Dados do Trabalho


Título

CARACTERIZAÇAO DOS FUNGOS ENDOFITICOS DAS RAIZES DE BRACHIARIA BRIZANTHA EM PIRAPEMAS-MA

Introdução

A braquiária (Brachiaria brizantha) domina os pastos plantados em grande parte
da Amazônia e parcialmente do cerrado também. Os efeitos ecológicos destes capins são
ambivalentes, com fixação biológica de nitrogênio via associações especialmente com
Azospirillum amazonense, A. brasiliense e outros (SCHUNKE, 2001) e aquisição de fósforo e
outros nutrientes menos disponíveis por sua ampla associação com fungos micorrízicos
arbusculares (DELBEM et al., 2010). Gramíneas do gênero Brachiaria ssp são considerados
generalistas em suas associações micorrízicas, por isto são frequentemente utilizadas como
plantas armadilha em estudos de micorrização (COVACEVICH; BERBARA, 2011; LEAL et
al., 2009). Geralmente os tecidos da planta armazenam uma comunidade de microrganismos
diversificados, que podem residir próximos ou sobre o tecido vegetal, onde são denominados
epifíticos e os que vivem dentro dos tecidos das plantas são chamados de endofíticos (TURNER
et al., 2013), estes estão presentes em todas as plantas e não colonizam somente um órgão
específico da planta, os mesmo podem ser encontrados no interior dos frutos, flores, folhas,
caules, e raízes, para serem detectados, é necessário o isolamento a partir da superfície
esterilizada do vegetal (BACON; HILTON, 2007). Contudo, pouco se sabe sobre o
comportamento ecológico e interação desses fungos com as raízes de braquíaria. Dessa forma,
o objetivo desse trabalho foi isolar e caracterizar morfologicamente os fungos endofíticos das
raízes da braquiária, afim de fornecer dados vitais para interpretação ecológica, além de
possíveis recomendações de manejo.

Resumo

A Brachiaria brizantha domina os pastos plantados em grande parte da Amazônia e
parcialmente do cerrado também, são consideradas generalistas em suas associações
micorrízicas, por isto são frequentemente utilizadas como plantas armadilha em estudos de
micorrização, os tecidos das plantas armazenam uma comunidade de microrganismos
diversificados, onde os que vivem dentro dos tecidos das plantas são chamados de endofíticos
Contudo, pouco se sabe sobre o comportamento ecológico e interação desses fungos com as
raízes de braquíaria. Portanto, o objetivo desse trabalho foi isolar e caracterizar
morfologicamente os fungos endofíticos das raízes da braquiária. Este estudo foi executado em
4 pastos com capim braquiária (Brachiaria brizantha ‘Marandú’). As amostras de raízes de
babaçu foram coletados durante o período seco (Junho-julho/2019), sob três distâncias, em
quatro pastos no município de Pirapemas no Maranhão. As raízes foram levadas para o
laboratório e em seguida foram desinfetada, cortadas e colocadas em meios de cultura seletivo
para posterior isolamento. Os dados foram submetidos ao teste de Tukey (p< 0,05). 218
unidades formadoras de colônias foram obtidas das raízes braquiária, resultando em 9 gêneros:
Fusarium (sp1, sp2, sp3, sp4 e sp5), Aspergillus (sp1, sp2), Penicilium (sp1), Curvularia (sp1).
O gênero Fusarium apresentou maior abundância entres todas as distâncias e dentro da planta
hospedeira, seguido pelo Trichoderma constituindo respectivamente 17,4%, da comunidade
fúngica endofítica. Aspergillum sp1mostrou maior abundância na raiz da braquiária na distância
‘média’. O estudo apresentou 13 morfotipo, dentre estes o gênero Fusarium foi o mais
predominante em todos os tratamentos

Objetivos

Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi isolar e caracterizar morfologicamente os fungos
endofíticos das raízes da braquiária.

