Dados do Trabalho
Título
CONTROLE DE TRÊS INSTARES LARVAIS DE Spodoptera frugiperda (J.E. SMITH, 1797) POR INSETICIDAS QUIMÍCOS E BIOLÓGICO EM FOLHAS DE ALGODÃO
Introdução
INTRODUÇÃO
A cotonicultura é uma das mais importantes atividades agrícolas no Brasil e de extrema relevância no cenário mundial, entretanto, é alvo do ataque de um grande complexo de pragas que acomete durante todo o seu ciclo, refletindo na sua produção e qualidade da fibra (MARTINELLI; OMOTO, 2006). Dentre as inúmeras pragas, se destaca a Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) devido a magnitude do seu ataque, associado à sua alta polifagia e mobilidade (SPECHT et al., 2015). Diante desse canário o seu controle tem sido efetuado por meio de inseticidas químicos e biológicos, rotação de cultivares e cultivares transgênicos (SOUZA, 2015). O potencial de controle de alguns inseticidas químicos tem sido reduzido a cada safra, resultando no aumento de aplicações e eventualmente o surgimento de indivíduos resistentes (FANCELI, 2015).
Neste contexto, a pesquisa teve como objetivo avaliar o controle de três instares larvais de S. frugiperda, pela ingestão de folhas de algodão pulverizadas por inseticidas químicos e biológicos.
Resumo
RESUMO
A pesquisa teve como objetivo avaliar o controle de Spodoptera frugiperda de segundo, terceiro e quarto instares, pela ingestão de folhas de algodão pulverizadas com inseticidas químicos e biológicos. O delineamento experimental foi o inteiramente ao acaso, com 24 tratamentos (testemunha e 23 inseticidas) e quatro repetições. Os inseticidas foram aplicados sobre folhas de algodão da cultivar BRS 369 RR, com uso de pulverizador pressurizado CO2, volume de calda equivalente a 150,0 L/ha. As lagartas foram mantidas individualizadas, sendo alimentadas com folhas dos tratamentos, e mantidas a 25±1°C e 12 horas de fotófase, por 5 dias. As avaliações foram realizadas diariamente por 5 dias, determinando o número de lagartas vivas e mortas. Os valores de mortalidade foram transformados em porcentagem e submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade utilizando o programa SISVAR. Os produtos Avatar®, Exalt®, Lannate® BR, Larvin® 800WG, Perito® 970SG, Pirate® (240,0 g e 288,0 g), Premio®, Supimpa® e Voraz® apresentaram valores acima de 90,0% de controle para os três instares após 5 dias. Xentari® (270,0 g e 378,0 g) apresentou baixa eficiência de controle dos três instares larvais, não superando 60,0% de controle aos 5 dias.
Objetivos
Neste contexto, a pesquisa teve como objetivo avaliar o controle de três instares larvais de S. frugiperda, pela ingestão de folhas de algodão pulverizadas por inseticidas químicos e biológicos.
Material e Método
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Entomologia Agrícola da Universidade do Estado da Bahia, Barreiras/BA, em delineamento inteiramente ao acaso, com quatro repetições de 10 lagartas e 24 tratamentos, sendo: 1) Testemunha (água), e os seguintes produtos comerciais nas doses de ingrediente ativo por hectare: 2) Avatar® (indoxacarbe: 90,0 g); 3) Belt® (flubendiamida: 72,0 g); 4) Benevia® (ciantraniliprole: 500,0 g); 5) Bold® (acetamiprido + fenpropatrina: 60,0 g + 90,0 g); 6) Curyon® 550 CE (profenofós + lufenuron: 500,0 g + 50,0 g); 7) Exalt® (espinetoram: 18,0 g); 8) Kaiso® 250 CS (lambda-cialotrina: 50,0 g); 9) Klorpan® 480 EC (clorpirifós: 375,0 g); 10) Lannate® BR (metomil: 322,50 g); 11) Larvin® 800 WG (tiodicarbe: 480,0 g); 12) Perito® 970 SG (acefato: 970,0 g); 13) Pirate® (clorfenapir: 288,0 g); 14) Pirate® (240,0 g); 15) Pirephos® EC (fenitrotioa + esfenvalerato: 480,0 g + 24,0 g); 16) Polytrin® 400/40 EC (profenofós + cipermetrina: 400,0 g + 40,0 g); 17) Premio® (clorantraniliprole: 30,0 g); 18) Proclaim® 50 (benzoato de emamectina: 12,50 g); 19) Supimpa® (tiodicarbe: 320,0 g); 20) Trinca Caps® (lambda-cialotrina: 50,0 g); 21) Voliam Targo® (clorantraniliprole + abamectina: 31,50 g + 12,60 g); 22) Voraz® (metomil + novaluron: 220,0 g + 17,50 g); 23) Xentari® (Bacillus thuringiensis subsp. Aizawai: 270,0 g) e 24) Xentari® (378,0 g). Foram utilizadas lagartas de segundo, terceiro e quarto instares criadas em laboratório utilizando dieta artificial modificada de Greene et al. (1976) como alimento.
