Dados do Trabalho
Título
CARACTERIZAÇAO DE FUNGOS ENDOFITICOS ASSOCIADOS AS RAIZES DE ATTALEA SPECIOSA MART EM PIRAPEMAS-MA
Introdução
Variedades de babaçu possuem grande importância por seus aspectos, ambientais, sociais, ecológicos e econômicos no Brasil (ARAUJO et.al., 2020). Os babaçuais ocupam uma área de conservação que abrange 18 milhões de hectares do território brasileiro (PORRO, 2019; TEIXEIRA et al., 2020), sendo o Maranhão o Estado que mais produz babaçu (DA SILVA SARAIVA IBGE, 2019), devido ao extrativismo, realizado pelas quebradeiras de coco ( SHIRAISHI NETO, 2017). Além disso abrange uma diversificada microbiota onde destacam-se os fungos endófitos ou endofíticos quem vivem nos tecidos internos da maioria das espécies de plantas já estudadas, ao menos durante um período de seu ciclo, sem causar patogenicidade (HYDE; SOYTONG, 2008). Assim, os fungos endófitos geralmente estão envolvidos na produção de efeitos benéficos às plantas, e são conhecidos por contribuírem no desenvolvimento das plantas, o que auxilia em uma melhor adaptação às condições de estresse (biótico e abiótico) (CARD et al., 2016; POTSHANGBAM et al., 2017). Muitos desses fungos endofíticos também estão envolvidos na nutrição mineral de plantas onde atuam na solubilização de fosfato e absorção de fósforo, além da produção de sideróforos e vários outros hormônios de crescimento vegetal, como AIA (ácido indol acético), auxina, giberelinas, etileno e abscisinas (HAMAYUN et al., 2009). Nesse contexto, objetivou-se compreender e caracterizar a comunidade de fungos endofitícos associados as raízes da palmeira babaçu, assim como os impactos proporcionados por essa interação.
Resumo
A palmeira babaçu é de extrema importancia para o Brasil devido suas contribuições em aspectos socioeconomicos e ao meio-ambiente. No panorama socioeconomico está atrelado ao extrativismo, realizado pelas quebradeiras de coco e de servir como matéria prima para produção de biodiesel, carvão e chapas de madeira. Além de desempenhar outros papeis ecológicos, como a associação com microoganismos diversos. Nesse contexto, é necessário um estudo sobre o comportamento ecológico do babaçu, que é uma espécie muito frequente em pastos no Maranhão e possui um comportamente competitivo, e a sua influência na biota de um agroecossistema, onde os microorganismo endofíticos de suas raízes tem recebido maior atenção por desempenhar importantes funções para o desenvolvimento da planta, como fixação biológica de nitrogênio, solubilização de fosfato e produção de fitohormônios. Logo a presente pesquisa teve como objetivo compreender os impactos do babaçu na comunidade de fungos endofíticos associadas com suas raízes. Para tal, amostras de raízes de babaçu foram coletados durante o período seco (Junho-julho/2019), sob três distâncias, em quatro pastos no município de Pirapemas no Maranhão. As raízes foram levadas para o laboratório e em seguida foram desinfetada, cortadas e colocadas em meios de cultura seletivo para posterior isolamento. Os dados foram submetidos ao teste de Tukey (p< 0,05). Foi possível com atual pesquisa a identificação de 13 morfotipos, distribuídos em 9 gêneros (com maior destaque ao Fusarium, Trichoderma e Aspergillus), e 5 famílias. Nesse contexto, infere-se que a palmeira babaçu possivelmente pode ter contribuido riqueza de táxons, devido suas maiores concentrações de enzimas ligadas a quebra de lipídios.
Objetivos
Nesse contexto, objetivou-se compreender e caracterizar a comunidade de fungos endofitícos associados as raízes da palmeira babaçu, assim como os impactos proporcionados por essa interação.
Material e Método
As áreas amostrais estão localizadas no município de Pirapemas, inserido na Mesorregião Norte Maranhense, situado a 39 metros de altitude (Latitude: 3° 43' 40'' Sul, Longitude: 44° 13' 24'' Oeste). O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é tropical (Aw) subúmido. As coletas de raízes foram realizadas na transição de junho para julho de 2019 na época seca. Em cada área foram selecionadas três palmeiras (ilhas de adulto + pindobas) dispersas nestas áreas, cada uma com três distâncias amostrais. Em cada palmeira, foram alocados em forma triangular três pontos amostrais ‘perto’ e três pontos ‘médio’ e três pontos ‘longe’, o que totalizou 9 pontos/área, resultando em 36 amostras de raízes de babaçu. Para a coleta selecionou-se fragmentos de raízes com cerca de 10 cm de comprimento do Babaçu, onde posteriormente foram colocadas em tubos Falcon (de 50 ml), higienizadas e refrigeradas para em seguida processar as amostras em no laboratório de solos – UEMA para posteriores análises. A obtenção de microrganismos endofíticos se deu por meio da coleta das plantas de interesse, que são colocadas em sacos plásticos e mantidas refrigeradas até a realização dos procedimentos de isolamento (STROBEL; DAISY, 2003).
