Dados do Trabalho
Título
VULVOVAGINITE EM PRE-PUBERE
Relato de Caso
A vulvovaginite é um processo inflamatório que habitualmente acomete a vulva e a vagina. De apresentação variável, manifesta-se frequentemente a partir de sintomas como corrimento vaginal, prurido, ardor, odor, dor, sangramento e disúria. Como na mulher adulta, a vulvovaginite é a afecção ginecológica mais comum na infância, sendo classificada em inespecífica e específica.
Nas crianças, a vulvovaginite é inespecífica em 70% dos casos, quando nenhum agente etiológico específico é identificado, apenas microorganismos saprófitas da vagina e relacionada à higiene precária. Em 30% dos casos é causada por agentes etiológicos específicos e, embora alguns agentes não sejam transmitidos sexualmente, quando presente deve-se considerar a possibilidade de abuso sexual.
Alguns fatores aumentam a susceptibilidade às vulvovaginites nas crianças como: proximidade da vulva com o reto, falta de gordura labial e pelos pubianos, pele vulvar fina e delicada, PH neutro a alcalino (6,5 – 7,5), sabonetes perfumados, bolhas de espuma e outros irritantes, obesidade, corpos estranhos, pobre higiene local e manipulação do corpo.
Em meninas com corrimento de odor fétido, purulento e às vezes com sangue, deve-se pensar na presença de corpos estranhos no canal vaginal. Geralmente relacionados à curiosidade natural e descoberta do corpo, os mais comuns são papel higiênico, algodão e brinquedos.
Menina de 6 anos, trazida à emergência ginecológica pela mãe, oriunda do ambulatório de pediatria, com queixa de secreção vaginal amarelada há 10 dias, de odor fétido e sem prurido. Refere uso de Flogo Rosa e banho de assento com permanganato de potássio sem melhora.
Realizado USG pélvico, que mostrou pequena imagem ecogênica, linear, no terço médio da vagina, de aspecto inespecífico. Assim, a criança foi submetida a exame especular, com especulo n. 0 por se tratar de hímen anular, para avaliação mais detalhada da cavidade vaginal, sendo observado pequeno grão de milho.
A presença de corpo estranho em ambiente vaginal favorece contaminação secundária, com proliferação bacteriana local seguida de corrimento. O diagnóstico deve ser suspeito em crianças com corrimentos fétidos persistentes e é realizado pela visualização direta através de vaginoscopia. O tratamento consiste na remoção do corpo estranho e, quando necessária, associação de antibioticoterapia tópica.
Área
Ginecologia e Obstetrícia
Autores
Marilin Lins de Sa Muller Sens, Jhonathan Alcides Elpo, Mariana Mariko Nakasono Molin, Alessandra Portella Martins, Margot Marrie Martins, Margel Pivetta Cantarelli, Eimi Nascimento Pacheco, Luciano Brasil Graziottin Rangel, Alberto Trapani Jr