Dados do Trabalho


Título

PRODUÇAO DE BIOMASSA DA MORINGA OLEIFERA COM USO DO BIOSSOLIDO EM SISTEMA SILVIPASTORIL

Introdução

A degradação de pastagem, de acordo com Dias-Filho (2011), é resultado de práticas de manejo
inadequadas, somadas à ausência de manutenção da fertilidade do solo, estabelecimento de
plantas invasoras e ataque de pragas. Segundo este mesmo autor, as formas de recuperação de
pastagens podem seguir os seguintes princípios: renovação da pastagem; pousio da pastagem;
e implementação de sistemas agroflorestais.
Dentro dos sistemas agroflorestais se destaca a Integração Pecuária Floresta (IPF),
potencializado com o consórcio de leguminosas arbóreas, pois fixam nitrogênio ao solo,
diminuindo assim a necessidade de adicionar nitrogênio (WEBER 2008).
Assim, a Moringa oleífera surge como alternativa de leguminosa arbórea, pois além de realizar
a fixação biológica do nitrogênio, sua biomassa pode ser destinada a alimentação de animais
podendo ser fornecida fresca, fenada ou ensilada (LISITA et al., 2018). É uma planta de
crescimento rápido (ALMEIRA et al., 2017), com boa adaptação a solos e climas áridos
(OLSON & FAHEY, 2011).
O lodo de esgoto ou biossólido contém matéria orgânica, nitrogênio, fósforo, zinco, cobre,
ferro, manganês e molibdênio em sua composição química, porém não há detecção de potássio
(BETTIOL et al., 1986; BETTIOL & CAMARGO, 2006). Devido a sua composição o
biossólido vem sendo utilizado como fertilizante orgânico com a finalidade de melhorar a
qualidade do solo e das produções agrícolas (DYNIA et al., 2006).
Dessa forma, o presente trabalho objetivou avaliar a produção de biomassa da Moringa oleífera,
em sistema de Integração Pecuária Floresta com diferentes adubações e densidades de plantio.

Resumo

Objetivou-se com o presente trabalho avaliar a produção de biomassa da Moringa
oleífera em comparação com o adubo químico e o biossólido. O trabalho foi desenvolvido na
base de pesquisa da Universidade Católica Dom Bosco, no município de Campo Grande, estado
de Mato Grosso do Sul. Posteriormente três meses da semeadura, quando a planta possuía 50
cm de altura, foram transplantadas em campo agrostológico. O delineamento experimental
adotado foi em bloco inteiramente casualizado, com 5 repetições por parcela, em esquema
fatorial 3x3. Constituindo de nove tratamento diferentes, onde a densidade de planta 0 era
submetida aos dois tipos de adubação e o tratamento controle, e se repetiu da mesma forma para
as densidades de planta com 15 e 30 plantas por tratamento, totalizando 45 unidades amostrais.
As características avaliadas foram as seguintes variáveis: altura das plantas; o diâmetro do
caule; e diâmetro de copa, que posteriormente foram submetidos ao teste de Tukey (P<0,05).
Não foi possível observar diferenças na produção de biomassa da planta Moringa oleífera
devido às interferências do meio, contudo os resultados obtidos devido a fatores locais
demonstram a importância do estudo da Moringa oleífera em diferentes estações do ano.

Objetivos

avaliar a produção de biomassa da Moringa oleífera,
em sistema de Integração Pecuária Floresta com diferentes adubações e densidades de plantio.

Material e Método

O presente trabalho foi desenvolvido no Instituto São Vicente - base de pesquisa da
Universidade Católica Dom Bosco, pertencente ao município de Campo Grande - MS, situado
a 530 m de altitude, 20°27’ S e 54°37’ W, cujo clima apresenta temperatura média anual de
23,5°C, com média das mínimas de 19°C e das máximas de 30°C; umidade relativa de 68% e
precipitação pluviométrica de 1.400 mm anuais.
O delineamento experimental adotado foi em blocos inteiramente casualizados, com cinco
repetições por tratamento, em esquema fatorial 3 x 3, sendo constituído com três densidades de
plantio (0, 15 e 30 plantas) de Moringa e três fatores atribuídos aos tipos de adubação
(biossólido, adubo químico N-P-K e sem adubação), totalizando 45 unidades amostrais.
As mudas foram produzidas em sacos de polietileno, medindo 30x17 cm, preenchidos com
substrato. A semeadura foi realizada colocando-se uma (1) semente por saco a 1 cm de
profundidade, mantidas em ambiente protegido sob sistema automático de irrigação
intermitente por microaspersão, de forma a manter a umidade relativa próxima a 90%,
proporcionando condições ideais de germinação e desenvolvimento da muda. Após 45 dias de
emergência das plantulas, as plantas foram transplantadas para a área experimental conduzida
em uma pastagem de Urochloa decumbens em estágio de degradação, correspondente a dois
hectares.
O plantio da Moringa oleífera foi em sistema de Integração Pecuária Floresta, com distância de
um bloco para outro de 15 metros, com a densidade respeitando os seguintes espaçamentos:
Densidade 15: Plantio em espaçamento 3 x 3 m entre plantas e linhas; Densidade 30: Plantio
em espaçamento 3 x 3 m entre plantas e disposta em linhas duplas com espaçamento de 6 m
entre as linhas; Densidade 0: Não houve o plantio da Moringa (tratamento controle).
Totalizando os seguintes tratamentos: T1 – Sem moringa + sem aplicação de adubo; T2 – Sem
moringa + adubo químico; T3 – Sem moringa + biossólido; T4 – Densidade 15 + sem aplicação
de adubo; T5 - Densidade 15 + adubo químico; T6 - Densidade 15 + biossólido; T7 – Densidade
30 + sem aplicação de adubo; T8 – Densidade 30 + adubo químico; T9 – Densidade 30 +
biossólido.
O período experimental se iniciou logo após o transplante das mudas, durante 225 dias,
totalizando seis avaliações de crescimento. As características avaliadas foram: altura das
plantas em cm (ALT); e diâmetro de copa (DC), com auxílio de régua simples graduada em
centímetros (cm). Ao final da pesquisa os dados foram submetidos à análise estatística e para a
comparação de médias as variáveis foram submetidas ao teste de Tukey (P<0,05)

