Dados do Trabalho
Título
RELAÇAO PROTEINA DO SOLO REATIVA AO BRADFORD (BRSP) E CARBONO EM CAPOEIRAS ENRIQUECIDAS COM SABIA (MIMOSA CAESALPINIIFOLIA BENTH.)
Introdução
Os Fungos micorrizicos arbusculares, filo Glomeromycota, têm a capacidade de formar
associação com as raízes de cerca de 74% de todas as espécies de plantas conhecidas (SMITH; READ,
2008; BRUNDRETT, 2009), essa associação entre alguns fungos do solo e as raízes da maioria dos
vegetais, conhecida como micorriza, é uma relação mutualista benéfica, com perfeita interação morfofisiológica. Os FMA estão associados além da nutrição das plantas (SOUZA, 2015), como
também atuam sobre o ciclo do carbono, principalmente, na produção primária pelo impacto
exercido da absorção de nutrientes e água por plantas; estabilidade de agregados do solo e
devido sua grande biomassa e pela produção de glomalinas (ZHU; MILLER, 2003). Ainda
também, contribuem para a melhoria na estruturação do solo (Rillig et al., 2001), gerando benefícios
para a estabilidade do solo. É também essencial para a regeneração de áreas degradadas, atuando na
melhoria da estruturação do solo, contribuindo para redução dos riscos de erosão. Nesse contexto, O
sabiá possui importante papel na fertilidade, pois garante aporte significativo de nutrientes ao solo (N e
P) pela deposição e degradação da serrapilheira (FERNANDES et al., 2006). Suas raízes densas e
ramificadas auxiliam no processo de agregação do solo (CARVALHO, 2007) e realizam associações
benéficas com microrganismos (STAMFORD; SILVA, 2000). Paratanto, a principal função associada à
glomalina é a agregação dos solos, onde sua relevância em solos se dá, principalmente, pela associação
ao carbono, contribuindo para aumento de seu reservatório no solo (DRIVER et al., 2005). Para o
Maranhão, são escassos os estudos tendo como objeto a atividade dos fungos micorrízicos arbusculares,
mais específicamente os teores de proteína do solo relacionada a glomalina, logo há necessidade de
pesquisas voltadas a determinação dessa para comprender melhor sua dinâmica e contribuição no estoque
de carbono.
Resumo
Os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) são responsáveis pela produção
exclusiva da glomalina, uma glicoproteína muito relacionada à agregação das partículas e
teores de carbono do solo. Devido a estas características, a glomalina vem sendo utilizada
como indicador de qualidade dos solos. O objetivo deste trabalho foi quantificar os teores de
proteína relacionada ao Bradford do solo (BRSP) e o carbono orgânico total em áreas com e
sem sabiá com diferentes idades na época seca e chuvosa no Maranhão. As amostras de solo
foram coletadas, na profundidade de 0-20 cm, durante a época seca (Nov/2015) chuvosa
(Maio/2016) em áreas de capoeira enriquecida com sabiá com um, três e quatro anos de idade
(S1, S3 e S4) e em áreas de capoeira sem sabiá com o mesmo tempo de regeneração (CAP1,
CAP3 e CAP4). Foram extraídos e quantificados os teores de BRSP e Carbono pelas
respectivas metodologias, Bradford e Yeomans e Bremner (1988). Os teores de BRSP
variaram de 1,493 mg.g-1 a 0,658 mg.g-1 sendo maiores nas áreas com sabiá. Os teores de
BRSP são influenciados tanto pela cobertura quanto pela época do ano com o sabiá
contribuindo para a maior concentração desta fração proteica. As variações dos teores do COT
apresentam o mesmo comportamento da BRSP, com forte correlação entre esta fração da
glomalina durante o período chuvoso.
Objetivos
O trabalho objetivou quantificar e avaliar os teores de proteína relacionada ao Bradford do
solo (BRSP) e o carbono orgânico total em áreas com e sem sabiá com diferentes idades na época seca
e chuvosa
Material e Método
As áreas amostrais estão localizadas no município de Pirapemas (03º 43’ S, 44º
13’ W) meso região Norte Maranhense. O município possui como principais classes de solo Plintossolo
e Argissolo com mancha de Latossolo, sendo as áreas amostrais localizadas sob Plintossolo (EMBRAPA,
1997).As amostras de solo foram coletadas, na profundidade de 0-20 cm, durante a época seca
(Nov/2015) chuvosa (Maio/2016) em áreas de capoeira enriquecida com sabiá com um, três e quatro
anos de idade (S1, S3 e S4) e em áreas de capoeira sem sabiá com o mesmo tempo de regeneração
(CAP1, CAP3 e CAP4). Foram extraídos e quantificados os teores de BRSP e Carbono pelas respectivas
metodologias, Bradford e Yeomans e Bremner (1988).
