Dados do Trabalho
Título
POTENCIAL PRODUTIVO DE POMARES NOVOS DE MACIEIRA ‘FUJI SUPREMA’ SOBRE DIFERENTES PORTA-ENXERTOS
Introdução
Na cultura da macieira, os porta-enxertos são utilizados para aprimorar a qualidade dos frutos e melhorar a produtividade, atendendo às mais variadas necessidades dos produtores (MACEDO, 2018). Atualmente, os porta-enxertos mais utilizados nos pomares brasileiros são: Marubakaido, M-9 e Marubakaido com interenxerto de M-9 (PASA et al., 2016). Devido a algumas das limitações que esses porta-enxertos apresentam, bem como da necessidade de diversificar as opções disponibilizadas ao produtor, novas alternativas de porta-enxertos têm sido uma demanda crescente da cadeia produtiva no Sul do Brasil.
Os porta-enxertos da série americana Geneva® são pouco utilizados no Brasil até o momento, porém, apresentam características agronômicas bastantes atraentes para os produtores, tais como: maior produtividade, precocidade de produção, alta qualidade de frutos, tolerância à doença de replantio, melhor arquitetura de planta e resistência ao pulgão-lanígero (PASA et al., 2016). Contudo, existe a necessidade de estudar como esses porta-enxertos, desenvolvidos na universidade de Cornell-EUA (Geneva), se comportariam nas condições edafoclimáticas do sul do Brasil, quanto ao vigor, produtividade e qualidade dos frutos (MACEDO, 2018).
Resumo
O objetivo deste trabalho foi caracterizar a produtividade e o calibre dos frutos de macieiras ‘Fuji Suprema’ enxertadas sobre os porta-enxertos G.969, G.11, G.935, G.222. G.41 e G.890 cultivadas na região de São Joaquim, SC. As avaliações foram realizadas nas safras de 2019/2020 e 2020/2021, utilizando um pomar experimental implantado no ano de 2018. O espaçamento utilizado foi de 3,5 x 1,0m e as plantas conduzidas no sistema de muro frutal. Foram avaliados os atributos de produtividade (t ha-1), número de frutos por planta e massa média de frutos. Na safra 2020/2021, os frutos foram ainda classificados com relação ao calibre. Todos os porta-enxertos apresentaram produtividades abaixo de 1,5 t ha-1 na safra 2019/2020. O G.41 proporcionou a maior produtividade, não diferindo, contudo, do G.222 e G.890. Os porta-enxertos G.11 e G.969 induziram menor número de frutos comparativamente ao G.41 e G.890. A massa média de frutos foi menor nas macieiras sobre G.935, não diferindo do G.969. O G.935 e o G.969 propiciaram menor percentual de frutos grandes. Os porta-enxertos G.41, G.11 e G.890 porporcionaram menor percentual de frutos pequenos em relação aos porta-enxertos G.935 e G.969. Os porta-enxertos G.41, G.890 e G.222 são promissores para cultivar ‘Fuji’ Suprema’ na região de São Joaquim, proporcionando boa produtividade e calibre de frutos.
Objetivos
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes porta-enxertos da série americana Geneva® sobre a produtividade e qualidade de frutos de macieira ‘Fuji Suprema’ no início do desenvolvimento do pomar.
Material e Método
O trabalho foi desenvolvido na Estação Experimental de São Joaquim da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, situada em São Joaquim, SC (28º17'39"S, 49º55'56"W, a 1.415 m de altitude), nas safras 2019/2020 e 2020/2021. O pomar utilizado foi implantado em 2018 em uma área previamente corrigida e adubada, seguindo a recomendação para a cultura da macieira. Nesta área, não haviam sido cultivadas espécies frutíferas anteriormente. Foram usadas mudas de ‘Fuji Suprema’ com haste simples. O espaçamento utilizado foi de 1,0 m entre plantas e 3,5 m entre linhas (população final de 2.858 plantas por hectare). A cultivar Maxi Gala foi utilizada como polinizadora e as plantas foram conduzidas em muro frutal, sem sistema de irrigação. O pomar foi manejado com base nas recomendações do sistema de produção da macieira (SEZERINO, 2018).
