. Para aplicação dos tratamentos foi utilizada uma barra de CO2 composta por quatro pontas de pulverização Magnum 110015 espaçadas em 0,50m e volume de calda equivalente a 150L/ha. Cada parcela experimental foi constituída por seis linhas de sete metros de comprimento, espaçadas em 0,50m, considerando-se como área útil as quatro linhas centrais de seis metros de comprimento. Foram avaliados: a) severidade da ferrugem: estimada em pré-spray e aos 7 e 14 dias após a última aplicação, com auxílio da escala de Canteri e Godoy (2003); b) eficiência de controle: calculada pela fórmula de Abbott (1925); c) área abaixo da curva de progresso da doença: calculada com a fórmula de Campbell & Madden (1990); d) desfolha: estimada em R6; e) massa de 1000 grãos: pesagem de duas amostras de 100 sementes/parcela e correção da umidade a 13% e f) produtividade: pesagem das sementes das parcelas e correção da umidade a 13%. Os dados foram submetidos a Anova e quando significativos, a comparação de médias pelo Teste de Scott-Knott a 5% de significância.
Resultados e discussão
Os primeiros sinais da ferrugem foram observados tardiamente no ensaio, na terceira aplicação dos fungicidas (R5.2). Todos os tratamentos apresentaram severidade menor do que a Testemunha (T1) em todas as avaliações. Aos 0DA3 a severidade na Testemunha (T1) foi 5,3%. O Fox® Xpro isolado (T2) proporcionou 72% de controle e associado a multissítios o controle aumentou, sendo > 90%. Os resultados verificados aos 0DA4 foram semelhantes aos do 0DA3, com a Testemunha (T1) com a maior severidade (T1= 15,7%) e os demais tratamentos estatisticamente semelhantes entre si (T2 a T14). Quanto ao controle, o fungicida sítio-específico sozinho (T2) proporcionou percentual de 70%, aumentando para valores entre 77% e 90% quando misturado com os multissítios. Aos 7DA4, com a evolução da ferrugem, as menores severidades foram verificadas nos tratamentos T4, T7, T8, T9, T10, T12, T13 e T14, sendo o controle médio de 86%. Esses tratamentos mais o tratamento T3 foram os que tiveram as menores severidades aos 14DA4, última avaliação, com controle médio igual a 90% (Tabela 1). Na avaliação da AACPD foi verificado o maior valor no tratamento Testemunha (T1= 949). Isolado, o Fox® Xpro (T2) apresentou AACPD de 183, o que representa redução de 81% em relação ao valor da Testemunha (T1). As menores AACPD foram verificadas nos tratamentos T4 (98), T7 (104), T8 (121), T9 (89), T10 (82), T13 (115) e T14 (124), todos esses tiveram associação do fungicida sítio-específico com o multissítio. Esses resultados refletiram na desfolha das plantas, que foi maior na Testemunha (T1= 93%) e menor nos demais tratamentos (T2 a T14), com variação de 20% a 43% (Tabela 1).
Todos os tratamentos com aplicações de fungicidas apresentaram massa de mil grãos (P1000) e produtividade superior à Testemunha (T1). Em relação ao P1000, destacaram-se os tratamentos T3 ao T7, T13 e T14 que tiveram as maiores massas (121g a 127g). Os tratamentos T2, T8 a T12 apresentaram P1000 intermediária, entre 114g e 120g, enquanto o T1, teve a menor massa (99g). Quanto à produtividade, destacaram-se os tratamentos T3 (3.451kg/ha), T4 (3.409 kg/ha), T5 (3.304 kg/ha), T7 (3.284 kg/ha), T8 (3.623 kg/ha), T9 (3.363 kg/ha), T10 (3.371 kg/ha), T11 (3.542 kg/ha), T13 (3.394 kg/ha) e T14 (3.477kg/ha). Produtividades intermediárias foram registradas no T2 (3.072 kg/ha), T6 (3.094 kg/ha) e T12 (3.145 kg/ha) e menor, no T1 (2.558 kg/ha).
Conclusões/Considerações Finais
Nas condições em que foi conduzido o ensaio conclui-se que: 1) com base na AACPD, os maiores controles da ferrugem ocorrem quando o Fox® Xpro é combinado: a) ao mancozebe na 1ª e 2ª aplicação (T4), nas três primeiras (T7) e nas três últimas aplicações (T8) e b) ao clorotalonil em todas as aplicações (T9), na 1ª e 2ª aplicação (T10), nas três primeiras (T13) e nas três últimas aplicações (T14); 2) a desfolha é menor nos tratamentos com fungicidas em relação à Testemunha, mas a adição de multissítios ao Fox Xpro não influencia na desfolha; 3) a massa de mil grãos é maior quando o Fox® Xpro é combinado: a) ao mancozebe em todas as aplicações (T3), na 1ª e 2ª aplicação (T4), na 2ª e 3ª aplicação (T5), na 3ª e 4ª aplicação (T6), nas três primeiras aplicações (T7) e b) ao clorotalonil nas três primeiras (T13) e nas três últimas aplicações (T14); 4) a produtividade de grãos é maior quando o Fox® Xpro é combinado a) ao mancozebe em todas as aplicações (T3), na 1ª e 2ª aplicação (T4), na 2ª e 3ª aplicação (T5), nas três primeiras (T7) e nas três últimas aplicações (T8) e b) ao clorotalonil em todas as aplicações (T9), na 1ª e 2ª aplicação (T10), na 2ª e 3ª aplicação (T11), nas três primeiras (T13) e nas três últimas aplicações (T14) e 5) A adição de multissítios ao Fox® Xpro na 3ª e 4ª aplicação proporciona produtividade semelhante à aplicação deste fungicida isolado.
Referências Bibliográficas
ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economic Entomology, College Park, v.18, p.265-266, 1925.
CANTERI, M. G.; GODOY, C. V. Escala diagramática para ferrugem da soja (P. pachyrhizi). Summa Phytopathologica, Araras, v.1, p.32, 2003.
CAMPBELL, C. D.; MADDEN, L. V. Introduction to plant disease epidemiology. New York: J. Willey, 1990. 532p.
GODOY, C. V.; SEIXAS, C. D. S.; MEYER, M. C.; SOARES, R. M. Ferrugem-asiática da soja: bases para o manejo da doença e estratégias antirresistência. Londrina: Embrapa Soja, 2020. 39p. (Embrapa Soja. Documentos, 428)
TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA. Londrina: Embrapa Soja, 2020. 347p. (Sistemas de Produção / Embrapa Soja, ISSN 2176-2902, n.17).
HARTMAN, G. L.; SIKORA, E. J.; RUPE, J. C. Rust. In: HARTMAN, G. L.; RUPE, J. C.; SIKORA, E. J.; DOMIER, L. L.; DAVIS, J. A.; STEFFEY, K. L. (Ed.). Compendium of soybean diseases and pests. 5th ed. Saint Paul: APS Press, 2015. p.56-59.
Palavras Chave
Glycine max, multissítio, Phakopsora pachyrhizi, sítio-específico
Arquivos
Área
Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)
Autores
ANGELA BERNARDINO BARBOSA, GILVAN RODRIGUES DA SILVA, AUGUSTO JORGE CARDOZO CAETANO, MÔNICA CAGNIN MARTINS, MARCO ANTONIO TAMAI, JACKELYNE DE CASTRO OLIVEIRA