Dados do Trabalho


Título

PORTA-ENXERTO E DENSIDADE DE PLANTIO NA PRODUTIVIDADE INICIAL DE UVAS PARA VINHO DA VARIEDADE VERMENTINO

Introdução

No estado de Santa Catarina, as regiões tradicionalmente produtoras situam-se no Vale do Rio do Peixe e Vales da Goethe com predominância de produção de uvas comuns e hibridas, no entanto, novas regiões voltadas a produção de uvas finas vem surgindo nas regiões de elevada altitude do estado (CALIARI, 2018). A Variedade Vermentino demonstrou-se produtiva nas regiões de altitude elevada de Santa Catarina, sendo recomendada para produção de vinhos e espumantes (SOUZA et al., 2017; WÜRZ et al., 2017).
É característico das variedades viníferas, a grande influência das condições ambientais sobre as características fenológicas e produtivas, além disso, deve-se considerar a relação da variedade copa com o porta-enxerto, uma vez que esta pode influenciar o vigor das plantas e assim as características de produtividade e qualidade das uvas (BRIGHENTI et al., 2010).
Na introdução de novas variedades, o conhecimento das interações entre porta-enxerto e copa devem ser conhecidos para cada combinação, assim como as características agronômicas da cultivar copa são influenciadas pelo porta-enxerto, a interação entre elas e a região de produção pode sofrer variações, fazendo-se necessário trabalhos de pesquisa de forma a facilitar a escolha mais adequada para cada região.
Além disso a densidade de plantio deve ser ajustada de acordo com a combinação copa-porta-enxerto utilizada, uma vez que esta relação está ligada diretamente ao vigor das vinhas e influência a produtividade da área e qualidade das uvas, alterando a circulação de ar e radiação solar entre as plantas, e ainda, a ocorrência de competição intraespecífica no solo, por água e nutrientes, quando espaçamentos muito reduzidos (MARTINS; JÚNIOR, 1999).

Resumo

O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência de diferentes porta-enxertos e espaçamentos sobre as características produtivas de videiras da variedade Vermentino em região de altitude no estado de Santa Catarina. O experimento foi conduzido em um vinhedo localizado no município de Água Doce – SC. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados, em esquema fatorial 5 x 3 (cinco porta-enxertos e três espaçamentos). Os tratamentos estudados figuram a combinação de cinco porta-enxertos (101-14 Mgt, IAC 572, Paulsen 1103, Harmony e VR 043-43) com a variedade copa Vermentino e três espaçamentos entre plantas (1,0; 1,2 e 1,5m). Foram avaliados os parâmetros produtivos de número de cachos, peso médio do cacho, produção por planta e produtividade estimada nas safras 2018/19 e 2019/20. Os dados foram submetidos à análise de variância, e em caso de significância estatística à análise de médias pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade de erro. Na safra 2018/19 o porta-enxerto Paulsen 1103 apresentou os maiores resultados, independente do espaçamento utilizado, e o espaçamento de 1,0 metro entre plantas a maior produtividade estimada, independente do porta-enxerto utilizado. Na safra 2019/20 o porta-enxerto IAC 572 apresentou os menores índices de produtividade e o espaçamento de 1,0 metros entre plantas a maior produtividade, independente do porta-enxerto utilizado. Conclui-se que o porta-enxerto Paulsen 1103 contribui para a maior produtividade inicial das vinhas cultivadas com a variedade Vermentino e que o espaçamento de 1,0 metro entre plantas proporciona a maior produtividade do vinhedo.

Objetivos

Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência de diferentes porta-enxertos e espaçamentos sobre as características produtivas de videiras da variedade Vermentino em região de altitude no estado de Santa Catarina.

Material e Método

O experimento foi conduzido em um vinhedo instalado no ano de 2016, localizado no município de Água Doce – SC (1250 metros de altitude), na vinícola Villaggio Grando. As plantas foram conduzidas na forma de espaldeira com sistema de poda em duplo cordão esporonado, com espaçamento entre fileiras de 2,9 metros e entre plantas variando de acordo com o tratamento. O clima da região, segundo a classificação de Koeppen, é do tipo Cfb, mesotérmico, úmido, sem estação seca, com verão fresco (PESSENTI et al., 2019).
O delineamento utilizado foi de blocos casualizados, em esquema fatorial 5 x 3 (cinco porta-enxertos e três espaçamentos), com quatro repetições, sendo avaliado duas plantas por parcela. Os tratamentos estudados figuram a combinação de cinco porta-enxertos (101-14 Mgt, IAC 572, Paulsen 1103, Harmony e VR 043-43) com a variedade copa Vermentino e três espaçamentos entre plantas (1,0; 1,2 e 1,5m).
A avaliação dos parâmetros produtivos foram realizadas nas safras 2018/19 e 2019/20, com a mensuração do número de cachos, contado individualmente nas plantas marcadas e realizado a média por planta; o peso médio do cacho, obtido pela média da pesagem dos cachos colhidos por planta (Kg); a produção por planta, a partir da pesagem dos cachos no momento da colheita (kg); e a produtividade estimada por hectare, através da multiplicação da produção por planta pelo número de plantas por hectare (t.ha-1).
Os dados foram submetidos à análise de variância, e em caso de significância estatística à análise de médias pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade de erro.

