Dados do Trabalho
Título
USO DE PRODUTOS A BASE DE ALGAS E PROTEINAS NA CULTURA DA SOJA
Introdução
A soja é um produto de sustentação da balança comercial brasileira, amplamente disseminada pelo mundo. O Brasil é o maior exportador e também maior produtor de soja do mundo, graças a safra recorde no ano de 2020, o Brasil produziu cerca de 125 milhões de toneladas de soja, com a ocupação de aproximadamente 37 milhões de hectares de área plantada, conforme demonstra o estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2021).
Para se obter altas produtividades, o agricultor precisa buscar diferentes técnicas e manejos, um deles seria o uso de produtos que estimulem o desempenho produtivo da cultura. O termo bioestimulante se refere à combinação de produtos à base de hormônios, micronutrientes, aminoácidos e vitaminas. No entanto, pouco se sabe sobre o verdadeiro efeito desses produtos, assim a necessidade de procurar bioestimulantes e fertilizantes mais eficientes tem levado as empresas a utilizar alta tecnologia para desenvolver produtos com com melhores eficiências e preços mais acessíveis (BOURSCHEIDT, 2011).
Os nutrientes indispensáveis aos vegetais podem ter diversas origens, uma delas é a obtenção dos mesmos através das algas. Segundo Silva et al. (2008), as algas têm grande valor na indústria de fertilizantes por apresentarem grande bainha de mucilagem, sendo que algumas algas atuam diminuindo a compactação do solo e na aglomeração de solos arenosos.
A Proteína harpin, originalmente extraída de Erwinia amylovora, é um bioestimulante que tem se tornado comum nas práticas agrícolas. Segundo Akbudak, et al (2006), quando aplicada, a proteína harpin se liga a receptores de plantas que ativam várias vias bioquímicas relacionadas ao crescimento e aumento da resistência por meio de uma via de resistência adquirida sistêmica.
Resumo
Este trabalho tem por objetivo avaliar o efeito de diferentes dosagens de proteína hidrolisada juntamente com produto a base de extrato de algas marinhas nos parâmetros produtivos da soja. O experimento foi conduzido na cidade de Ubiratã -PR, com a variedade BS 2606 IPRO, em DBC, com 8 tratamentos com diferentes combinações e doses dos produtos e 3 repetições de cada. Foram avaliadas as variáveis: produtividade (Kg ha-1), altura de planta (cm), número de vagens por planta e grãos por vagem. Concluiu-se que em relação à altura de plantas, massa de mil grãos, número de vagens por plantas e número de grãos por vagens não houve resultados significativos positivos com o uso dos produtos, já na produtividade em ha-1 o uso do produto a base de extratos de algas e a proteína hidrolisada utilizados separadamente, demostraram ganhos significativos para a cultura da soja nas condições deste experimento.
Objetivos
Este trabalho objetiva avaliar o efeito de diferentes dosagens da proteína hidrolisada juntamente com produto a base de extrato de algas nos parâmetros produtivos da soja.
Material e Método
O trabalho foi desenvolvido em Ubiratã, PR, na altitude de 490 metros, a latitude de 24º28’43’’S e a longitude de 52º56’10’’W. De acordo com a classificação de Koeppen, o clima é Cfa: subtropical super úmido mesotérmico, cujo caracteriza-se pelas estações bem definidas. A temperatura média em meses quentes é de 26°C e 16°C nos meses frios, junto a uma precipitação pluviométrica média anual de 1.913 mm (IAPAR, 2019).
O tipo de solo é o Latossolo Vermelho Distroférrico, de textura argilosa (EMBRAPA, 2018). Antes da implantação do experimento, a área foi corrigida com calcário granulado, de acordo com a análise de solo. A variedade de soja utilizada foi BS 2606 IPRO, o experimento montado em delineamento de blocos casualizados (DBC), com 24 unidades experimentais, formadas 8 tratamentos e 3 repetições cada. As parcelas foram constituídas por 3,15m de largura e 4 m de comprimento totalizando 12,6 m2.
O produto de extrato de algas utilizado nos tratamentos na dosagem de 1,5g/ Kg de semente é composto por: Ascophyllum nodosum - 10%, Trichoderma harzianum 10^6 cfu/g, Bacillus subtilis 10^7 cfu/g, ácidos húmicos totais ½ 66-68% , ácido húmico 61-62% , ácido fúlvico 5-6% , potássio-humates 75% , potássio (K2O) 10-12% , matéria seca 83-85% , substância orgânica 68-70% , valor do PH 9,5-10,5 densidade aparente 0,55-0,65kg/L. Já a Proteína hidrolisada utilizada é constituída por carbono orgânico total 38% e nitrogênio solúvel 0,5%. Em todos os tratamentos utilizou-se tratamento de sementes constituído por: Standak top® (piraclostrobina 25g/L; tiofanato-metilico 225g/L; fipronil 250 g/L) e Potamol® (fonte de molibdênio, aditivos e biorreguladores).
Os tratamentos utilizados foram: Tratamento 1- Testemunha; Tratamento 2 – Produto a base de extrato de algas; Tratamento 3- Produto a base de extrato de algas + Proteína hidrolisada (20µg/unid.de semente); Tratamento 4 - Produto a base de extrato de algas + Proteína hidrolisada (30µg/unid. de semente); Tratamento 5- Produto a base de extrato de algas + Proteína hidrolisada (40µg/unid. de semente); Tratamento 6 - Proteína hidrolisada (20µg/unid. de semente); Tratamento 7- Proteína hidrolisada (30µg/unid. de semente); Tratamento 8- Proteína hidrolisada (40µg/unid. de semente).