As aplicações dos tratamentos foram feitas com pulverizador pressurizado a CO2, volume de 150,0 L/ha, sobre folhas de algodão da cultivar BRS 369 RR, retidas de plantas com 20-30 dias de emergência. Após a aplicação, as folhas foram mantidas à sombra por 15 minutos para secagem da calda. Em seguida, cada folha, com a face pulverizada voltada para cima, foi colocada em um frasco transparente (5,0 cm x 4,0 cm) contendo uma lagarta, e então mantida a 25±1ºC e 12 horas de fotófase por cinco dias. As folhas foram substituídos por outros não pulverizados no segundo dia de avaliação.
As avaliações foram realizadas diariamente, por 5 dias, determinando-se o número de lagartas vivas e mortas. Os valores de mortalidade acumulada foram transformados em porcentagem e, então, submetidos à análise de variância e comparação de médias por meio do teste de Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade, utilizando o programa SISVAR (FERREIRA, 1999).
Resultados e discussão
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Testemunha (água) a mortalidade de lagartas dos três instares foi inferior a 3,0% aos 5 dias após início do ensaio, demonstrando que as condições nas quais os insetos foram expostos (ambiente, confinamento e alimentação) eram favoráveis à sobrevivência (Tabela 1).
Para lagartas de segundo ínstar, 21 produtos foram muito eficientes no controle do inseto, com valores de mortalidade entre 86,94% e 100,0% aos 5 dias. Já para lagartas de terceiro e quarto instares, também aos 5 dias, houve redução no número de produtos eficientes, com 13 proporcionando entre 90,0% e 100,0% de mortos para o terceiro ínstar, e 14 com valores entre 80,0% e 100,0% no quarto ínstar (Tabela 1). Isso significa que para alguns inseticidas há redução de desempenho à medida que a lagarta cresce, o que torna o monitoramento de pragas uma etapa de grande importância para o manejo de S. frugiperda.
Dez produtos apresentaram valores acima de 90,0% de controle para os três instares após 5 dias, sendo eles Avatar®, Exalt®, Lannate® BR, Larvin® 800WG, Perito® 970SG, Pirate® (240,0 g e 288,0 g), Premio®, Supimpa® e Voraz®. Já as duas doses de Xentari® (270,0 g e 378,0 g) apresentaram baixa eficiência de controle dos três instares larvais, não superando 60,0% de controle aos 5 dias e, também, não demonstraram efeito dose-resposta (Tabela 1).
Apenas 4 produtos conferiram mortalidade acima de 90% para o segundo e terceiro instares na avaliação de 1 dia, sendo eles: Lannate® BR, Pirate® (288,0 g), Supimpa® e Voraz®. Destes apenas Lannate® BR e Supimpa® conferiram nos três instares (Tabela 1).
Tabela 1. Mortalidade acumulada de lagartas de 2°, 3° e 4° ínstar de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) em contaminação por ingestão, após 1 e 5 dias da aplicação.
