Dados do Trabalho


Título do trabalho

DOR FEMOROPATELAR TRAUMATICA E ATRAUMATICA: COMPARAÇAO DE CARACTERISTICAS CLINICAS E BIOMECANICAS.

Introdução

Evidências apontam uma alta prevalência de dor femoropatelar (DFP) após lesões e/ou cirurgias no joelho (DFP traumática). Entretanto, a maior parte dos estudos nessa desordem são realizados em pessoas com DFP não associada a eventos traumáticos no joelho (DFP atraumática). Devido a isso, pouco se sabe sobre quais comprometimentos clínicos e biomecânicos podem estar presentes em pessoas com DFP traumática, e se estes comprometimentos são igualmente incapacitantes como os da DFP atraumática.

Objetivo

O objetivo desse estudo foi comparar variáveis clínicas e biomecânicas (e.g., cinemática, cinética e torque) do joelho durante a fase de aterrissagem de uma tarefa de salto horizontal entre pessoas com DFP traumática (DFPT), DFP atraumática (DFPA) e pessoas assintomáticas (GC). Nesse estudo, as variáveis clínicas e biomecânicas foram determinadas de acordo com o que tem sido investigado em pessoas com DFPA.

Metologia

Sessenta e sete pessoas foram incluídas (DFPT=19; DFPA=18; GC=30). Foram avaliados o nível de dor atual (Escala visual analógica), função subjetiva (Escala para dor anterior no joelho), nível de atividade física (questionário Baecke), pico de flexão de joelho (°) e do momento extensor de joelho (Nm/Kg) e torque isométrico máximo (Nm/Kg) dos extensores de joelho por meio de um dinamômetro isocinético. Modelos Lineares Generalizados foram usados para comparar as variáveis entre os grupos (p<,05).

Resultados

Os grupos DFPT e DFPA apresentaram menor função subjetiva comparados ao GC (Diferença média [DM]:-25,5a-12,0, p=<,01), sendo que foi ainda menor no grupo DFPT comparado ao DFPA (DM:-11,6, p<,01). O grupo DFPT apresentou menor momento extensor de joelho apenas comparado ao DFPA (DM:-1,0, p=,03). O grupo DFPA apresentou menor flexão de joelho apenas comparado ao GC (DM:-7,2, p=,04). Não foram observadas diferenças no nível de atividade física e torque dos extensores de joelho entre grupos.

Discussão

Apesar da indiferença nos níveis de dor e atividade física entre os grupos DFP, a percepção de incapacidade funcional foi maior naqueles com histórico de traumas no joelho. O menor momento extensor de joelho indica déficits neuromusculares que podem não ter sido perceptíveis na avaliação de força máxima por conta de constructos diferentes à avaliação do salto. Logo, é possível que este achado esteja relacionado a efeitos acumulativos dos traumas à dor no joelho (inibição muscular artrogênica).

Conclusão

De modo geral, pessoas com DFP traumática apresentam pior percepção de incapacidade funcional e maior comprometimento biomecânico comparado aqueles sem traumas no joelho. Esses achados sugerem um efeito acumulativo do trauma à dor, o que poderia levar a um pior quadro clínico. Dessa forma, é possível que pessoas com DFP traumática possam se beneficiar de avaliações e tratamentos direcionados à educação sobre sua condição clínica, e à melhora da função neuromuscular dos extensores de joelho.

Palavras-chave (de 3 a 10 palavras-chave)

Cinemática; cinética; dor anterior no joelho; torque; lesões traumáticas, lesões ligamentares

Área

Estudo transversal (ou seccional)

Instituições

Faculdade de Ciências e Tecnologia, Departamento de Fisioterapia, Universidade Estadual Paulista - São Paulo - Brasil

Autores

HELDER DOS SANTOS LOPES, MARINA CABRAL WAITEMAN, ANA FLAVIA BALOTARI BOTTA, RONALDO VALDIR BRIANI, FÁBIO MICOLIS DE AZEVEDO