Dados do Trabalho
Título
INSUMOS AGROPECUARIO: O COMPORTAMENTO DOS PREÇOS NAS CULTURAS DE MILHO, SOJA E ARROZ IRRIGADO.
Introdução
Para melhor entendimento a respeito dessa matéria, analisamos de maneira separada o comportamento dos preço de insumos para três importantes culturas para o estado. A primeira é a soja, por sua representatividade econômica e crescente ampliação de área. A segunda, é a cultura do milho, essa atividade vem perdendo espaço no campo para a soja e para o milho silagem. Essa última, tem incremento significativo anual de área, alavancada pela expansão da atividade leiteira no estado. Por outro lado, há forte demanda de milho grão para abastecimento das agroindústrias de proteína animal (suínos e aves), setor de fundamental importância para o agronegócio catarinense.
A terceira cultura analisada é a do arroz irrigado. Essa atividade tem sua produção concentrada nas regiões próximas ao litoral catarinense. Possui área relativamente estável e envolve a participação de um significativo número de agricultores familiares. Nesse setor, há forte pressão dos perímetros urbanos sobre as áreas de lavoura, assim como é recorrente discussões acerca do uso da água para irrigação, sobretudo em anos em que ocorrem estiagens, quando a atividade disputa recursos hídricos com outras atividades econômicas e de interesse social.
O presente estudo tem como objetivo, analisar o comportamento da participação dos agrotóxicos, fertilizantes e corretivos na composição dos custos de produção, com vistas a contribuir com o entendimento da relação produtor e fornecedor de insumos. Possui como finalidade, gerar reflexões que auxiliem o gerenciamento de políticas públicas voltadas ao setor agropecuário, bem como, servir de base de dados para consulta e divulgação de informações para estudos e projetos, sobretudo no que se refere ao cálculo de custos de produção referenciais e análises de relações de troca.
Resumo
Nos cultivo agrícolas, fertilizantes e agrotóxicos são insumos básicos para o aumento da produtividade e da qualidade da produção agrícola. O produtor, enquanto tomador de preços, precisa constantemente melhorar sua rentabilidade. O presente trabalho analisou o comportamento dos preços desses insumos para as culturas do milho, da soja e do arroz irrigado no estado de Santa Catarina. A análise também abordou a evolução dos preços ao longo do tempo e sua relação com a um índice inflacionário representativo do setor. Observamos no estudo que, o aumento da demanda de determinado insumos, gera como consequência uma elevação nos preços pagos pelos produtores. Como os produtores normalmente não trabalham com estoques de insumos, ficam vulneráveis às oscilações de preços reguladas pelo mercado, onde outros atores que detém informações sobre oferta e demanda, interferem na dinâmica do mercado de insumos. Assim, resultados de safras anteriores e as expectativas com relação ao processo de comercialização, possuem relação direta com a formação de preços e influenciam na renda do produtor. Com margens cada vez mais reduzida, analisar os custos de produção, a partir da identificação de janelas de oportunidade para aquisições mais vantajosas financeiramente. Esses aspectos, podem contribuir na tomada de decisão dos produtores, ou fazer parte de estratégias mercadológicas, para a aquisição de fertilizantes e agrotóxicos, contribuindo para aumento da rentabilidade da atividade a partir da redução dos custos de produção.
Objetivos
O presente estudo tem como objetivo, analisar o comportamento da participação dos agrotóxicos, fertilizantes e corretivos na composição dos custos de produção, com vistas a contribuir com o entendimento da relação produtor e fornecedor de insumos. Possui como finalidade, gerar reflexões que auxiliem o gerenciamento de políticas públicas voltadas ao setor agropecuário, bem como, servir de base de dados para consulta e divulgação de informações para estudos e projetos, sobretudo no que se refere ao cálculo de custos de produção referenciais e análises de relações de troca.
Material e Método
O presente trabalho está dividido inicialmente numa breve introdução à essa temática, com conceitos básicos para melhor entendimento a respeito dessa matéria. Em seguida foi realizada a análise do comportamento de preços nos âmbitos do estados de Santa Catarina e por último, foi apresentado algumas considerações a respeito dos resultados obtidos com o estudo.