Tratamento Segundo ínstar Terceiro ínstar Quarto ínstar
1º dia1 5º dia 1º dia 5º dia 1º dia 5º dia
1. Testemunha 0,00 A 2,50 A 1,25 A 1,25 A 0,63 A 0,63 A
2. Avatar® 50,00 C 100,00 C 95,00 D 100,00 E 45,83 B 100,00 D
3. Belt® 50,00 C 95,00 C 10,28 A 59,17 C 5,00 A 52,50 B
4. Benevia® 40,56 B 100,00 C 7,50 A 66,94 D 37,50 B 95,00 D
5. Bold® 62,50 C 92,50 C 22,50 B 80,00 D 30,28 B 69,44 C
6. Curyom® 550CE 60,00 C 97,50 C 17,78 B 41,11 B 12,50 A 53,89 B
7. Exalt® 74,44 D 100,00 C 84,44 D 100,00 E 70,00 C 100,00 D
8. Kaiso® 250CS 54,17 C 87,22 C 60,83 C 95,00 E 67,50 C 95,00 D
9. Klorpan® 480EC 51,67 C 97,50 C 52,50 C 92,50 E 27,50 B 87,50 D
10. Lannate® BR 97,50 E 100,00 C 100,00 D 100,00 E 100,00 D 100,00 D
11. Larvin® 800WG 92,50 E 100,00 C 85,00 D 100,00 E 75,00 C 100,00 D
12. Perito® 970SG 30,00 B 97,50 C 23,61 B 94,72 E 75,00 C 100,00 D
13. Pirate® (240,0 g) 80,00 D 100,00 C 87,50 D 100,00 E 80,00 C 100,00 D
14. Pirate® (288,0 g) 92,50 E 100,00 C 95,00 D 100,00 E 70,00 C 100,00 D
15. Pirephos® EC 72,50 D 100,00 C 30,00 B 82,50 D 25,83 B 66,94 C
16. Polytrin® 59,17 C 100,00 C 2,50 A 12,50 A 20,00 B 73,89 C
17. Premio® 31,39 B 94,72 C 12,50 A 92,50 E 27,50 B 94,72 D
18. Proclaim® 50 77,50 D 100,00 C 50,00 C 86,94 D 32,50 B 70,00 C
19. Supimpa® 92,50 E 100,00 C 97,50 D 100,00 E 95,00 D 100,00 D
20. Trinca Caps® 51,11 C 86,94 C 55,00 C 90,00 E 18,33 B 46,39 B
21. Voliam Targo® 50,00 C 100,00 C 2,50 A 76,39 D 30,00 B 80,00 D
22. Voraz® 92,50 E 100,00 C 95,00 D 100,00 E 71,67 C 94,72 D
23. Xentari® (270,0 g) 0,00 A 23,61 B 0,00 A 54,17 C 0,00 A 53,89 B
24. Xentari® (378,0 g) 7,78 A 23,06 B 20,28 B 30,56 B 2,78 A 58,61 B
1Médias seguidas por letras iguais na coluna não diferem entre si pelo Teste de Scott & Knott (1974) ao nível de 5% de probabilidade.
Conclusões/Considerações Finais
CONCLUSÕES
Os produtos Avatar®, Exalt®, Lannate® BR, Larvin® 800WG, Perito® 970SG, Pirate® (240,0 g e 288,0 g), Premio®, Supimpa® e Voraz® são muito eficientes no controle nos três instares larvais de S. frugiperda.
O inseticida biológico Xentari® é pouco eficiente no controle dos três instares larvais de S. frugiperda.
O elevado número de produtos e ingredientes ativos que se destacaram no controle dos três instares larvais de S. frugiperda é favorável a implementação de programas de manejo de resistência que visem a rotação de modo de ação.
Referências Bibliográficas
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SPECHT, A.; MORAES, P. S.; GÓMEZ, D. R. S. Host plants of Chrysodeixis includens (Walker) (Lepidoptera, Noctuidae, Plusiinae). Revista Brasileira de entomologia, v.59, n.4, p.343-345, 2015
Palavras Chave
PALAVRAS-CHAVE: Controle, inseticida, lagarta-do-cartucho, Gossypium hirsutum.
Arquivos
Área
Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)
Autores
JACKELYNE DE CASTRO OLIVEIRA, MARCO ANTONIO TAMAI, MÔNICA CAGNIN MARTINS, FÁBIO CRUZ DA SILVA, VITÓRIA SANTOS XAVIER DA CRUZ , UELITON CAIQUE SANTANA DO NASCIMENTO, NATTÁLIA MATOS DA ROCHA, JOSÉ LUCAS SOUZA SANTOS