Dados do Trabalho


Título do trabalho

ANALISE DO DESFECHO MOTOR E FUNCIONAL A LONGO PRAZO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SUBMETIDOS A DIFERENTES PROGRAMAS DE REABILITAÇAO APOS CIRURGIA HEMISFERICA (HEMISFEROTOMIA) PARA TRATAMENTO DE EPILEPSIA REFRATARIA

Introdução

A epilepsia é o distúrbio neurológico infantil mais comum, sendo a administração de drogas antiepilépticas o principal tratamento. A epilepsia extratemporal é mais comum em crianças, sendo uma proporção considerável de casos hemisféricos. Para tais pacientes, quando farmacorresistentes, a cirurgia de desconexão hemisférica constitui uma das intervenções mais eficazes, porém, pode resultar em perdas motoras consideráveis. Embora a literatura aponte ganhos funcionais pós-cirúrgicos, não há descrição do acompanhamento a longo prazo.

Objetivo

O objetivo deste trabalho é investigar a capacidade funcional, e sua relação com a aderência à fisioterapia, em indivíduos acometidos por epilepsia hemisférica resistente a medicamentos que foram submetidos à cirurgia de hemisferotomia após, no mínimo, 10 anos.

Metologia

Foram selecionados pacientes que realizaram a hemisferotomia no HCFMRP-USP entre 1996 e 2013 e excluídos da amostra aqueles que vieram a óbito ou não foram encontrados. Para a avaliação motora foram utilizadas três escalas motoras: Gross Motor Function Classification System (GMFCS), Manual Ability Classification System (MACS) e The Functional Mobility Scale (FMS), além de questionário sobre aspectos clínicos. Após a coleta de dados, foram realizados os testes estatísticos correspondentes.

Resultados

Dos 24 pacientes contactados, 91% realizaram acompanhamento com Fisioterapia, numa média de 2,5 vezes na semana, destes, 87% relataram percepção de melhora. Com relação ao panorama físico, 45% melhoraram no GMFCS em relação à avaliação pré cirurgia, sem significância estatística. Quando avaliados na escala MACS, 62% obtiveram piora da função motora fina (P<0.05). Na escala FMS a maioria dos pacientes apresentava escore 6 antes da cirurgia, atingindo score 5 após a cirurgia (P>0.05), sendo que escores mais baixos se apresentam, principalmente, relacionados ao aumento da distância.

Discussão

A percepção positiva da fisioterapia foi predominante, porém, aqueles com percepção negativa o relacionam à falta de ganhos adicionais e não à piora do quadro. Para os pacientes, a melhoria da funcionalidade se deu, principalmente, pela diminuição das crises durante o dia e não diretamente aos ganhos funcionais. A perda da função motora de membros superiores (MMSS), foi o principal comprometimento. Aqueles que se mantiveram no mesmo escore pré-cirúrgico, podem ser interpretados positivamente pois o paciente não apresentou comprometimento da função. O declínio da função foi pequeno, mantendo a maioria dos pacientes independentes para Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD).

Conclusão

Como esperado, os pacientes apresentaram comprometimento motor igual ou pior que sua condição pré cirurgia. A melhora foi relacionada à diminuição das crises. Os pacientes relataram percepção positiva com ganhos funcionais associados à Fisioterapia.

Palavras-chave (de 3 a 10 palavras-chave)

Avaliação tardia, hemisferotomia, epilepsia, motricidade

Área

Estudo de coorte

Instituições

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

LETICIA BARROS DOS SANTOS, Ivaldo Jesus Almeida Belém-Filho, Marcelo Volpon Santos