Dados do Trabalho


Título

SELETIVIDADE DE INSETICIDAS A COTESIA FLAVIPES EM CONDIÇOES DE SEMI-CAMPO

Introdução

Umas das principais pragas ocorrentes nas regiões canavieiras do Brasil é Diatraea saccharalis (MENDONÇA, 1996). Seu controle pode ser realizado por inimigos naturais como Cotesia flavipes e Trichogramma galloi, dado que o primeiro se destaca pelo sucesso de utilização em todo os cultivos comerciais de cana de açúcar pelo mundo (PINTO et al., 2006).
O manejo integrado de pragas (MIP) visa compatibilizar o uso do controle biológico com defensivos agrícolas seletivos aos inimigos naturais. Em sistemas projetados para reduzir o número de insetos nocivos, a seletividade é a chave para o MIP, em vez de alterar ou afetar o menos possível o agroecossistema e outros componentes do meio ambiente (SANTOS et al., 2006).
Se produtos químicos apresentarem seletividade, poderão ser associados a outras estratégias de manejo adotadas no MIP (SANTOS et al., 2006). Portanto, o controle biológico é interessante pela sustentabilidade e baixo risco para o homem e o meio ambiente. Com as grandes expansões de áreas no Brasil, está crescendo a utilização de agentes de controle biológico, contra pragas e doenças. Isso deve estar ocorrendo devido a busca da sociedade, em reduzir a utilização de agrotóxicos, buscando alimentos mais saudáveis e com menos resíduos agroquímicos. A preocupação com o meio ambiente, também se mostra bastante relevante (VIEIRA et al., 2016).

Resumo

A utilização do manejo integrado de pragas é de extrema importância para minimizar a utilização de inseticidas de amplo aspecto, sobretudo manter a fauna de inimigos. O objetivo da execução deste trabalho foi avaliar a seletividade de inseticidas a Cotesia flavipes em condições de semi-campo. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 5 tratamentos e igual número de repetições. Os tratamentos foram constituídos de testemunha (água destilada), lambda-cialotrina (50 g ha-1) + clorantraniliprole (100 g ha-1), fipronil (800 g ha-1), metoxifenozida (300 g ha-1) + espinetoram (60 g ha-1) e tiametoxam (141 g ha-1) + lambda-cialotrina (106 g ha-1) em taxa de aplicação equivalente a 100 L ha-1. Em ambiente controlado, adultos do parasitoide foram dispostos ao contato dos referidos inseticidas, previamente aplicados em folhas de cana de açúcar. Posteriormente, larvas de Diatraea saccharalis foram oferecidas às fêmeas sobreviventes. Avaliou-se a sobrevivência das vespas e lagartas, o parasitismo e as massas de pupas do parasitóide. O tratamento lambda-cialotrina (50 g ha-1) + clorantraniliprole (100 g ha-1), fipronil e tiametoxam (141 g ha-1) + lambda-cialotrina (106 g ha-1) obtiveram maior porcentagem de vespa morta, resultando assim na maior taxa de mortalidade, exceto para o fipronil, que não diferiu da testemunha. Os inseticidas neurotóxicos causam altas taxas de mortalidades ao parasitoide de larvas Cotesia flavipes. O inseticida metoxifenozida (300 g ha-1) + espinetoram (60 g ha-1), possui baixa taxa de mortalidade, quando comparado com os outros inseticidas.

Objetivos

O objetivo da execução deste trabalho foi avaliar a seletividade de inseticidas ao parasitoide de larvas Cotesia flavipes em condições de semi-campo.

Material e Método

O experimento foi realizado na Fazenda São Franck, 17º19’29.52”S, 50º25’33.64”O, localizada no município de Acreúna - GO, nas dependências do laboratório geral. Por sua vez, conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 5 tratamentos e igual número de repetições.
Os tratamentos foram constituídos de testemunha (água destilada), lambda-cialotrina (50 g ha-1) + clorantraniliprole (100 g ha-1), fipronil (800 g ha-1), metoxifenozida (300 g ha-1) + espinetoram (60 g ha-1) e tiametoxam (141 g ha-1) + lambda-cialotrina (106 g ha-1) em taxa de aplicação equivalente a 100 L ha-1. A unidade experimental foi composta por massas contendo pupas do parasitoide Cotesia flavipes (± 50 indivíduos) armazenadas em embalagens plásticas descartáveis de volume de 500 mL (uma massa por embalagem), mantidas em ambiente controlado.
Aguardadas 12h após o início da eclosão, adultos do parasitoide foram dispostos ao contato de pedaços de folhas de cana-de-açúcar previamente tratadas e secas, a campo, com os inseticidas citados anteriormente, por um período de 24h. Posteriormente ao período de exposição, 9 larvas de Diatraea saccharalis foram ofertadas para parasitismo das fêmeas sobreviventes. Essas permaneceram em recipientes idênticos aos anteriormente mencionados para que fosse observada a quantidade e viabilidade da progênie. Toletes de canas foram cortados, picados e acondicionado em estufas a 105ºC por 24 horas, refrigeradas e ofertadas como alimento para as larvas. A mortalidade dos indivíduos da massa inicial foi observada até o final da sobrevivência dos indivíduos nos diferentes tratamentos. Avaliou-se a sobrevivência das vespas e lagartas, o parasitismo e as massas de pupas do parasitóide.
A normalidade foi aferida pelo teste de Shapiro Wilk e os dados relacionados aos indivíduos sobreviventes em cada tratamento, bem como o parasitismo, Avaliou-se a sobrevivência das vespas e lagartas, o parasitismo e as massas de pupas do parasitóide.foram transformados pela função √(x+5) e submetidos à análise de variância e ao teste de tukey a 5% de probabilidade, utilizando o software estatístico SISVAR.