Como estratégia de análise, foi comparado o comportamento dos preços dos principais insumos utilizados nas culturas da soja, milho e arroz e do IGP-DI. Os preços foram convertidos de nominais para reais tomando como fator de correção o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), trata-se de um índice que mede o comportamento dos preços em geral da economia brasileira (1). (CONAB, 2017). Como fontes de informação foram utilizados a série histórica de preços de insumos e os custos de produção referencias elaborados pelo Epagri/Cepa para as culturas de milho, soja e arroz, todos disponíveis para consulta pública. (EPAGRI/CEPA, 2021).
Para a análise do comportamento dos preços de insumos, os dados históricos de preços foram convertidos em número-índices. Todos os parâmetros analisados, inclusive o IGP-DI, tiveram seus valores no referido mês igualados a 100, a partir daí os valores, já em números reais, tiveram seu comportamento analisado. Assim, se um determinado produto no mês de fevereiro de 2012 tivesse o preço de, por exemplo, R$80,00 por unidade e no mês seguinte o preço de R$96,00, significa um acréscimo de 20%. Desta forma, o produto passaria de um valor 100 no mês base para 120 no mês seguinte. (CONAB, 2017)
Resultados e discussão
Conhecer o comportamento dos preços agropecuários é fundamental para a tomada de decisões dos diferentes atores envolvidos nos agronegócios. São os preços que irão nortear importantes estratégias como: o que plantar, quando plantar, quanto plantar e onde plantar. Produtores devem conhecer os preços e o seu comportamento ao longo do tempo para melhor avaliar os seus custos de produção e o nível tecnológico a ser empregado num determinado sistema de produção.
Por outro lado, quem produz na agropecuária é tomador de preço, e deve conhecer as diferentes relações existentes entre os agentes de mercado. Esses agentes que trabalham do lado de fora da porteira, quais sejam: indústrias de máquinas e insumos agropecuários, distribuidores de sementes e insumos, representantes comercias, compradores, entre outros. Eles possuem papel fundamental na formação dos preços, na medida em que controlam grandes volumes de insumos.
É certo que fatores climáticos e conjunturas econômicas nacionais e internacionais geralmente mais determinantes no resultado econômico da atividade produtiva. Contudo, esses fatores normalmente são de difícil controle e mensuração por parte dos produtores. Já a variação de preços de insumos está mais presente no cotidiano dos produtores, e é fator decisivo para os produtores na tomada de decisão do que plantar e do momento mais adequado para plantar.
Entre os anos-safra 2012/13 e 2019/20, a safra catarinense de soja cresceu cerca de 43,53%, passando de 1,6 para 2,3 milhões de toneladas. Para as safras de milho grão, o comportamento foi descendente, ou seja, a produção catarinense de milho reduziu 41,07%, passando de 2,3 milhões de toneladas na safra 2012/13, para 1,4 milhões de toneladas na safra 2019/20. (INFOAGRO, 2021).
Concorrem em área com o milho grão, não apenas a soja, mas também o milho para fins de produção de silagem. Essa produção cresceu consideravelmente nos últimos anos com a expansão da atividade de bovinocultura leiteira. Essa produção pecuária ocupada um grande número de propriedade de agricultores familiares, com significativa representatividade nas regiões do Extremo Oeste, Oeste e Meio Oeste do estado.
Na cultura do arroz irrigado Santa Catarina possui papel de destaque no cenário nacional, sendo o segundo maior produtor do páis. A área cultivada com arroz irrigado tem demonstrado estabilidade ao longo da série de anos analisada. Contudo, considerando os ano safra extrememos da série, observamos um incremento na produção de aproximadamente 23%. Na safra 2012/13 foram colhidos cerca de 1,02 milhões de toneladas do cereal, contra cerca de 1,25 milhões de toneladas colhidos na safra 2019/20. (INFOAGRO, 2021).
