Dados do Trabalho


Título

EFICIENCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DO MOFO-BRANCO NA SOJA

Introdução

Entre as doenças da soja, está incluída o mofo-branco causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, que pode causar até 70% de redução de produtividade em situações de falha de controle e de condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da doença (LEHNER et al., 2017) como, alta umidade, temperaturas amenas e altitudes acima de 800m (LEITE, 2005), características estas, da maioria das regiões de chapadas do oeste da Bahia, onde se concentra grande parte da matriz produtiva. O manejo do mofo-branco deve envolver um conjunto de medidas de controle cultural, químico e biológico (TECNOLOGIAS..., 2020), porém, o controle químico é uma das estratégias mais utilizadas pelos produtores visando reduzir e/ou evitar perdas na produtividade. No entanto, existem diferenças dos fungicidas em relação a eficiência de controle desta doença, o que segundo Campos et al. (2010) e Meyer et al. (2014) depende diretamente das condições ambientais favoráveis ao progresso da doença e do momento de sua utilização, que deve ser preventiva, visando proteger as plantas de soja de infecções primárias nos estádios compreendidos entre o início do florescimento (R1) para cultivares de hábito de crescimento determinado ou no fechamento das entrelinhas de semeadura para cultivares de hábito indeterminado, até a formação de vagens (R4).

Resumo

Com o objetivo de avaliar a eficiência de diferentes fungicidas no controle do mofo-branco na cultura da soja foi conduzido um ensaio em Formosa do Rio Preto/BA com a cultivar de soja SYN 1687 IPRO semeada em 29/10/2020, o qual faz parte dos ensaios cooperativos coordenados pela Embrapa. Foram testados sete tratamentos em delineamento de blocos casualizados com quatro repetições, sendo: T1) Testemunha (sem aplicação de fungicidas); T2) Sialex; T3) Frowncide; T4) Spot; T5) Fox Xpro + Serenade/ Fox Xpro; T6) Fox Xpro e T7) Approve. Foram avaliadas: incidência da doença, eficiência de controle, produtividade e massa de escleródios, sendo os resultados obtidos submetidos à Anova e quando significativos, analisados pelo Teste de Scott-Knott a 5% de significância. A incidência do mofo-branco na Testemunha foi de 18,8% em R5.1; 19,6% em R5.3 e de 28,6% em R6. Respectivamente nessas mesmas datas, nos tratamentos com fungicidas a incidência não ultrapassou 15,5%, 16,6% e 20,9%, ocorrendo diferenças significativas entre os tratamentos, sendo o controle de até 87%, 78% e 84%. A produtividade variou de 2.684kg/ha no T1 à 3.403kg/ha no T3 e a massa de escleródios ficou entre 933g (T4) e 5.050g (T1). Concluiu-se que a menor incidência e o maior controle do mofo-branco (entre 78% e 87%) ocorre no T4, enquanto no T2, T3 e T7 a menor incidência da doença ocorre até R5.3, sendo o controle inferior a 70%; b) as maiores produtividades são obtidas no T2, T3, T4 e T7; e c) menor produção de escleródios é obtida no T4.

Objetivos

Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes fungicidas no controle do mofo-branco na cultura da soja no oeste da Bahia.

Material e Método

O ensaio foi conduzido durante a safra 2020/2021 em uma fazenda localizada no município de Formosa do Rio Preto/BA, em condições de sequeiro. A cultivar utilizada foi a SYN 1687 IPRO semeada dia 29/10/2020. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com sete tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram de duas aplicações de fungicidas, além da Testemunha (sem aplicação de fungicidas) (Tabela 1).
As aplicações iniciaram no pré-fechamento das entrelinhas de semeadura, no estádio fenológico V9, e a segunda, foi realizada 10 dias após. Para as aplicações foi utilizado uma barra de CO2 com quatro pontas de pulverização Magnum 110015 e volume de calda equivalente a 150 L/ha. Cada parcela experimental foi constituída por seis linhas de sete metros de comprimento, espaçadas em 0,50m, considerando-se como área útil as quatro linhas centrais de seis metros de comprimento. As variáveis avaliadas foram: a) incidência do mofo-branco: quantificação das plantas com sintomas e/ou sinais do mofo-branco realizada em 80 plantas/parcela (40 plantas seguidas em cada linha útil). Avaliação realizada nos estádios fenológicos R5.1, R5.3 e R6; b) eficiência de controle: calculada pela fórmula de Abbott (1925); c) produtividade: pesagem das sementes de cada parcela, transformação dos dados para kg/ha e correção da umidade para 13%; d) Massa de escleródios: pesagem dos escleródios presentes nos grãos e/ou plantas colhidas em cada parcela, após a trilha. Os dados foram submetidos a Anova e a comparação de médias pelo Teste de Scott-Knott a 5% de significância.