Resultados e discussão

Os tratamentos lambda-cialotrina (50 g ha-1) + clorantraniliprole (100 g ha-1), fipronil e tiametoxam (141 g ha-1) + lambda-cialotrina (106 g ha-1) foram superiores à testemunha em relação a porcentagem da taxa de mortalidade da vespa, mas essa não diferiu do tratamento metoxifenozida (300 g ha-1) + espinetoram (60 g ha-1), . O tratamento lambda-cialotrina (50 g ha-1) + clorantraniliprole (100 g ha-1), fipronil e tiametoxam (141 g ha-1) + lambda-cialotrina (106 g ha-1) obtiveram maior porcentagem de Cotesia flavipesmorta, resultando assim na maior taxa de mortalidade, exceto para o fipronil, que não diferiu da testemunha (tabela 1).
Não houve diferença significativa nas variáveis lagartas vivas, lagartas mortas e lagartas não parasitadas. Nas variáveis lagartas parasitadas e massa de Cotesia flavipes, os tratamentos lambda-cialotrina (50 g ha-1) + clorantraniliprole (100 g ha-1), fipronil e tiametoxam (141 g ha-1) + lambda-cialotrina (106 g ha-1), obtiveram menor porcentagem de lagartas parasitadas e massa de cotesia, mas o tratamento metoxifenozida (300 g ha-1) + espinetoram (60 g ha-1) não diferiu da testemunha. De acordo com Souza (2011), o inseticida lamba cialotina + tiametoxam, resultaram no efeito negativo de Trichogramma pretiosum, sendo que esse resultado pode estar relacionado á menor dosagem utilizada (250 mL / 300 L ha-1).
Segundo Oliveira et al, (2013) os produtos fipronil, tiametoxam e lambdacialotrina + tiametoxam são nocivos aos parasitoide Trichogramma pretiosum, sendo considerado classe 4, causando taxa de mortalidade de até 100%.

Tabela 1. Média do parasitismo de Cotesia flavipes para oviposição de Diatraea saccharalis criadas em dieta artificial.

Conclusões/Considerações Finais

Os inseticidas neurotóxicos provocam mortalidade ao parasitoide de larvas Cotesia flavipes, a excessão demetoxifenozida (300 g ha-1) + espinetoram (60,0 g ha-1).

Referências Bibliográficas

MENDONÇA, A. F. Distribuição de Diatraea spp. (Lep: Pyralidae) e de seus principais parasitoides larvais no continente americano. In: MENDONÇA, A. F. Pragas da cana-de-açúcar. Maceió: Insetos & Cia., p. 83-121, 1996.

OLIVEIRA, H. N.; ANTIGO, M. R.; CARVALHO, G. A.; GLAESER, D. F.; PEREIRA, F. F. Seletividade de inseticidas utilizados na cana-de-açúcar a adultos de Trichogramma galloi zucchi (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Biosciense Journal., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1267-1274, 2013.

PINTO, A. S.; CANO M. A.V.; SANTOS, E. M. A broca-da-cana. Diatraea saccharalis. In: PINTO, A. S. Controle de pragas da cana-de-açúcar. Sertãozinho: Biocontrol, p. 15-20, 2006.

PINTO, A. S. O controle biológico de pragas da cana-de-açúcar. In: PINTO, A. S.; BATISTA FILHO, A.; GINARTE, C. M. A.; SANTOS, E. M.; ARRIGONI, E. B.; STINGEL, E.; TAVARES, F. M.; ALMEIDA, J. E. M.; GARCIA, J. F.; BENTO, J. M. S.; MACHADO, L. A.; MACEDO, L. P. M.; LEITE, L. G.; ALMEIDA, L. C.; CANO, M. A. V.; BOTELHO, P. S. M. (Ed.). O controle biológico de pragas da cana-de-açúcar. Sertãozinho: Biocontrol, p. 9-13, 2006.

SANTOS, A. C.; BUENO, A. F.; BUENO, R. C. O. F. Seletividade de defensivos agrícolas aos inimigos naturais. In: PINTO, A. S.; NAVA, D. E.; ROSSI, M. M.; MALERBO-SOUZA, D. T. (Ed.). Controle biológico de pragas na prática. Piracicaba: CP2, p.221-227, 2006.

SOUZA, J. R. Ação de inseticidas usados na cultura do milho a Trichogramma pretiosum Riley, 1879. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2011. 79 f.

VIEIRA, H. B. A. ; PRADO, J. S. M.; NECHET, K. L.; MORANDI, M. A. B.; BETTIOL, W. Defensivos agrícolas naturais: uso e perspectivas. Brasília, DF: Embrapa (ebook), 2016.

Palavras Chave

controle químico, inimigo natural, manejo integrado de pragas, parasitoide de larvas

Arquivos

Área

Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)

Autores

ELIZABETE LOURENÇO PIRES, RONES DIAS COSTA, MARCOS VINICIUS ALVES LELES, NICOLAS GONÇALVES LEITE PEREIRA, EDUARDO LIMA CARMO