Material e Método

A amostragem foi realizada em 4 pastos com capim braquiária
(Brachiaria brizantha (Hochst.) Stapf, cv ‘Marandú’). que contêm dispersos neles palmeiras de
babaçu, resultando em 36 amostras de raízes de braquiária. Para a coleta selecionou-se
fragmentos de raízes com cerca de 10 cm de comprimento tanto de Braquiária, onde
posteriormente foram colocadas em tubos falcon (de 50 ml), higienizadas e refrigeradas para
em seguida processar as amostras em no laboratório de solos – UEMA para posteriores análises.
As raízes foram lavadas com água e sabão, A partir de cada amostra, as raízes foram desinfetadas
por imersão em etanol a 95%, em seguida por hipoclorito de sódio (durante 5 minutos), e em
seguida lavada três vezes com água estéril (AZEVEDO, 1998; SOBRAL et al., 2014). As raízes
foram fatiadas em fragmentos de aproximadamente 1cm, onde os fragmentos centrais foram
transferidos para meios apropriados, para o cultivo de fungos, batata-dextrose-ágar - BDA,
adicionado do antibiótico Estreptomicina, e para as bactérias usou-se YMA, TSA, contendo o
fungicida Folicur 200 ec . As unidades formadoras de colônias (UFC) foram caracterizadas
através das suas características morfológicas iniciais, .), seguida da morfologia dos isolados
puros, crescidos em meios específicos. Culturas que apresentaram as mesmas características
foram preparadas lâminas de microscopia para fungo para uma melhor observação das estruturas
do conídio. A análise dos dados foi baseada em Modelos Lineares Generalizados (GLM)
utilizando a família de dados binomial negativa que foi escolhida através do método de
dispersão de resíduos. Como a comunidade de fungos apresentou “overdispersion” e elevada
média variância , nós aplicamos simulações de re-amostragens (pit trap e likelihood ratio) e
iterações bootstrap com valores de p ajustados afim de reduzir o efeito da média/variância” e
“super dispersão dos dados”. A interação entre as variáveis foi calculada através do valor de p
ajustado para múltiplas interações utilizando o método de ‘free stepdown resampling
procedure’.

Resultados e discussão

: No total 218 unidades formadoras de colônias foram obtidas das raízes
braquiária (Figura 1), resultando em 9 gêneros diferentes que foram representados pelos
seguintes gêneros: Fusarium (sp1, sp2, sp3, sp4 e sp5), Aspergillus (sp1, sp2), Penicilium (sp1),
Curvularia (sp1). O gênero Fusarium apresentou maior abundância entres todas as distâncias e
dentro da planta hospedeira. O Fusarium representou mais de 71% da microbiota de fungos
totais, seguido pelo Trichoderma constituindo respectivamente 17,4% da comunidade fúngica
endofitica da braquiária. Os outros gêneros combinados representaram cerca de 12% dos fungos
totais no babaçu e 20% na Braquiária.
Figura 1. Abundãncia e diversidade de fungos endofíticos em pastos do Babaçu
monoespecíficos de Braquiária em três diferentes distâncias: perto, média e longe.
Os gêneros de fungos endofíticos das raízes Braquiária foram semelhantes aos levantados já em
literatura, onde frequentemente vários gêneros como: Arthrobotrys, Dendrophora, Diatrypella,
Oudenmansiella, Mucor e Phlebiopsis, Botryosphaeria, Coprinus, Curvularia, Eutypella,
Fusarium, Microdochium e Glomerella (VIEIRA, 2008), e também Neotyphodiu, Epicoccum,
Colletotrichum, Aternaria, dentre muitos outros que são relatados em outros trabalhos, em clima
tropical (ALMEIDA et al., 2005). O gênero Fusarium foi presente em todos os pastos, e
apresentou maior números de morfotipos seguidos dos demais gêneros: Aspergillus,
Trichoderma e Penicillium. O gênero Fusarium apresenta-se em maiores quantidades quando
comparado a os outros gêneros, em muitos trabalhos esse comportamento é observado devido
ao elevado numero de espécies que o gênero apresenta. Como é visto em outros trabalhos de
levantamento da diversidade fungos endofíticos de raízes de soja que encontraram 42 fungos, e
dentre estes isolados aproximadamente 70% eram do gênero Fusarium (FERNANDES et al.,
2015). Apesar da abundância e diversidade a distância do babaçu e dominância da braquiária
não afetaram os fungos endofiticos.

Conclusões/Considerações Finais

O estudo apresentou um total de 13 morfotipos de fungos endofíticos. O gênero
Fusarium obteve maior destaque nas três distâncias amostradas, seguido pelo Trichoderma. O
Aspergillum sp1 mostrou maior abundância na raiz da braquiária na distância ‘média’.

Referências Bibliográficas

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biologyBiology. v. 14, n. 6, p. 209, 2013.

Palavras Chave

Microorganisms, Plants, Diversity, Abundance.

Arquivos

Área

Grupo IV: Ciências do solo

Autores

LUANA CORRÉA SILVA , BEATRIZ DE AGUIAR DO NASCIMENTO, NATÁLIA DA CONCEIÇÃO LIMA, LEANY NAYRA ANDRADE RIBEIRO, CHRISTOPH GEHRING , NATHALIA DA LUZ OLIVEIRA, ADRIELY SÁ DO NASCIMENTO , CAMILA PINHEIRO NOBRE