Resultados e discussão
Os valores da fração glomalina total (BRSP) variaram entre 1,493 mg.g-1
a 0,658 mg.g-1 entre as coberturas, com maiores teores na área com sabiá de um ano (S1) e o menor
quantidade desta fração na área de capoeira de quatro anos (CAP4). Os teores de glomalina total diferiu
estatisticamente para o fator cobertura e sazonalidade. (Tabela 1).
Foi observada redução dos teores de BRSP com o aumento da idade da vegetação. As áreas de sabiá Cobertura BRSP (mg.g-1
possuem teores de glomalina total maiores que os das capoeiras. O tipo e a densidade da leguminosa
tendem a influenciar os teores de BRSP. Silva et al. (2014) verificou que a combinação Sesbania virgata
e Eucalipto camaldulensis estimularam a maior produção de glomalina total quando comparada com o
consórcio S. virgata + Acacia mangium ou apenas S. virgata. Da mesma forma, o uso desta leguminosa
isolada ou consorciada produziu teores de BRSP de 2 a 5 vezes maior do que os teores desta fração em
áreas com sabiá. Os teores de BRSP sofreram variação sazonal, com a maior quantidade desta fração
observada na época chuvosa. Em estudo realizado por Nobre et al. (2015) os teores de BRSP não
sofreram variação sazonal em áreas de Caatinga no Ceará. Mesmo comportamento foi observado por
Sousa et al (2014) em áreas de Caatinga na Paraíba com diferentes estágios sucessionais. Silva et al
(2016) verificaram que em florestas secundárias com diferentes estágios sucessionais, não ocorrem
variações dos teores de BRSP nas estações do ano. Os teores de carbono orgânico total (COT) variam
entre 11,726 e 6,528 g.kg-1 entre as coberturas. As áreas com sabiá possuíam os maiores teores de COT,
o qual foi reduzido com o avanço da idade da leguminosa. Nas áreas de capoeira, os maiores teores de
COT foram observados em CAP3. As áreas com a presença do sabiá apresentam grande deposição de
serrapilheira, principalmente durante o período seco. Este pode estar diretamente relacionado com os
teores de COT quantificados nessas áreas. A cobertura vegetal influencia os teores de COT do solo e isto
está relacionado diretamente à sua relação C/N e a maior ou menor taxa de decomposição da matéria
orgânica (CAMPOS et al., 1999).
Os coeficientes de correlação de Pearson (r) são apresentados na tabela 4. Todos os coeficientes são
positivos, entretanto apenas é observada correlação significativa entre os teores de BRSP e COT na época
chuvosa, sendo esta altamente significativa. Desta forma é indicado que, na época chuvosa, à medida
que o teor de COT aumenta os teores de BRSP também sofrem incremento.
A matéria orgânica do solo (MOS) é um dos principais agentes cimentantes dos solos tropicais.
A glomalina também é reconhecida por funcionar como cola das partículas do solo. A elevada
correlação entre BRSP e COT na época chuvosa demonstra que a proteína produzida pelos FMA
contribui, de forma direta, com o pool carbono no solo (FOKON et al., 2012)
Conclusões/Considerações Finais
Os teores de BRSP são influenciados tanto pela cobertura quanto pela época do ano
com o sabiá contribuindo para a maior concentração desta fração protéica. As variações dos teores
do COT apresentam o mesmo comportamento da BRSP, com forte correlação entre esta fração da
glomalina durante o período chuvoso.A avaliação dos teores de glomalina em solos do Maranhão
pode levar à melhor compreensão da atividade dos fungos micorrízicos arbusculares e sua
contribuição no estoque de carbono e agregação do solo.
Referências Bibliográficas
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Palavras Chave
Indicador de qualidade, Glomeromycota, Glomalina, Mutualismo.
Arquivos
Área
Grupo IV: Ciências do solo
Autores
NATALIA DA CONCEIÇAO LIMA, NATHALIA DA LUZ OLIVEIRA, LUANA CORREIA SILVA, ADRIELY SÁ MENEZES DO NASCIMENTO, BEATRIZ AGUIAR NASCIMENTO, CAMILA PINHEIRO NOBRE, CHRISTOPH GEHRING, LEANY NAYRA ANDRADE RIBEIRO