Dados do Trabalho
Título
PRODUÇAO DE MUDAS DE ESTACAS DE MARACUJAZEIRO-DOCE (PASSIFLORA ALATA)
Introdução
Aos exemplares pertencentes ao gênero Passiflora, são nomeados e reconhecidos como maracujazeiro. Sendo um gênero que apresenta uma elevada variabilidade, aproximadamente 520 espécies, onde a grande maioria está disseminada nas Américas (CERQUEIRA – SILVA et al., 2014). A produção de maracujá está representada em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal (PETRY et al., 2018). Em 2019, a área plantada no Brasil foi de 41.800 hectares, tendo uma produção total estimada em 593.429 toneladas, com rendimento médio de 14,271 t ha-1, onde ofereceu um incremento de aproximadamente R$ 1,1 bilhões de reais no valor da produção. (PAM/IBGE, 2021).
O maracujazeiro pode ser propagado de forma assexuada, por meio de enxertia, estaquia ou cultura de tecidos ou de forma sexuada, via sementes (SILVA et al., 2015). Sendo a propagação sexuada o método mais usual de obtenção de mudas da espécie, contudo é comum relatos de desuniformidade na formação do estande, devido a fatores relacionados à germinação baixa e irregular, além de uma possível dormência, que dificulta a formação de mudas uniformes e de qualidade (PEREIRA; DIAS, 2000).
A propagação assexuada fundamenta-se na reprodução vegetativa de frações de plantas, com o intuito de obter-se a clonagem de mudas de qualidade genética superior, idênticas à planta matriz, uma vez que não acontece o rearranjo genético, em virtude de fazer uso dos fragmentos vegetativos como caule, folhas ou raízes (ZUFFELLATO RIBAS; RODRIGUES, 2001; FERRARI et al., 2004; HARTMANN et al., 2011).
A produção pelo método assexuado é uma possibilidade viável e possível, em razão do uso de estacas enraizadas (MELETTI, 2002). A estaquia é uma propagação por via vegetativa, onde corresponde à remoção de frações do maracujazeiro, que possuem entre 2 ou 3 gemas, para o enraizamento. Este método apresenta vantagens como a fidelidade genética para a conservação de características da planta doadora, como produção/produtividade e/ou florescimento precoce (JUNGHANS et al., 2016).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes concentrações de ácido-indolbutírico (AIB) na propagação de estacas de maracujazeiro-doce (Passiflora alata).
Resumo
O gênero Passiflora apresenta uma elevada variabilidade, aproximadamente 520 espécies, sendo a grande maioria disseminada nas Américas. O maracujazeiro pode ser propagado de forma sexuada ou assexuada. A propagação assexuada fundamenta-se na reprodução vegetativa de partes das plantas como caule, folhas ou mesmo raízes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes concentrações de ácido indolbutírico (AIB) na propagação de estacas de maracujazeiro-doce (Passiflora alata). O delineamento utilizado foi em blocos completamente casualizados, sendo os tratamentos nas concentrações de 0,0; 0,5; 0,75; 1,0 g l-1. Foram avaliados a porcentagem de sobrevivência de estacas, números de plantas brotadas, números de brotos, números de folhas e volume de raiz no nonagésimo dia após o plantio. Os resultados obtidos sugerem que não há necessidade de recomendação de uso do ácido-indolbutírico (AIB) para propagação vegetativa de estacas de P. alata. As estacas do tratamento testemunha apresentaram um maior número de folhas entre todos os tratamentos. O tratamento com a concentração 0,75 g l-1 de AIB, exibiu um menor volume cúbico de raízes, quando comparado aos demais tratamentos.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes concentrações de ácido-indolbutírico (AIB) na propagação de estacas de maracujazeiro-doce (Passiflora alata).
Material e Método
O estudo foi realizado na Estação Experimental de Urussanga – EEUr da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – EPAGRI, localizada nas coordenadas geográficas (28º52’27,53” S e 49º32’11,22” O), Santa Catarina.
