Dados do Trabalho


Título do trabalho

PRODUÇAO DE PELE SUINA ACELULAR VISANDO A UTILIZAÇAO NA MEDICINA REGENERATIVA

Introdução

Técnicas aplicadas à cicatrização de lesões cutâneas têm sido desenvolvidas na área da medicina regenerativa como os enxertos endógenos [1] e hidrogéis provenientes de matriz extracelular de pele descelularizada [2,3]. A etapa prévia à produção desses biomateriais é o processo de descelularização, que consiste na remoção de componentes celulares e material genético de um órgão ou tecido, mantendo apenas o seu arcabouço de matriz extracelular [4]. Alguns protocolos de descelularização de pele ou derme já existem na literatura, com a utilização de soluções de tripsina, dispase II, EDTA e Tris [5,6] o que encarece o processo.

Objetivo

Em função disso, este trabalho objetiva desenvolver um protocolo de descelularização de pele suína utilizando somente detergentes iônicos e aniônicos, a fim de reduzir o custo do processo de descelularização desse tecido.

Metologia

Para isso, pele suína foi limpa para a retirada de musculatura e gordura e mantido somente a epiderme e derme. Em seguida, a pele foi cortada em pequenos pedaços e submergida em solução de dodecil sulfato de sódio (SDS) 1% em PBS por 6 - 7 dias, Triton X-100 por 2 dias, seguida de lavagem com PBS por 2 dias para a retirada do excesso das soluções descelularizantes. A seguir, a pele descelularizada foi imergida em isopropanol para a retirada de gordura residual e por fim lavada extensivamente com PBS. Para avaliar o processo de descelularização, o DNA residual das amostras descelularizadas foi extraído por extração salina e quantificado por espectrofotometria. Amostras nativas e descelularizadas foram também caracterizadas por microscopia eletrônica de varredura, por meio de criofratura, e por microscopia óptica, sendo as amostras emblocadas em parafina e coradas por por hematoxilina-eosina e Sirius red.

Resultados

A análise histológica da pele nativa demonstrou a histologia típica de pele, com células epiteliais e camada córnea na epiderme e fibroblastos na derme, enquanto o tecido descelularizado não apresentou núcleos e restos celulares nas camadas da pele, corroborando com a diminuição significativa da quantidade de DNA residual (p <0,0001) quando comparado ao nativo (21,8 ng/mg vs. 253,1 ng/mg).

Discussão

A análise ultraestrutural das amostras descelularizadas apresentaram ausência de células e presença somente de fibras colágenos, enquanto as amostras nativas apresentavam células. A manutenção da matriz extracelular foi também demonstrada pela coloração histoquímica de Sirius red, em que o colágeno se manteve nas amostras nativas e descelularizadas, presente principalmente na derme.

Conclusão

O protocolo aqui desenvolvido demonstrou ser eficaz na remoção significativa de material imunogênico (DNA) enquanto preserva a matriz extracelular, portanto, este material apresenta-se promissor para a produção de hidrogéis e enxertos de pele para utilização na medicina regenerativa.

Palavras-chave (de 3 a 10 palavras-chave)

Bioengenharia Tecidual, Descelularização, Matriz Extracelular, Medicina Regenerativa.

Área

Relato de caso / estudo de caso

Instituições

UFES - Espírito Santo - Brasil

Autores

LAYANA NASCIMENTO SILVA LISBOA, EZIO HENRIQUE DA SILVA GOMES, TADEU ÉRITON CALIMAN ZANARDO, BRENO VALENTIM NOGUEIRA