A colheita foi realizada manualmente, em 2 linhas de cada parcela, com 3m de comprimento cada. Foram avaliadas a produtividade (Kg ha-1), altura de planta (cm), quantidade de vagens por planta e grãos por vagem, e massa de mil grãos (g). A produtividade foi coletada cada parcela, debulhada a mão e pesada separadamente numa balança de precisão. Altura de planta foram colhidas cinco plantas por parcela e medida com trena. Destas cincos plantas colhidas por parcela, foi contada todas as vagens de cada planta e a quantidade de grãos foi baseado por 10 vagens de cada planta. E para a massa de mil grãos foi pesado cem grãos por vez, isso foi feito oito vezes cada parcela, e depois feita a média. Os resultados obtidos foram submetidos à verificação da normalidade e médias comparadas pelo teste Tukey a 5% pelo programa estatístico ASSISTAT (SILVA e AZEVEDO, 2016).
Resultados e discussão
Como pode ser observado pela Tabela 1, o número de vagens por planta, o número de grãos por vagem assim como a massa de mil grãos apesar de apresentar resultados numericamente diferentes, não demonstraram diferença significativa entre os tratamentos aplicados sobre as variáveis analisadas.
Tabela 1 - Número de vagens por planta, número de grãos por vagem, massa de mil grãos e altura de soja submetidas a diferentes tratamentos à base de extratos de algas e proteína hidrolisada a campo, em Ubiratã – PR.
Tratamentos Número de vagens/plantas Número de grãos/vagens Massa de mil grãos (g) Altura da planta (cm)
T1
T2 54,40 2,60 135,83 127,90abc
64,60 2,68 141,25 124,90abc
T3 66,33 2,45 134,16 129,90ab
T4 59,33 2,44 133,33 131,70a
T5 61,09 2,61 137,91 125,70abc
T6 62,73 2,72 144,16 121,70bc
T7 63,73 2,57 135,83 120,80bc
T8 68,07 2,54 126,66 120,60c
DMS 23,57 0,55 22,07 0,0909
CV(%) 13,07 7,47 5,63 2,52
F 0,80 ns 0,83 ns 1,42 ns 5,36*
Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna não diferem entre si a 5% probabilidade pelo teste de Tukey. n.s = não significativo a 5% de probabilidade; * significativo a 5 % de probabilidade. DMS = Desvio Médio Significativo; CV = Coeficiente de variação.
Quanto a massa de mil grãos, os tratamentos T2 e T6 se destacaram, apresentando resultado de 5 e 9g respectivamente, maiores que a testemunha. Marques e Mourão (2014) também não encontraram diferença significativa na massa de mil grãos com a utilização de bioestimulantes a base de extrato de algas marinhas na cultura da soja, porém Ferrazza e Mourão (2010) obtiveram diferença significativa na massa de mil grãos e produtividade de soja ao utilizarem produtos à base de extratos de algas no tratamento de sementes e via foliar.
No parâmetro altura das plantas quando submetidas aos diferentes tratamentos, o T4 teve a maior média de altura entres todos os tratamentos, porém não se diferindo da testemunha, mas sim, apenas dos tratamentos 6, 7 e 8.
Na Figura 1, observa-se que a produtividade da soja quando submetida aos diferentes tratamentos, demonstrou diferença significativa entre as médias, os tratamentos T2 e T6 obtiveram resultados superiores ao da testemunha, com valores de 534,72 a 602,777 kg, respectivamente de diferença. Esse fato pode ter relação com o que afirmou Vasconcelos (2006), indicando que os bioestimulantes podem modificar o status hormonal da planta e influenciar positivamente no crescimento e desenvolvimento da mesma.
Figura 1 – Produtividade (kg ha-1) de soja submetidas a diferenças a tratamentos à base de extratos de algas e proteína hidrolisada a campo, em Ubiratã-PR
F =24,29 *; DMS = 294,19; CV (%) = 3,63
Os dados corroboram com Ferrazza e Mourão (2010) que observaram que o uso de produto de extrato de algas marinhas via tratamento de sementes teve resultados significativos na produção final de soja. Também se assemelham com dados de Floss e Floss (2007), onde mostraram que os benefícios alcançados com uso de aminoácidos estão agregados com a melhoria da germinação, com raízes mais fortes, plantas mais vigorosas e firmes, enchimento mais uniforme de grãos e consequentemente uma produtividade mais abrangente.
Conclusões/Considerações Finais
Em relação à altura de plantas, massa de mil grãos, número de vagens por plantas e número de grãos por vagens não houve resultados significativos positivos com o uso dos produtos, já na produtividade em ha-1 o uso do produto a base de extratos de algas e a proteína hidrolisada utilizados separadamente, demostraram ganhos significativos para a cultura da soja nas condições deste experimento.
Referências Bibliográficas
AKBUDAK, N., TEZCAN, H., AKBUDAK, B., SENIZ, V. O efeito da proteína harpina nos parâmetros de crescimento da planta, clorofila foliar, cor da folha e porcentagem de frutos podres de plantas de pimenta inoculadas com Botrytis cinerea. Scientia Horticulturae, n. 109 v. 2, p. 107-112, 2006.
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VASCONCELOS, A. C. F. Uso de bioestimulantes nas culturas de milho e soja. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006, 112p.
Palavras Chave
bioestimulantes, Glycine max; produtividade, sementes.
Arquivos
Área
Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)
Autores
ANA PAULA MORAIS MOURAO SIMONETTI, GUILHERME SARAN GARCIA