Ao longo dos meses da série analisado, podemos perceber uma forte tendência de alta no IGP-DI, que não são acompanhados pelos preços dos fertilizantes. Nesse grupo, todos os produtos analisado estiveram na maior parte do tempo com preços abaixo do índice da inflação. O cloreto de potássio, o superfosfato triplo e a ureia tiveram valorização nas safra 2015/16, 2018/19 e 2019/20. Por outro lado, o corretivo de acidez calcário foi o que mais esteve próximo a linha do IGP-DI. (IPEA, 2021)
No grupo dos fungicidas, analisamos a evolução dos preços daqueles mais utilizados para as culturas do milho, soja e arroz irrigado. O fungicida que mais teve aumento de preço foi o Bim 750 BR (kg), seguido pelo Amistar 500 WG (100 g) e Folicur 200 CE (l). Os fungicidas Nativo SC (l) e Tilt 250 CE (l) foram os que se mantiveram mais próximos a linha do IGP-DI, apresentando os menores preços ao longo da série. De forma geral, o grupo de fungicidas se manteve muito próximo à linha da inflação até a 2014/15. Entre as safras 2015/16 e 2017/18, o fungicida Bim 750 BR (kg), sofreu forte valorização.
A maior ou menor intensidade no uso de fungicidas está intimamente relacionado às condições climáticas. A variação no regime de chuvas influenciam na maior incidência de doenças fungicas, com isso, em anos chuvosos, é possível que os produtores tenha que realizar um maior número de pulverizações, sobretudo na fase de desenvolvimento vegetativo da plantas.
No comportamento dos preços de herbicidas, para os cinco produtos comerciais listados, observamos que todos eles ficaram acima da linha do IGP-DI, ou muito próximos a ela, até a safra 2015/16. Merece destaque o produto Zapp (5l), que se manteve bem acima da inflação até a safra 2016/17. A partir da safra 2018/19, percebemos um descolamento dos preços dos herbicidas em relação ao índice inflacionário, com um trajetória descendente dos preços dos produtos em relação à inflação.
O uso crescente e intensivo de herbicidas na agricultura tem feito desse grupo de agrotóxicos, um dos componentes do custos de produção que mais tem crescido em participação no custo total. Os elevados preços observado nessa análise, demostra que há grande procura por esses insumos. Com uma demanda elevada, temos um aumento dos preços pagos pelos produtores.
Conclusões/Considerações Finais
A análise dos dados e informações de preços médios pagos pelos produtores no estado de Santa Catarina, para o grupo de produtos selecionados, nos permite concluir que a partir da safra 2017/18, herbicidas, fungicidas e inseticidas, apresentaram trajetórias de variação de preços diferentes do índice de inflação IGP-DI, ou seja, a inflação foi superior a variação dos preços. Já para o grupo de fertilizantes e corretivo selecionadas, percebemos que ao longo de toda série analisada, os preços estiveram na grande maioria do tempo abaixo da curva da inflação.
O comportamento observado dos preços dos insumos, com trajetórias baixista em relação a inflação na maior parte do tempo, denota um ganho na relação de troca entre o preço pago pelos produtores pelos insumos, em relação ao valor recebido pela sua produção. Contudo, isso não significa dizer que os custos de produção foram menores. Nos últimos anos, temos observado um incremento significativo nos custos de produção, alavancados sobretudo pela alta dos preços dos grãos.
Podemos concluir também que, o produtor trabalha com ciclos produtivos definidos no tempo e espaço, com pouca margem para alterar as datas e locais de implantação das lavouras. Com isso, toda rede de suprimento de fertilizantes e agrotóxicos, sabe com segurança, qual a época e onde haverá maior demanda por esses insumos.
Referências Bibliográficas
CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. O comportamento dos preços dos insumos agrícolas na produção de milho e soja. In: Compêndio de Estudos Conab -. – v. 7 (2017). Brasília: CONAB, 2017. INFOAGRO. Sistema Integrado de Informações Agropecuárias da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina. Produção agropecuária. Florianópolis, 2021. Disponível em: http:// www.infoagro.sc.gov.br/index.php/safra. Acesso em: 25 de agosto de 2021.
EPAGRI/CEPA. Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina/Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola. Preços Agrícolas Mensais e Preços de Insumos. Florianópolis, 2021. Disponível em: https://cepa.epagri.sc.gov.br/index.php/produtos/mercado-agrícola. Acesso em: 10 de agosto de 2021. IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Ipeadata. Rio de Janeiro, 2021. Disponível em: http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx. Acesso em: 22 de julho de 2021.
Palavras Chave
insumos, preços, safra, sazonalidade.
Arquivos
Área
Grupo VII: Gestão e economia rural
Autores
JOAO ROGERIO ALVES, HAROLDO TAVARES ELIAS, ROGÉRIO GOULART JUNIOR