Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇAO DE INSETICIDAS PARA O CONTROLE DE TRES INSTARES LARVAIS DE SPODOPTERA COSMIOIDES (WALKER, 1858) (LEP.: NOCTUIDAE) POR INGESTAO EM FOLHAS DE SOJA
Introdução
O agronegócio no Brasil apresenta uma ampla contribuição no Produto Interno Bruto - PIB, em que se destaca a produção de soja, sendo o Brasil o maior produtor mundial desse grão, com 136 milhões de toneladas na safra 2020/2021 (CONAB, 2021). Entretanto, a ocorrência de pragas como a lagarta Spodoptera cosmioides (Walker) em grandes infestações, ocasionam grande dano durante as fases vegetativa e reprodutiva da cultura (HOFFMANN-CAMPO et. al., 2012).
Dentre as medidas de controle de S. cosmioides, o uso de plantas transgênicas contendo genes de Bacillus thuringiensis var. kurstaki Berliner, contribui para o manejo de diversas espécies de lagartas da soja, exceto o complexo Spodoptera (TEODORO et. al., 2013; SILVA, et. al., 2016), sendo assim, o controle químico ainda é a prática mais utilizada. Porém, são poucos os inseticidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de S. cosmioides na soja.
Assim, o objetivo da pesquisa foi avaliar a eficiência de 29 inseticidas registrados para a cultura da soja, de diferentes princípios ativos, para o controle de S. cosmioides em contaminação por ingestão, de forma a suprir uma lacuna de informações para o manejo do inseto-praga.
Resumo
O objetivo da pesquisa foi avaliar a eficiência de 29 inseticidas químicos e biológico para o controle de três instares larvais de Spodoptera cosmioides por ingestão de folhas de soja, e assim contribuir com informações atualizadas de eficiência. Foram utilizadas lagartas de segundo, terceiro e quarto ínstar separadamente, em delineamento experimental inteiramente ao acaso (DIC), com 4 repetições de 10 lagartas e 30 tratamentos (Testemunha e 29 produtos). Os inseticidas foram aplicados sobre folíolos de soja da cultivar M8349 IPRO com pulverizador pressurizado a CO2, volume de calda de 150 L/ha. As lagartas foram mantidas individualizadas, sendo alimentadas com folíolos dos tratamentos, e mantidas a 25±1°C e 12 horas de fotofase. As avaliações foram realizadas diariamente por 5 dias, determinando o número de lagartas vivas e mortas. Os valores foram transformados em porcentagem e submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade utilizando o programa SISVAR. Os inseticidas Ampligo®, Bold®, Connect®, Curyom® 550 CE, Engeo Pleno®, Fastac Duo®, Galil® SC, Hero®, Klorpan® 480 EC, Lannate® BR, Larvin® 800 WG, Mustang® 350 EC, Orthene® 750 BR, Perito® 970 SG, Pirate®, Pirephos® EC, Proclaim® 50, Sperto®, Supimpa®, Talisman®, Trinca Caps® e Voraz® proporcionaram 100,0% de mortalidade para lagartas do segundo, terceiro e quarto ínstar de S. cosmioides. Exalt® e Xentari® são pouco eficientes no controle dos três instares larvais, não superando 60,0% de lagartas mortas.
Objetivos
Avaliar a eficiência de 29 inseticidas registrados para a cultura da soja, de diferentes princípios ativos, para o controle de S. cosmioides em contaminação por ingestão, de forma a suprir uma lacuna de informações para o manejo do inseto-praga.
Material e Método
A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Entomologia Agrícola da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, em Barreiras/BA. Foram utilizadas lagartas de segundo, terceiro e quarto ínstar, em ensaios separados, utilizando o delineamento experimental inteiramente ao acaso (DIC), com 4 repetições de 10 lagartas e 30 tratamentos (Testemunha e 29 produtos). Os inseticidas foram aplicados com pulverizador pressurizado a CO2, volume de calda de 150 L/ha, pontas tipo leque 11002, sobre bandejas plásticas (30,0 cm x 40,0 cm), contendo folíolos de soja da cultivar M8349 IPRO com aproximadamente 20-30 dias de emergência. As lagartas foram individualizadas em frascos transparentes de 60,0 mL (5,0 cm x 4,0 cm), contendo um folíolo do tratamento, e mantidas em câmara incubadora BOD (25 ± 1ºC e 12 horas de fotofase).
As avaliações foram realizadas diariamente, durante 5 dias, onde determinou-se o número de lagartas vivas e mortas. Os valores de mortalidade acumulada de insetos foram transformados em porcentagem e, então, submetidos à análise de variância e comparação de médias por meio do teste de Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade, utilizando o programa SISVAR.
Resultados e discussão
Para os três instares larvais, ao quinto dia de avaliação, 22 produtos proporcionaram 100% de mortalidade, sendo: Ampligo®, Bold®, Connect®, Curyom® 550 CE, Engeo Pleno®, Fastac Duo®, Galil® SC, Hero®, Klorpan® 480 EC, Lannate® BR, Larvin® 800 WG, Mustang® 350 EC, Orthene® 750 BR, Perito® 970 SG, Pirate®, Pirephos® EC, Proclaim® 50, Sperto®, Supimpa®, Talisman®, Trinca Caps® e Voraz®, e o Avatar® com valores entre 85,0% e 100% de mortalidade entre os três ínstares (Tabela 1).
