Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇAO DE INSETICIDAS PARA O CONTROLE DE TRES INSTARES LARVAIS DE SPODOPTERA COSMIOIDES (WALKER, 1858) (LEP.: NOCTUIDAE) EM CONTAMINAÇAO POR CONTATO
Introdução
Considerada uma espécie altamente polífaga, a Spodoptera cosmioides Walker (1858) (Lepidoptera: Noctuidae) se alimenta de uma enorme variedade de plantas como soja, algodão, milho e plantas daninhas. Na soja sua importância cresceu na última década principalmente pelo seu alto consumo foliar quando comparada a outros lepidópteros-praga, causando intensa desfolha na cultura (GALLO et al., 2002; BAVARESCO et al., 2003; SANTOS et al., 2010).
O uso de cultivares de soja transgênicas que produzem a toxina inseticida Cry1Ac em seus tecidos constituem hoje a principal medida de controle de lagartas desfolhadoras, exceto o complexo Spodoptera spp. Com isso, o método mais utilizado para o controle da S. cosmioides é o controle químico, porém há poucos inseticidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle dessa praga (SILVA et al., 2014; MATOS, 2017).
Com isso, o objetivo da pesquisa foi avaliar a eficiência de 29 inseticidas registrados para a cultura da soja, de diferentes princípios ativos, para controle da S. cosmioides em diferentes instares larvais, em contaminação por contato, visando suprir essa lacuna de informações acerca do manejo desse inseto-praga.
Resumo
A pesquisa teve como objetivo avaliar a eficiência de 29 inseticidas para o controle de três instares larvais de Spodoptera cosmioides em contaminação por contato, de forma a contribuir com informações atualizadas para o manejo do inseto na soja. Foram utilizadas lagartas de segundo, terceiro e quarto ínstar separadamente, em delineamento experimental inteiramente ao acaso (DIC), sendo 4 repetições de 10 lagartas e 30 tratamentos (Testemunha e 29 produtos). Os inseticidas foram aplicados sobre os insetos com pulverizador costal pressurizado a CO2, volume de calda de 150 L/ha. As lagartas foram mantidas individualizadas, sendo alimentadas com dieta artificial modificada de Greene et. al (1976), e mantidas a 25±1°C e 12 horas de fotofase. As avaliações foram realizadas diariamente durante 5 dias, determinando o número de lagartas vivas e mortas. Os valores foram transformados em porcentagem e submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade utilizando o software SISVAR. Os inseticidas Ampligo®, Avatar®, Bold®, Connect®, Curyom® 550 CE, Engeo Pleno®, Fastac Duo®, Galil® SC, Hero®, Klorpan® 480 EC, Mustang® 350 EC, Orthene® 750 BR, Perito® 970 SG, Pirate®, Pirephos® EC, Sperto®, Talisman® e Trinca Caps® proporcionaram, aos 5 dias, entre 97,50% e 100,0% de mortalidade para lagartas do segundo, terceiro e quarto ínstar. Já os inseticidas Belt®, Exalt® e Xentari® apresentaram pouca eficiência para o controle dos três instares larvais, não superando 60,0% de mortalidade aos 5 dias.
Objetivos
Avaliar a eficiência de 29 inseticidas registrados para a cultura da soja, de diferentes princípios ativos, para controle da S. cosmioides em diferentes instares larvais, em contaminação por contato, visando suprir essa lacuna de informações acerca do manejo desse inseto-praga.
Material e Método
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Entomologia Agrícola da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, em Barreiras/BA. Foram utilizadas nos ensaios lagartas de segundo, terceiro e quarto instares, em ensaios separados, em delineamento experimental inteiramente ao acaso (DIC), com 4 repetições de 10 lagartas, e 30 tratamentos (Testemunha e 29 produtos). Os inseticidas foram aplicados com pulverizador pressurizado a CO2, volume de calda de 150 L/ha, pontas tipo leque 11002, sobre bandejas plásticas (30,0 cm x 40,0 cm) contendo as larvas. Em seguida, as lagartas foram individualizas em frascos transparentes de 60,0 mL (5,0 cm x 4,0 cm), contendo um pequeno bloco de dieta artificial modificada de Greene et al. (1976) para sua alimentação, e mantidas em câmara incubadora BOD (25 ± 1ºC e 12 horas de fotofase).
As avaliações foram feitas diariamente, durante 5 dias, onde determinou-se o número de lagartas vivas e mortas. Os valores de mortalidade acumulada diária foram transformados em porcentagem e submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade, utilizando o software SISVAR.