Os tratamentos consistiram de seis porta‑enxertos: G.969, G.11, G.41, G.222, G.935 e G.890. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições. As parcelas foram compostas por 10 plantas. No momento da colheita, que foi realizada durante a maturação comercial, a totalidade dos frutos produzidos na área foi contabilizada e pesada. Foram avaliadas com base nos dados: produção (kg planta-1), produtividade (t ha-1), frutos por planta e massa média de frutos (g). Para a safra 2020/2021, todos os frutos de cada parcela foram ainda classificados em relação ao calibre, utilizando uma máquina classificadora modelo MSW-8 (Iseki®, Tóquio, Japão), a qual dividiu os frutos em cinco classes de calibre, sendo elas: >190 g (muito grandes), 161 – 190 g (grandes), 131 – 160 g (médios), 101 – 130 g (pequenos) e <100 g (muito pequenos).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA), sendo que dados em porcentagem foram transformados pela fórmula arco seno √x/100 antes de serem submetidos à ANOVA. As médias foram comparadas pelo teste LSD (p<0,05).
Resultados e discussão
Na safra 2019/2020, todos os tratamentos proporcionaram baixas produtividades médias, com valores inferiores a 1,5 t ha-1, não sendo observadas diferenças entre porta-enxertos para os atributos de produtividade, número de frutos e massa média de frutos (dados não apresentados). Uma vez que a produção foi muito baixa nessa primeira safra, possivelmente seja de maior interesse agronômico iniciar a produção do pomar apenas a partir do terceiro ano após a implantação do pomar, permitindo o melhor crescimento da planta e desenvolvimento da copa nos primeiros anos, sobretudo para porta-enxertos ananizantes como o G.969, G.11 e G.41.
Para a safra 2020/2021, a produtividade mais elevada foi observada sobre o porta-enxerto G.41, não diferindo, entretanto, do G.890 e G.222 (Tabela 1). Os porta-enxertos G.11 e G.969 porporcionaram produtividades inferiores ao G.890 e G.41, mas não diferiram dos demais. O número de frutos produzidos foi maior quando enxertado sobre G.41 e G.890 em comparação ao G.11 e o G.969, não diferindo, contudo, dos demais porta-enxertos. O porta-enxerto G.935 proporcionou menor massa média de frutos em relação aos demais porta-enxertos, não diferindo apenas do G.969. De acordo com Denardi et al. (2015), o porta-enxerto ananizante G.41 e o porta-enxerto semivigoroso G.890 estão entre os porta-enxertos que se destacam para atender a atual composição de demandas da pomicultura sul-brasileira.
Dentre todos os porta-enxertos avaliados, o G.935 e o G.969 propiciaram os menores percentuais de frutos classificados como muito grandes (Tabela 2). O G.41, G.890 e G.11 apresentaram os menores percentuais de frutos considerados como pequenos na classificação, não diferindo apenas do G.222. O G.935 conferiu maior percentual de frutos considerados muito pequenos em comparação ao G.890 e G.11. O menor crescimento dos frutos nesse porta-enxerto possivelmente foi ocasionado por redução na taxa fotossintética das plantas, já que macieiras sobre este porta-enxerto apresentaram sintomas de amarelecimento das folhas (dados não apresentados).
Conclusões/Considerações Finais
Os porta-enxertos G.41, G.890 e G.222 são promissores para cultivar ‘Fuji Suprema’ na região de São Joaquim, apresentando boa produtividade e calibre de frutos nos primeiros anos após o cultivo. A continuidade dos trabalhos e o acompanhamento do pomar em fase adulta serão fundamentais para determinar as melhores opções para a região.
Referências Bibliográficas
DENARDI, F.; KVITSCHAL, M.V.; HAWERROTH, M.C. Porta-enxertos de macieira: passado, presente e futuro. Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.28, n.2, p.89-95, 2015.
MACEDO, T.A. Validação de porta-enxertos de macieira da série CG nas condições de Vacaria, RS. 2018. 129p. Tese (Doutorado em Produção Vegetal) - Centro de Ciências Agroveterinárias/Udesc, Lages, SC, 2018.
PASA, M.S.; KATSURAYAMA, J.M.; BRIGHENTI, A.F.; ARAÚJO FILHO, J.V.; BONETI, J.I.S. Desempenho de macieiras Imperial Gala e Mishima Fuji em diferentes porta enxertos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.51, n.1, p.17-26, 2016.
SEZERINO, A.A. (Org.). Sistema de produção para a cultura da macieira em Santa Catarina. Florianópolis: Epagri, 2018.136p. (Epagri. Sistema de Produção, 50).
Palavras Chave
calibre de frutos, Geneva®, Malus domestica Borkhausen, produtividade
Arquivos
Área
Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)
Instituições
Epagri/EESJ - Santa Catarina - Brasil
Autores
MARIUCCIA SCHLICHTING DE MARTIN, ALBERTO RAMOS LUZ, FELIPE AUGUSTO MORETTI FERREIRA PINTO, ALBERTO FONTANELLA BRIGHENTI, EDUARDO DA SILVA DANIEL, ADRIANA LUGARESI, CRISTHIAN LEONARDO FENILI, TIAGO MIQUELOTO