Resultados e discussão

A primeira e a segunda aplicação dos tratamentos foram consideradas preventivas, pois os sintomas do mofo-branco não foram observados nas plantas de soja. No estádio fenológico R5.1, a incidência variou de 2,5% a 18,8%, sendo possível diferenciar os tratamentos em dois grupos. Um grupo formado pela Testemunha (T1) e os tratamentos com bixafem + protioconazol + trifloxistrobina (T5 e T6), que apresentaram as maiores incidência da doença, sendo de 18,8%, 15,5% e 11,5%, respectivamente, sem diferenças estatísticas e, outro grupo formado pelos tratamentos T2, T3, T4 e T7, com menor incidência de plantas doentes, entre 2,5% e 7,8%. A maior eficiência de controle da doença em R5.1 (87%) foi obtida com aplicação de dimoxistrobin + boscalida (T4- Spot), enquanto os demais fungicidas não alcançaram 70% de controle (Tabela 2).
Na segunda avaliação (estádio fenológico R5.3), os tratamentos que apresentaram menor incidência da doença foram o T2, T3, T4, T6 e T7, sendo os valores entre 4,3% e 12,7%. Novamente, o dimoxistrobin + boscalida proporcionou o maior controle (T4= 78%), enquanto os demais não alcançaram 70% de controle. O tratamento T5 teve 16,6% das plantas com os sinais do mofo-branco, não diferindo da Testemunha (T1= 19,6%). Na terceira avaliação (estádio R6), foi observado aumento na incidência da doença, como esperado, devido ao término do residual dos produtos. A maior incidência, 28,6%, foi observada na Testemunha, que não diferiu estatisticamente dos demais tratamentos, exceto do T4, que teve apenas 4,6% das plantas com mofo-branco, a menor incidência entre os tratamentos, com o maior controle (84%) (Tabela 2).
A produtividade variou de 2.684 kg/ha a 3.403 kg/ha, sendo influenciada pelos tratamentos. Os tratamentos T2, T3, T4 e T7 resultaram nas maiores produtividades de grãos, entre 52,3 e 56,7 sacos/ha, o que corresponde a 17% a 27% de aumento na produtividade em relação a Testemunha (T1). A massa de escleródios coletados nas plantas de soja da Testemunha (T1) foi igual a 5.050 g/ha, sendo significativamente igual a massa de escleródios dos demais tratamentos, exceto o tratamento T4, que teve a menor massa (933 g/ha), o que representa uma redução de 82% na produção dessas estruturas (Tabela 3).

Conclusões/Considerações Finais

Nas condições em que foi conduzido o ensaio, pode-se concluir que: a) o T4 resulta em menor incidência de mofo-branco nas plantas de soja, com eficiência de controle, entre 78% e 87%, enquanto no T2, T3 e T7 a menor incidência da doença ocorre até o estádio R5.3 e, a eficiência de controle proporcionada por estes fungicidas não atinge 70%; b) as maiores produtividades de grãos são obtidas com o T2, T3, T4 e T7; e c) o T4 proporciona redução significativa na produção de escleródios.

Referências Bibliográficas

ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economic Entomology, College Park, v.18, p.265-266, 1925.

CAMPOS, H. D.; SILVA, L. H. C. P. da; MEYER, M. C.; SILVA, J. R. C.; NUNES JUNIOR, J. Mofo-branco na cultura da soja e os desafios da pesquisa no Brasil. Tropical Plant Pathology, v.35, Suplemento, p.C-CI, 2010.

LEHNER, M. S.; PETHYBRIDGE, S. J.; MEYER, M. C.; DEL PONTE, E. M. Meta-analytic modelling of the incidence-yield and incidence-sclerotial production relationships in soybean white mold epidemics. Plant Pathology, v.66, n.3, p.460-468, 2017.

LEITE, R. M. V. B. de C. Ocorrência de doenças causadas por Sclerotinia sclerotiorum em girassol e soja. Londrina: Embrapa Soja, 2005. 3p. (Comunicado Técnico, n. 76)

MEYER, M. C.; CAMPOS, H. D.; GODOY, C. V.; UTIAMADA, C. M. (Ed.). Ensaios cooperativos de controle químico de mofo branco na cultura da soja: safras 2009 a 2012. Londrina: Embrapa Soja, 2014. 100p. (Embrapa Soja. Documentos, 345).

TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA. Londrina: Embrapa Soja, 2020. 347p. (Sistemas de Produção / Embrapa Soja, ISSN 2176-2902, n.17).

Palavras Chave

fitossanidade, Glycine max, produtividade, Sclerotinia sclerotiorum

Arquivos

Área

Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)

Instituições

Círculo Verde Assessoria Agronômica & Pesquisa - Bahia - Brasil, Universidade do Estado da Bahia - Bahia - Brasil

Autores

GILVAN RODRIGUES DA SILVA, ÂNGELA BERNARDINO BARBOSA, AUGUSTO JORGE CARDOZO CAETANO, MÔNICA CAGNIN MARTINS, MARCO ANTONIO TAMAI