Resultados e discussão

Os parâmetros produtivos da safra 2018/19 tiveram significância estatística apenas para os fatores isolados de tratamentos. Considerando o fator porta-enxerto, Paulsen 1103 se destacou dos demais em todas as variáveis respostas avaliadas. E em relação ao espaçamento, quando utilizado 1,0 metro entre plantas, o desempenho foi superior também em todas as variáveis respostas analisadas (Tabela 1).
Na safra 2019/20, novamente os parâmetros produtivos tiveram significância apenas para os fatores isolados de porta-enxerto e espaçamento, exceto para número de cachos que não apresentou significância estatística para amos os fatores (Tabela 2). Os porta-enxertos VR043-43 seguido por IAC 572 apresentaram as menores médias em produção por planta e produtividade. Em relação ao espaçamento, novamente quando utilizado 1,0 metro entre plantas os parâmetros produtivos foram maiores.
Embora a primeira safra de produção ter apresentado maior valores em todos os parâmetros, a segunda safra ainda teve bons índices de produção. Brighenti et al. (2014) encontrou para variedade Vermentino produzida em São Joaquim – SC com plantas de quarta safra valores médios de 11,9 cachos por planta e produtividade média de 5,58 t.ha-1. Würz et al. (2017), em plantas com 8 anos de idade na mesma região observou médias de 23 cachos por planta e produtividade entre15,4 t.ha-1.
O porta-enxerto Paulsen 1103 apresentou bons resultados iniciais nas duas safras avaliadas, é um porta enxerto vigoroso, que imprime maior desenvolvimento inicial a cv. Vermentino sobre ele enxertada (NARDELLO et al., 2019), o que pode estar relacionado ao bom desempenho observado, com médias próximas de produção as vinhas mais desenvolvidas, como comentado anteriormente.
Em relação aos espaçamentos utilizados, em ambas as safras o espaçamento de 1,0 metro entre plantas proporcionou bons rendimentos, tanto em produção por planta quanto em produtividade estimada. O controle do dossel vegetativo é importante pois o excesso de desenvolvimento vegetativo pode levar a um desequilíbrio entre parte aérea e raízes ou mesmo infertilidade de gemas causado pelo excesso de sombreamento (Dalbó & Feldberg, 2019).

Conclusões/Considerações Finais

Conclui-se que o porta-enxerto Paulsen 1103 contribui para a maior produtividade inicial das vinhas cultivadas com a variedade Vermentino.
O espaçamento de 1,0 metro entre plantas contribui para a maior produtividade do vinhedo.

Referências Bibliográficas

BRIGHENTI, A. F. et al. Desponte dos ramos da videira e seu efeito na qualidade dos frutos de “Merlot” sobre os porta-enxertos “Paulsen 1103” e “Couderc 3309”. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 32, n. 1, p. 019–026, 26 mar. 2010.
BRIGHENTI, A. F. et al. Desempenho vitícola de variedades autóctones italianas em condição de elevada altitude no Sul do Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 49, n. 6, p. 465–474, jun. 2014.
CALIARI, V. Uva e vinho. Florianópolis: Epagri/Cepa.111-116p. (Síntese Anual 2017-2018), 2018. v. 1
DALBÓ, M. A.; FELDBERG, N. P. Comportamento agronômico de porta-enxertos de videira com resistência ao declínio de plantas jovens nas condições do estado de Santa Catarina. Agropecuária Catarinense, v. 32, n. 2, p. 68–72, ago. 2019.
MARTINS, F. P.; JÚNIOR, M. J. P. Influência do espaçamento na produtividade da amora-preta, cv. Ébano, em Jundiaí. Bragantia, v. 58, n. 2, p. 317–321, 1999.
NARDELLO, I. C. et al. Competição de Porta-enxertos no desenvolvimento inicial de plandas de videira cv. Vermentino. XXI ENPOS. Anais...Pelotas: Encontro de Pós-Graduação da UFPel, 2019
PESSENTI, I. L.; AYUB, R. A.; BOTELHO, R. V. Defoliation, application of S-ABA and vegetal extracts on the quality of grape and wine Malbec cultivar. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 41, n. 3, p. 1–10, 2019.
SOUZA, A. L. K. DE et al. UVA. Avaliação de cultivares para o estado de Santa Catarina 2017-2018. [s.l.] EPAGRI, 2017.
WÜRZ, D. A. et al. Evaluation of Grapevines With Cultural Potential in High Altitude Regions of Santa Catarina State. Revista da Jornada da Pós-Graduação e Pesquisa - CONGREGA, p. 812–823, 2017.

Palavras Chave

Espaçamento entre plantas, Santa Catarina, Viticultura de altitude, Vitis vinifera

Arquivos

Área

Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)

Instituições

Epagri - Santa Catarina - Brasil

Autores

ANDRE LUIZ KULKAMP DE SOUZA, IZABEL CAMACHO NARDELLO, MARCELO BARBOSA MALGARIM