Resultados e discussão
Após os 5 dias de avaliação, dentre os 29 inseticidas avaliados, 18 proporcionaram alto índice de mortalidade, entre 95% e 100,0%, em todos os três instares larvais de S. cosmioides, sendo: Ampligo®, Avatar®, Bold®, Connect®, Curyom® 550 CE, Engeo Pleno®, Fastac Duo®, Galil® SC, Hero®, Klorpan® 480 EC, Mustang® 350EC, Orthene® 750BR, Perito® 970SG, Pirate®, Pirephos® EC, Sperto®, Talisman®, Trinca Caps® (Tabela 1). Belt®, Exalt® e Xentari® proporcionaram baixa mortalidade para os três instares larvais, não superando 60,0% aos 5 dias. O controle por Benevia® apresentou redução com o passar dos instares, sendo de 95%, 57,50% e 37,50% para o 2º, 3º e 4º ínstar, respectivamente (Tabela 1).
Lutz et al. (2018) relataram que além de causar mortalidade ao 2º ínstar larval de S. cosmioides, inseticidas do grupo químico das diamidas causam efeitos sub-letais nos sobreviventes, como maior tempo para completar o período larval e redução da fecundidade em até oito vezes. Os resultados obtidos por Lutz et al. (2018) corroboram com os dados dessa pesquisa, evidenciando que quanto mais novas são as lagartas, mais suscetíveis elas são aos inseticidas.
A grande quantidade de inseticidas que se mostraram eficientes para o controle de S. cosmioides, pertencentes a grupos químicos distintos, torna possível a rotação de produtos com base no modo de ação, visando a prevenção do desenvolvimento de resistência. Também é possível escolher os produtos considerando o custo-benefício e o menor impacto para organismos não alvo da lavoura, como polinizadores e inimigos naturais.
Conclusões/Considerações Finais
Os inseticidas Ampligo®, Avatar®, Bold®, Connect®, Curyom® 550 CE, Engeo Pleno®, Fastac Duo®, Galil® SC, Hero®, Klorpan® 480 EC, Mustang® 350 EC, Orthene® 750 BR, Perito® 970 SG, Pirate®, Pirephos® EC, Sperto®, Talisman® e Trinca Caps® são muito eficientes para o controle dos três instares larvais de S. cosmioides, apresentando valores de mortalidade entre 97,50% e 100,0%.
Belt®, Exalt® e Xentari® não são eficientes para o controle dos três instares larvais, apresentando taxas de mortalidade entre 5,0% e 57,50%.
A quantidade de produtos testados e os grupos químicos que foram eficientes possibilita o planejamento de rotação dos princípios ativos visando prevenir o surgimento de populações de insetos resistentes, bem como a escolha pelo produtor com base no seu custo-benefício e impacto ambiental.
Referências Bibliográficas
BAVARESCO, A; GARCIA, M.S.; GRÜTZMACHER, A.D.; FORESTI, J.; RINGENBERG, R. Biologia comparada de Spodoptera cosmioides (Walk.) (Lepidoptera: Noctuidae) em cebola, mamona, soja e feijão. Ciência Rural, [S.L.], v. 33, n.6, p.993-998, dez.2003.
GALLO, D; NAKANO, O; NETO, S.S; CARVALHO, R.P.L; BATISTA, G.C; FILHO, E.B; PARRA, J.R.P; ZUCHI, A.R; ALVES, S.B; VENDRAMIM, J.D; MARCHINI, L.C; LOPES, J.R.S; OMOTO, C. Entomologia Agrícola. 10. ed. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920p.
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MATOS, J.M.L. Avaliação do efeito letal e sub-letal de toxinas de Bacillus thuringiensis em Spodoptera cosmioides. 2017. 28 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2017.
SANTOS, K.B; MENEGUIM, A.M; SANTOS, W.J; NEVES, P.M.O.J; SANTOS, R.B. Caracterização dos danos de Spodoptera eridania (Cramer) e Spodoptera cosmioides (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) a estruturas de algodoeiro. Neotropical Entomology, [S.L.], v.39, n. 4, p.626-631, ago. 2010.
SILVA, G.V; BORTOLOTTO, O.C; BIATO, R.R; TONSIC, D.H; POMARI, A.F; YATIE, A.M; BUENO, A.F. Biologia de Spodoptera cosmioides (Walker, 1858) (Lepidoptera: Noctuidae) em soja Bt e não Bt. In: IX JORNADA ACADÊMICA DA EMBRAPA SOJA, 9, 2014, Londrina. Resumos expandidos. Londrina: Embrapa Soja, 2014. p. 177-180.
Palavras Chave
Controle químico, Lagarta das vagens, Mortalidade, Soja.
Arquivos
Área
Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)
Instituições
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB - Bahia - Brasil
Autores
NATTALIA MATOS DA ROCHA, MARCO ANTONIO TAMAI, MÔNICA CAGNIN MARTINS, FÁBIO CRUZ DA SILVA, UELINTON CAÍQUE SANTANA DO NASCIMENTO, JACKELYNE DE CASTRO OLIVEIRA, JOSÉ LUCAS SOUZA SANTOS