No 2º ínstar, quase todos os produtos apresentaram valores elevados de mortalidade, com exceção do Exalt® (T10) e Xentari® (T30), sendo este último, apesar de ser indicado pelo fabricante para o controle de lagartas pequenas, preferencialmente do 1º ínstar, não obteve resultado satisfatório nesse experimento. Para o 3º e 4º ínstar, além dos produtos citados, outros apresentaram queda no desempenho como Belt® (T4), Benevia® (T5), Exalt® (T10), Premio® (T22) e Voliam Flexi® (T28).
O produto Exalt® é amplamente usado para controle de diversas espécies de lagartas, como Spodoptera frugiperda, Chloridea virescens, Helicoverpa armigera e Chrysodeixis includens nas culturas de milho e soja, porém neste estudo não apresentou boa performance, assim como em pesquisas de Costa e Barros (2020) em que se obteve controle de 64,0% para lagartas pequenas e 58,0% para lagartas grandes de C. includens.
Avatar®, Lannate® BR, Proclaim® 50, Supimpa® e Voraz® apresentaram boa performance de controle dos três instares, e são exclusivamente destinados ao controle de lagartas na soja. Outros que tiverem excelente desempenho foram Engeo Pleno®, Fastac Duo®, Galil® SC, Hero®, Klorpan® 480 EC, Larvin® 800 WG, Perito® 970 SG e Talisman®, que também são indicados para controle de outras pragas como percevejos, vaquinhas e mosca-branca, o que possibilita controle de mais de uma praga que ocorra simultaneamente. Isso permite que o produtor consiga escolher os melhores produtos com base no seu custo-benefício.
Conclusões/Considerações Finais
Ampligo®, Avatar®, Bold®, Connect®, Curyom® 550 CE, Engeo Pleno®, Fastac Duo®, Galil® SC, Hero®, Klorpan® 480 EC, Lannate® BR, Larvin® 800 WG, Mustang® 350 EC, Orthene® 750 BR, Perito® 970 SG, Pirate®, Pirephos® EC, Proclaim® 50, Sperto®, Supimpa®, Talisman®, Trinca Caps® e Voraz® são muito eficientes para o controle dos três instares de S. cosmioides, proporcionando entre 85,0 e 100,0% de mortalidade.
Exalt® e Xentari® são pouco eficientes no controle dos três instares larvais de S. cosmioides, não superando 60,0% de lagartas mortas.
O grande número de produtos eficientes para os três instares avaliados de S. cosmioides, além de possibilitar a escolha com base no custo-benefício e menor impacto sobre agentes de controle biológico, permite realizar a rotação de grupos químicos para prevenir o surgimento de populações resistentes.
Referências Bibliográficas
CONAB - COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos, Brasília, DF, v. 8, safra 2020/21, n. 10 décimo primeiro levantamento, agosto. 2021. Disponível em: https://www.conab.gov.br/component/k2/item/download/38640_586f9a646213758a4dc6e7c5cf762fe6. Acesso em: 13 julho 2021.
COSTA, E.M.; BARROS, E.M. Eficiência de inseticidas no controle de pragas na cultura da soja e do milho safra 2019/20. Montividiu – Go: Instituto Goiano de Agricultura, 2020. 43 p. Disponível em: http://www.casadoalgodao.com.br/images/publicacoes/IGA_-_RESULTADOS_T%C3%89CNICOS_SAFRA_2019-2020/Resultados_Pragas_soja_e_milho_2020_IGA.pdf. Acesso em: 20 jun. 2021.
HOFFMANN-CAMPO, C.B.; OLIVEIRA, L.J.; MOSCARDI, F.; CORRÊA-FERREIRA, B.S.; CORSO, I.C. Pragas que atacam plântulas, hastes e pecíolos da soja. In: HOFFMANN-CAMPO, C.B.; CORRÊA-FERREIRA, B.S.; MOSCARDI, F. (Editores). Soja: manejo integrado de insetos e outros artrópodes-praga. Brasília, DF: Embrapa Soja, 2012. Cap.03. p.145-212. Acesso em: 13 abr. 2021.
SILVA, G.V.; BUENO, A.F.; BORTOLOTTO, O.C.; SANTOS, A.C.; POMARI-FERNANDES, A. Biological characteristics of black armyworm Spodoptera cosmioides on genetically modified soybean and corn crops that express insecticide Cry proteins. Revista Brasileira de Entomologia, v.60, n.3, p.255-259, 2016.
TEODORO, A.V.; PROCOPIO, S.O.; BUENO, A.F.; NEGRISOLI JUNIOR, A.S.; CARVALHO, H.W.L.; NEGRISOLI, C.R.C.B.; BRITO, L.F.; GUZZO, E.C. Spodoptera cosmioides (Walker) e Spodoptera eridania (Cramer) (Lepidoptera: Noctuidae): Novas Pragas de Cultivos da Região Nordeste. Aracaju, SE: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2013. 2 p. (Embrapa Tabuleiros Costeiros, Comunicado Técnico, 131). Acesso em: 20 set. 2020.
SCOTT, A.J.; KNOTT, M.A. Cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, v.30, p.505-512, 1974.
Palavras Chave
Alimentação, Controle químico, Glycine max, Lagarta das vagens.
Arquivos
Área
Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)
Autores
NATTALIA MATOS DA ROCHA, MARCO ANTONIO TAMAI, MÔNICA CAGNIN MARTINS, FÁBIO CRUZ DA SILVA, UELINTON CAÍQUE SANTANA DO NASCIMENTO, JOSÉ LUCAS SOUZA SANTOS, JACKELYNE DE CASTRO OLIVEIRA