Resultados e discussão

Ocorreu interação significativa entre os fatores época-densidade para a variável diâmetro de
copa (DC), sendo que os tratamentos com 30 plantas obtiveram os melhores resultados (Figura
1).
Considerando a deposição de matéria orgânica proveniente da biomassa da moringa sobre a
área, supõe-se que a ciclagem de nutrientes seja mais eficiente em parcelas maiores. De acordo
com Silva e Mendonça (2007) a matéria orgânica contribui para o enriquecimento das
propriedades do solo e na capacidade de troca catiônica, interferindo diretamente na
produtividade.
Observa-se na Figura 1 que a curva de crescimento do DC é crescente até os 150 dias,
independente da densidade de planta, coincidindo com o início do outono, que se caracteriza
pela diminuição gradual de chuvas e temperaturas, sendo que a temperatura ótima para o
desenvolvimento da Moringa estão entre 24 e 32 °C (REYES SANCHEZ et al., 2004).
O diâmetro da copa é diretamente afetado pela época. Apesar de ser uma leguminosa arbórea
resistente à escassez de água, em situações de estresse hídrico pode perder suas folhas,
recuperando assim que sua necessidade hídrica é suprida (HDRA, 2002). Houve diferença
estatística para os fatores adubo-densidade para a variável altura (ALT).
O tratamento com a densidade 30 e sem adubação (T7) diferiu dos demais, sendo que o mesmo
proporcionou maior desenvolvimento da moringa. O valor médio de altura do T7 (sem
adubação com 30 plantas) acima dos demais, reafirma a importância da deposição de matéria
orgânica de sua biomassa para o crescimento vegetativo da moringa.
Figura 2 - Media da variável copa em
função da época:densidade
Figura 1 - Media da variável copa em
função da época:densidadeépoca:densidade
Observa-se na Figura 2 que o maior valor médio observado foi para as plantas cultivadas no
tratamento sem adubação com 30 plantas (110,84 cm), diferindo estatisticamente das plantas
cultivadas no tratamento com Biossólido com 15 plantas (74,65 cm). A utilização do biossólido
como alternativa de adubo orgânico não alcançou níveis satisfatórios, dados que corroboram
com Bakke et al. (2010), que avaliando os efeitos da adubação orgânica na cultura da moringa,
constataram que não houve diferença para os acréscimos de altura da planta.
Entretanto, há poucas produções acadêmicas destinadas à análise de crescimento da moringa,
como salientam Vieira et al. (2008).

Conclusões/Considerações Finais

Conclui assim que a utilização de moringa na densidade 30 plantas obteve os melhores resultados para
as duas variáveis, indicando assim seu uso em maior população em sistemas de integração. As
adubações não tiveram diferença significativa, demonstrando a adaptabilidade da moringa e sua
síntese de nitrogênio.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, C. B. L. et al. Estudo prospectivo da moringa na indústria de cosméticos. Cadernos
de Prospecção, v. 10, n. 4, p. 905, 2017.
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e Valor Forrageiro da Moringa (Moringa oleifera Lam.) submetida a Diferentes Adubos
Orgânicos e Intervalos de Corte. Engenharia Ambiental: Pesquisa e Tecnologia, v. 7, n. 2, p.
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BETTIOL, W.; AUER, C.G.; KRUNER, T.L. & PREZOTTO, M.E.M. Influência de lodo de
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BETTIOL, W.; CAMARGO, O. A. de. A disposição do lodo de esgoto em solo agrícola.
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DIAS-FILHO, M. B. Degradação de pastagens: Processos, Causas e Estratégias de
Recuperação. 4. ed. Belém: MBDF, 2011. 215p.
DYNIA, J. F.; SOUZA, M. D.; BOEIRA, R. C. Lixiviação de nitrato em Latossolo cultivado
com milho após aplicações sucessivas de lodo de esgoto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.
41, n. 5, p. 855-862, 2006.
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LISITA, F. O et al. Cultivo e Processamento da Moringa na alimentação de Bovinos e Aves.
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REYES SANCHEZ, NADIR 2004 Marango: Cultivo y utilización en la alimentación animal,
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VIEIRA, H.; CHAVES, L. H. G.; VIÉGAS, R. A. Crescimento inicial de moringa (Moringa
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WEBER, M.A. Leguminosas e os estoques de carbono e nitrogênio do solo em experimentos
de longa duração. 2008. Dissertação apresentada como um dos requisitos à obtenção do grau
de mestre em ciência do solo. Engenheira agrônoma (UFSM), Porto alegre (RS) Brasil, março
de 2008.

Palavras Chave

alternativa de forragem, fixação de nitrogênio, lodo de esgoto, matéria orgânica

Arquivos

Área

Grupo IX: Outras áreas de interesse

Instituições

Universidade Católica Dom Bosco - Mato Grosso do Sul - Brasil

Autores

DENILSON DE OLIVEIRA GUILHERME, RAFAELA THAIS BENEDITO ALVES , JÉSSICA THAIS GABE, JAYME FERRARI NETO, CLEBER JUNIOR JADOSKI, RODRIGO GONÇALVES MATEUS