O material vegetativo utilizado foi extraído de matrizes cultivadas em ambiente protegido com tela antiafídeo e em vasos (12 litros) com substrato de turfa negra corrigida. As estacas foram cortadas com auxílio de tesoura de poda, com tamanho de 15 centímetros de comprimento, com duas gemas e com a última folha apical com redução de 70% da área foliar. Esta redução da área foliar teve como objetivo, evitar e/ou diminuir as perdas de água para o ambiente, por evapotranspiração.
Foram realizados cortes com canivete, em bisel na extremidade inferior das estacas e tratadas, pela imersão solução hidroalcoólica de diferentes concentrações de ácido-indolbutírico – AIB (0,0; 0,5; 0,75; 1,0 g l-1 , respectivamente), durante dez segundos, sendo que as estacas do tratamento testemunha não foram tratadas por imersão. O plantio das estacas foi realizado em 25 de maio de 2021, em tubetes com substrato de turfa negra corrigida e casca de arroz carbonizada na proporção de 1:1. Posteriormente, foram mantidas em ambiente sombreado por um período de 30 dias para que houvesse uma diminuição da evapotranspiração das estacas.
O delineamento utilizado foi em blocos completamente casualizados, sendo os tratamentos nas concentrações de 0,0; 0,5; 0,75; 1,0 g l-1. Foram avaliados a porcentagem de sobrevivência de estacas, números de plantas brotadas, números de brotos, números de folhas e volume de raiz no nonagésimo dia após o plantio. A análise da variância foi realizada com o auxílio do software computacional Rbio ® e as médias foram comparadas entre si mediante ao Teste de Tukey.
Resultados e discussão
Os tratamentos não se diferenciaram significativamente em relação às respostas quanto às variáveis: sobrevivência e estacas brotadas nas diferentes concentrações testadas com AIB e a testemunha (Figura 1). De forma semelhante Araujo et al., (2010), em seu estudo com Passiflora cincinnata Mast. mostrou resultados significativos para a sobrevivência de estacas foram na ausência de AIB. Da mesma forma, Lima et al., (2021), recomendam em seu trabalho a ausência de enraizadores como o AIB em estacas de Passiflora edulis e, também indicam o emprego de estacas com folhas.
Figura 1. Sobrevivência e estacas brotadas de maracujazeiro-doce sob diferentes concentrações de ácido-indolbutírico.
Em nosso estudo (Figura 2), os tratamentos com AIB apresentaram menor número de folhas por estacas enraizadas em relação à testemunha. Corroborando os resultados de Lima et al., (2009), onde o maior número de folhas em estacas do híbrido P. coccinea x P. edulis foi apresentado pela testemunha, ou seja, sem tratamento com AIB.
O tratamento com AIB na concentração de 0,75 g l-1 mostrou um menor volume cúbico de raízes, entre todos os tratamentos.
Figura 2. Número de folhas de estacas e volume de raízes (ml/planta) de maracujazeiro-doce sob diferentes concentrações de ácido-indolbutírico.
Conclusões/Considerações Finais
I – Não recomenda-se o uso de ácido indolbutírico (AIB) com a finalidade de propagação de estacas de P. alata.
II – O tratamento testemunha apresentou um maior número de folhas em relação aos demais tratamentos.
III – O tratamento com a concentração 0,75 g l-1 de ácido-indolbutírico (AIB), exibiu um menor volume cúbico de raízes, quando comparado aos demais tratamentos.
Referências Bibliográficas
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Palavras Chave
Ácido indolbutírico, Propagação assexuada, Volume de raízes, Número de folhas.
Arquivos
Área
Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)
Instituições
Centro Universitário Barriga Verde - UNIBAVE - Santa Catarina - Brasil, EPAGRI - Santa Catarina - Brasil
Autores
FABIO FELTRIN FABRO, GUSTAVO CITTADIN MAZUCCO, HENRIQUE BELMONTE PETRY, EDUARDO DA COSTA NUNES, DIEGO DA SILVA ADÍLIO