Resultados e discussão
No total 115 unidades formadoras de colônias foram obtidas das raízes de babaçu, resultando um total de 13 morfotipos (SP1, SP2, Fusarium sp1, Fusarium sp2, Fusarium sp3, Fusarium sp4, Aspergillus sp1, Aspergillus sp2, Mucor sp1, Curvularia sp1, Penicilium sp1, Trichoderma sp1e Trichoderma sp2) distribuídos em 9 gêneros (SP1, SP2, Fusarium, Trichoderma, Penicilium, Curvularia, Mucor e Aspergillus), e com 5 famílias (Mucoraceae, Pleosporaceae, Hypocreaceae, Trichocomaceae e Nectriaceae), todos amparados
pelo filo Ascomicota (Figura 1).
Figura 1. Abundância e diversidade de fungos endofíticos do Babaçu.
O gênero Fusarium apresentou maior abundância entres todas as distâncias e dentro de todas as plantas hospedeiras. Representou mais de 71% da microbiota de fungos totais, seguido pelo Trichoderma constituindo respectivamente 17,4% da comunidade fúngica endofitica do babaçu, os outros gêneros combinados representaram cerca de 12% dos fungos totais. Diversos são os fatores relacionados a seleção da diversidade de microoganismos endofíticos. Segundo Costa (2016), há uma estreita relação entre a diversidade da vegetação da área, as enzimas presentes na planta e os próprios fatores ambientais que atuam na frequência de determinados gêneros. De acordo com o observado por Venkatesagowda et al., (2012), ao avaliar os isolamento e seleção de fungos endofíticos em sete tipos de plantas (mamona, coco, amendoim, seringueira, gergelim, pongamia e neem), observou uma microbiota endofitica diversa onde alcançou um total de 1279 isolados de fungos endofíticos. O gênero Fusarium foi presente em todos os pastos, e apresentou maior números de morfotipos seguidos dos demais gêneros: Aspergillus, Trichoderma e Penicillium. Outro fator na predominância de determinados gêneros de fungos endofíticos é a seleção exercida pelo vegetal. Diversos estudos tem mostrado o efeito da interação planta-solo sobre os microrganismos (cita alguns trabalhos aqui). Na comunidade microbiana esses efeitos ocorrem principalmente via produção de exudatos radiculares que atuam selecionando a microbiota que passará constituir então comunidade endofitica. Estudos realizados por Luz et al. (2006) avaliaram 29 fungos endofíticos quanto à produção de enzimas hidrolíticas, destes isolados oito produziram enzimas lipolíticas sendo que estes eram dos gêneros Colletotrichum, Glomerella e Fusarium. O gênero Fusarium apresenta-se em maiores quantidades quando comparado a os outros gêneros, em muitos trabalhos esse comportamento é observado devido ao elevado numero de espécies que o gênero apresenta. Como é visto em outros trabalhos de levantamento da diversidade fungos endofíticos de raízes de soja que encontraram 42 fungos, e dentre estes isolados aproximadamente 70% eram do gênero Fusarium (FERNANDES et al., 2015).
Conclusões/Considerações Finais
Foram identificados e isolados um total de 13 morfotipos de fungos. Dentre estes o gênero Fusarium foi o mais predominante em todos os tratamentos, seguidos dos demais gêneros: Aspergillus, Trichoderma e Penicillium, onde a presença destes é definida pelas caracteristicas da planta. Nesse contexto, infere-se que a palmeira babaçu possivelmente pode ter contribuido riqueza de táxons, devido suas maiores concentrações de enzimas ligadas a quebra de lipídios.
Referências Bibliográficas
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Palavras Chave
Biota, phytohormones, microorganism, morphotype.
Arquivos
Área
Grupo IV: Ciências do solo
Autores
NATHALIA DA LUZ OLIVEIRA, NATÁLIA DA CONCEIÇÃO LIMA, ADRIELY SÁ DO NASCIMENTO , CAMILA PINHEIRO NOBRE, LEANY NAYRA ANDRADE RIBEIRO, LUANA CORRÉA SILVA, WILITAN DA SILVA MARTINS, CHRISTOPH UNIVERSIDADE GEHRING